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Passando um pouco do gel em sua pele, Patrícia reparou bem em seus olhos, que estranhamente estavam vermelhos naquela manhã.

— Prima? — Silvana murmurou, entrando no quarto.

— Sim? — ela se virou ainda na cadeira — O que foi?

Seus olhos seguiram a mulher até que esta se sentou nos pés da cama, com os braços cruzados.

— Eu não queria te importunar agora, mas é que eu tenho algo que preciso falar com você.

— É sobre o seu casamento?

— Não, não... e olha que é bem estranho não falarmos muito por agora... mas vocês vem se dedicando tanto!

E realmente Patrícia, Vera, Rámon e Lúcia estavam empenhados para fazer aquele casamento acontecer. Todos estavam correndo contra o tempo, mandando e-mails, ligações, agendando possíveis vagas em hotéis que o casal. Mas claro, haviam pessoas que estavam disponíveis e estavam os auxiliando.

—... mas o que quer?

— Talvez você me dê as respostas que eu tanto preciso... priminha, o que você sabe sobre as crianças?

— As que estão na casa?

— Sim — fingiu uma voz doce. Segundo ela, era o melhor a se fazer naquele momento — A Sol, o Paulo, e o Bento.

— Pelo visto, você já sabe dos nomes deles.

— E tem como eu não saber? Eles estão aqui em nossa casa, isso é o básico que eu devo saber, tanto quanto vocês.

— É.

— Bom, Patrícia. Eu quero que você me diga sobre a história deles, pelo menos do pouco que você sabe.

Patrícia franziu o cenho.

— Mas por que você quer saber?

— Ah, porque... porque me interessa e eu ficaria muito interessada em saber mais sobre eles!

— Silvana...

— Não vai lhe custar nada!

— A melhor para contar, é a Mavi!

— Você diz isso como se não soubesse claramente do meu atrito com ela.

— Mas o que eu posso fazer? Vocês duas tem um gene muito forte — deu de ombros — Mas por que você não pergunta para o Adam, então?

— Aquele lá é outro que vai negar no primeiro instante — rolou os olhos — Qual mal tem, em? Eu só quero saber mais sobre elas. Quem sabe, assim eu tento olhar para eles com mais carinho, com todo amor que eles merecem da vida?

Patrícia, por um momento, passou a confiar nas intenções de Silvana. E quem sabe, pelo o que ela mesma disse, melhorasse sua forma de olhar aquelas pobres crianças e as demais que poderiam surgir no caminho...

Limpando suas mãos uma contra a outra, Adam sorriu ao ver Mavi descer aos poucos da grama do jardim. Seu rosto jovial, parecia carregar a sombra de uma tristeza que ele mesmo não pôde identificar naquele primeiro momento. Mas quando ela se aproximou, torcendo as mãos, sua preocupação aumentou.

— Está tudo bem, Mavi?

— É... está sim — seus olhos baixaram.

— Não parece nenhum pouco do que está me dizendo.

— Não é nada demais — deu de ombros.

— Você sabe que eu sou seu amigo, não sabe?

Ela assentiu.

Simplesmente, Você | Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora