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Adam nunca se sentiu tão cansado e com falta de energia, em horas que pareceram infinitas, e de fato foram já que ver o terno não foi a única coisa que fez — talvez, se estivesse em contínua oração, não se sentiria daquela forma. — Ramón aproveitou pela disponibilidade do rapaz, para verificar ao lado dele alguns detalhes para o casamento.

Tudo o que queria era tomar um banho, e descansar. Mas, ao retirar o casaco que vestia e deparar-se com Mavi encolhida no sofá, o ritmo desenfreado da sua pressa diminuiu ao vê-la tão imune. Os olhos que brilhavam tantas vezes em sua direção, estavam fechados e com certeza distantes para serem alcançados com pressa.

Maravilhado e tranquilo por vê-la ali, ele fez de seu casaco um cobertor para a jovem — e quase que literalmente, ele serviu como um. Adam dobrou seus joelhos ao lado de Mavi, levando seus dedos na direção da bochecha da jovem, onde, permaneceram numa carícia leve.

Quando ele menos pôde esperar, Mavi murmurou seu nome seguidas vezes.

— Mavi — sua mão saiu do rosto da jovem para alcançar o ombro da mesma — Oi...

Ela piscou algumas vezes. Umedeceu os lábios, e apertou bem os olhos antes destes se depararem com a figura daquele que tinha chamado inconscientemente.

— É você de verdade?

A risada baixa dele, foi a resposta que precisou.

— E como sabe que realmente sou eu?

Ela sorriu, dobrando seu braço direito por debaixo da sua cabeça.

— Só você sorri, e ri, dessa forma.

—... pelo visto, decorou até mesmo a forma que eu me comporto.

Ela deu um risada baixa.

— Mas é claro que eu vou me lembrar, vou decorar e nunca vou esquecer — levou a sua mão à de Adam — Você é especial demais para que eu esqueça tão rápido assim.

— Até da minha risada?

— Até das coisas mais bobas que você faz.

O momento abrigou o coração dos dois, sem medir tamanho algum, unindo os olhos dos mesmos. Tantas coisas poderiam serem ditas, confessadas. Tantas coisas poderiam ser impedidas, e o novo surgir. Mas o medo e a insegurança, conseguiram ser tão maiores quanto eles dois — isso, por estarem permitindo, e não reagindo.

— Eu fico muito feliz por ter você na minha vida. De verdade.

— E eu mais ainda, Adam. — confessou Mavi — Se não fosse a entrega das sopas, e o dia que eu te vi no trânsito... se Deus não quisesse, nós não iríamos nos encontrar.

— Ah... espera. Então quer dizer que você já tinha me visto antes?

— Sim! Eu te vi no dia que deu tudo certo... eu fiquei muito feliz em ver você.

— Sério?

— Sim... eu nunca tinha visto alguém como você, mesmo existindo tantas outras pessoas nesse mundão.

Adam olhou para baixo.

—... que bom — deu de ombros, ele não queria permitir que o sentimento dos dois voltassem com tanta força, que acabassem unindo mais do que poderiam suportar. — Eu também tinha te visto de longe, antes de te ver pessoalmente.

—... está falando sério? — a voz de Mavi já estava ficando afetada pelo sono.

— Sim. Eu tinha te visto nos fundos de um carro bem velhinho, acho que era uma caminhonete, no dia em você estava com os outros catadores.

Simplesmente, Você | Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora