Esfregando os próprios pulsos com seus cotovelos contra a mesa redonda do restaurante, Silvana esperou pacientemente pela chegada daquele que já tinha feito uma ligação horas antes. Seu pedido já tinha sido entregue, uma garrafa de champanhe e duas taças. Algumas vezes sua mão direita encarregou de levar a taça, enquanto o tempo passou diante de seus olhos.
A voz que jamais confundiria em meio a tantas, soou atrás de suas costas, dando motivo suficiente para que um sorriso de canto se erguesse em seu rosto pálido.
— Bebendo a essa hora da manhã?
Ela deu de ombros, voltando a dar mais um gole enquanto viu o homem se sentar à sua frente, do outro lado da mesa.
— Nunca é demais beber um pouco mais cedo que os outros.
— Ah, Silvana... só você mesmo — sacudiu a cabeça.
A mulher deu um sorriso convencido, enquanto o garçom tratou de atender o seu melhor amigo. Quando se foi, ela soltou os ombros, enquanto ele pegou em sua mão e a beijou.
— Eu senti muito a sua falta nos últimos dias.
— Nem foram muitos, assim.
— Para mim, foram infinitos!
Ela retirou sua mão, sem desviar os olhos dele.
— E então, o que eu posso fazer para ajudar a minha amada?
— Por favor, Ricardo — rosnou — Aqui corremos o risco de nos verem e ouvir. Portanto, aja da forma que tem que ser!
Ele acenou as mãos em frente ao rosto.
— Tudo bem... — suspirou.
— Estou com problemas — anunciou Silvana, antes que ele voltasse a falar.
— Problemas relacionados a dinheiro?
— Que pergunta mais idiota. Você sabe que eu nunca vou ter isso.
Ele deu um risada baixa, deixando sua mão direita sobre a mesa.
— O que é, então?
Silvana dobrou os braços por cima da mesa, inclinando o seu corpo para frente.
— Acontece, que na minha ausência, o meu noivo trouxe mendigos para viver na mansão.
Ricardo deu uma risada de escárnio.
— Está falando sério, ou está brincando com a minha cara?
— Quem me dera ser uma brincadeira.
O homem bebericou do copo que ele mesmo encheu em pouco tempo.
— Que noivinho mais surpreendente você foi arrumar em, Silvana.
— Mas ele não me surpreendeu em nada quando me contou, de alguma forma eu já estava bem ciente de que ele poderia fazer isso.
— Hmmmm, então... você até já teve ter gostado dos mortos de fome.
— Está fazendo uma blasfêmia contra mim, dizendo isso!
Ricardo apertou o espaço entre os seus olhos.
— Você é tão hilária — murmurou, a voz ainda afetada pelo humor — Mas então... o que tem essas pobretões?
Silvana inclinou o rosto para o lado.
— Além da própria pobreza? Bom... uma habilidade incrível de serem irreparáveis, e quão pertencem a rua!
— Mas o que esperar deles, não é mesmo? Eles não vão negar a si mesmos e de onde são, basta prestar atenção no que dizem e no como se portam.
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Simplesmente, Você | Livro II
RomanceSEGUNDO LIVRO DA TRIOLOGIA: SIMPLESMENTE, VOCÊ. Uma decisão que poderia mudar totalmente o rumo da sua história, apresentou-se no momento mais desesperador e necessitado em sua vida. Muitas coisas estavam em jogo, e até mesmo o afeto e amor não pud...