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Depois de um café maravilhoso com as pessoas que aos poucos já estavam encantando seu coração, Mavi subiu mais um pouco pela grama. Ainda ficando próxima da moradia, sentando-se sobre a mesma. Esticou suas pernas e descansou sua cabeça para trás, pensando no quão era bom sentir o aroma agridoce do ambiente e vento parecia acariciar sua pele.

Seu entretenimento chegou a ser vislumbrado por Adam, que demorou um pouco de onde estava para se achegar à ela. Silenciosamente se pôs ao lado da jovem.

— Se quer me assustar, sinto muito estragar sua surpresa, mas não vai dar muito certo.

— E por que não?

— O seu cheiro, eu conheço de longe — piscou um de seus olhos, abrindo um largo sorriso para Adam.

— Fico lisonjeado por isso.

— Hmmmm — sentou-se.

— Eu pensei que você já estivesse se arrumando para receber os assistentes.

— Ah, ainda não. Eu não quero me arrumar cedo demais e começar o dia com ansiedade — ela riu por falar a última palavra e sentir ela escorregando sobre sua língua.

— Está certa, Mavi — assentiu.

— Mas e você? Não acha que poderia também estar todo engomadinho?

— Hmmmm, ainda não. Estou pensando bem mais no que poderei dizer — revelou — E eu espero que possa me sair bem com isso.

— Você vai conseguir numa boa, você é inteligente e não é tão burro feito eu.

— Mavi!

— O que foi?

— Nunca mais se chame dessa forma, está me entendendo?

— De burra?

— É!

— Ah, mas eu não vou mentir pra você e nem pra mim, né?

— Você é inteligente, sim!

— Não tanto quanto você — estalou a língua — Você teve boas oportunidades Adam, já eu? Coitada de mim.

Adam suspirou, estreitando seus olhos esverdeados contra o rosto de Mavi.

— Mas você gosta de aprender, Mavi?

— Aprender como... ler?

— Também.

— Ah, sim! Disso eu gosto pra caramba! Sempre quando aqueles letreiros enormes apareciam nos fundos dos carros e ônibus que eu vía passarem, eu corria pra poder ler quando dava!

— De verdade?

— Humrum! Eu sempre gostei de aprender. Mas por minha vida ser tão assim, eu nunca tive tanto tempo como eu queria para poder ler e escrever. Senão, ia ser sempre!

—... você iria as aulas, se pudesse?

— Tipo, aula de escola?

— Exatamente!

— Ai, eu iria — se levantou — E seu fosse de verdade, eu iria usar uma mochila bem bonita. Os melhores cadernos do ano, e soltaria sempre meus cabelos para me exibir — gesticulou — Mas com a pobreza que eu carrego, só penso mesmo.

Adam pensou um pouco ao olhar para Mavi.

— Se você quiser, eu posso pagar um professor para que te ensine bem mais e... quem sabe, você queira se formar em alguma profissão?

— Você tá falando sério? — caiu de joelhos ao lado dele — Você faria isso?

— Com certeza, Mavi. Você mostra interesse. E todo ser humano tem direito à educação.

Simplesmente, Você | Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora