21

39 3 1
                                    

Quando já era um pouco mais tarde, Sol e Paulo se reencontraram próximos a fonte com os potes de plástico quase cheios. A menina havia pegado uma boa quantidade de formigas e teias de aranha, com elas ainda vivas e tecendo. Já ele, havia conseguido encontrar escorpiões bem escondidos, um pouco de areia e cascas de ovos já quebrados mais ainda com restos.

— Até que não foi ruim — comentou Paulo.

— Eu já posso ir atrás de alguém e encontrar o quarto da Silvana?

— Não, não... calma! Eu ainda vou por mais coisas!

— Mas já está de noite!

— Dãã — apertou a testa da menina com o seu polegar — É a noite que aparece os melhores insetos!

— É... mas eu tenho medo de ser picada por alguma coisa!

— É — rolou os olhos — Eu esqueci que você é menina.

— E o que isso tem haver?

Paulo viu que a melhor opção não era achar encrenca com sua fiel aliada.

— Deixa que dos insetos eu cuido.

— O que eu posso fazer, então?

— Você vai atrás de alguma caixa que caiba esses potes.

Sol coçou a cabeça, olhando para os lados.

— Mas aonde eu posso achar?

— Ah, eu não sei! Talvez tem na lixeira ou no... — seus olhos saltaram — Vai no nosso quarto e pega uma das caixas que trouxemos pra cá com nossos brinquedos que são um pouco menores!

— Tá!

— Me espera aqui! E toma cuidado com o mordomo, ainda iremos precisar muito dele.

— Pode deixar!

Paulo se afastou, já pensando nos lugares que iria. E por sorte, ou ironia do destino, ele pôde encontrar besouros andando perto do portão da casa. Não só besouros, como libélulas próximas à fonte e mariposas. Ao encontrar um pequeno buraco no chão, onde o pouco da água que sempre caía ali estava afundando a terra, ele se agachou com expectativa do que sua mente poderia estar dizendo ser verdade.

Com as pontas dos dedos e com afinco, ajoelhado. Paulo arrancou da terra duas minhocas. Ele fez uma careta de nojo, que logo foi trocada por uma de riso. Fechando o pote, o deixando próximo ao pé, ele se inclinou na busca de mais alguma, porém, congelou ao escutar a voz de quem menos cogitou escutar tão cedo.

— Paulo? O que está fazendo aqui?

O menino engoliu em seco. Olhou por cima do ombro, escondendo com cuidado o pote do seu lado direito. Adam cruzou os braços em frente ao peito.

— E por que está segurando esse pote?

Paulo levantou aos poucos, forçando um sorriso.

— S-sabe o que é...?

— Não, não sei.

— Bom — suspirou, pensando na melhor desculpa — É que eu estou procurando se aqui tem algum tipo de... insetos. sabe?

— Mas para que você quer isso?

— Ah — deu um passo, desejando que Adam não desse tanta importância — É que eu queria ver se os insetos daqui são iguais aos da rua.

Adam balançou a cabeça, dando uma gargalhada. Ele levou a mão ao ombro esquerdo de Paulo, o trazendo consigo.

— Ah, menino... só você mesmo.

Simplesmente, Você | Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora