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Lentamente, o corpo de Mavi foi despertando e se adaptando ao ambiente. Sua respiração, antes ofegante, passou a ter controle por ela. Seus olhos cristalinos se abriram, deparando-se com o teto branco do quarto, logo vagaram pelo cômodo até que encontraram o corpo da mulher ao seu lado. Ao reconhecê-la, esforçou-se em dizer algo.

— Maria?

A mulher despertou, atónita. Mas logo, reconheceu que quem a tinha chamado era a jovem que velou o sono durante toda a madrugada, e metade da manhã.

— Mavi... querida, eu estou aqui!

Mavi estranhou prontamente escutar a voz de Maria. Ela chegou até mesmo piscar diversas vezes para ver se estava vivendo aquilo mesmo ou se era um sonho. Ela se inclinou, apoiando o peso de seu corpo sobre os cotovelos.

—.... você está falando Maria? Você está falando comigo?

— Sim, minha princesa — sorriu, levando suas mãos ao rosto da jovem — Eu estou falando... mas isso não importa tanto quanto você, e a sua saúde!

—... mas o que aconteceu comigo, então? Por que você está aqui e...

Seus lábios voltaram a se fechar quando as lembranças da noite passada vieram como fleches perante os seus olhos. Mavi estremeceu com todo o medo vivido, mas uma força vindo do seu inteiror não a deixou encolher por tudo o que acabou lutando.

—... meu Deus.

— Uma pessoa muito mal intencionada quis te fazer mal, Mavi — Maria contou, pegando em suas mãos — Mas Deus foi tão misericordioso que não permitiu que você sofresse mais do que está. Me contaram que um jovem chegou à tempo para te salvar dessa situação.

—... e-e aonde ele está, Maria? Eu preciso vê-lo. Talvez ele saiba ou já descobriram quem resolveu fazer esse mal contra mim!

— Eu não pude conhecê-lo mas, me parece que ele se chama Matías.

— Matías.

— Sim, e Patrícia tem o número dele. Se você quiser dar um telefonema você pode fazer isso. E eu também não duvido nada de que ele possa vir aqui te visitar, para saber como você amanheceu.

Mavi levou suas mãos para detrás do pescoço, lutando para entender tudo o que estava acontecendo ao seu redor. Em segundos, que mais pareceram anos para se passarem, a sombra do monstro que surgiu em seus sonhos apareceu para atormenta-la, e quase ao mesmo tempo Maria retornou e estava mais próximo dela como nunca.

— Maria.

— Sim, Mavi?

— Desde quando você está aqui?

A mulher suspirou.

— Desde o momento em que eu te vi desmaiada Mavi... minutos antes eu havia acabado de despertar do meu bloqueio, e não perdi tempo ao te ver tão indefesa nessa cama. Tudo o que eu quis naquele momento, foi estar ao seu lado, e te proteger... porque é isso que você merece, Mavi. Você merece proteção, carinho. E agora que eu estou de volta, você pode ter certeza que isso de mim não irá faltar — a assegurou — Eu vou te abrigar tanto quanto você me abrigou um dia.

Mavi não demorou um segundo para envolver os seus braços qo redor do corpo de Maria.

— Obrigada, Maria. Obrigada.

Tendo a jovem em seus braços, Maria não deixou de imaginar que ela poderia ser a sua filha perdida, mesmo que isso não tivesse nenhuma chance já que a própria Mavi lhe havia contado sobre os pais dela. E claro, ela não sabia o paradeiro de sua filha, a sua única filha. Maria passou a sussurrar a mesma cantiga que entoou para sua filha desde o ventre, ao nascimento, tendo como resultado os olhos de Mavi se fechando em meio as lágrimas que desceram silenciosamente sem que ela mesma percebesse.

Simplesmente, Você | Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora