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Saindo lentamente para fora do quarto, Mavi estava determinada em chegar até cozinha da mansão. Ao finalmente estar lá, hesitou ao se deparar com Patrícia sentada no banco próximo a bancada de mármore. Os olhos estavam distantes enquanto o copo que segurava em sua mão direita era girado algumas vezes.

— Patrícia — Mavi a chamou, aproximando-se dela.

— Ah — suspendeu suas sobrancelhas — Oi, Mavi...

— Tá tudo bem com você?

— É, eu estou sim... só é a minha falta de sono que não quer me deixar em paz.

Mavi se sentou do outro lado, estendendo seus braços.

— Tô tomando um pouco de leite e comendo esses biscoitos pra vê se vem alguma coisa... isso que dá dormir cedo demais — murmurou Patrícia, aos suspiros — Quer?

— Por mim tudo bem.

Patrícia assentiu, pegando mais um copo e o enchendo com leite.

— Pronto.

— Espero que isso possa me ajudar também — disse Mavi, ao receber o copo.

— Hmmm, aconteceu alguma coisa pro seu sono não vir?

— Sim, aconteceu — confirmou, bebericando o copo — E eu acho que toda a mansão conseguiu escutar.

Patrícia ficou com uma pulga atrás da orelha ao pensar no que poderia ser. Desde que caiu em um sono naquela noite, não levantou tão cedo, ela não não havia escutado nada.

— Mas o que aconteceu? Eu não escutei nada.

— Foi a sua prima — contou Mavi, inclinando seu corpo para frente — Ela quis achar briga com quem nem deveria abrir a boca pra reclamar alguma coisa.

A jovem a sua frente esticou os olhos, surpresa e sem ainda poder entender o real motivo. Mas antes que passasse a perguntar alguma coisa, Mavi tornou a falar.

— Ela acusou os meninos de alguma coisa que eu sequer tenho noção do que foi. Daí, ela veio achando que podia meter a mão em algum deles — gesticulou — Mas foi bem aí que ela errou! Porque ninguém rela a mão num fio de cabelo dos meus meninos!

— Vocês brigaram?

— Não, eu não parti pra cima dela porque eu deixei ela bem ciente de quem ela tava querendo ir pra cima. Mas se ela desviasse para um canto ou pro outro, pra pegar num fio de cabelo. Ah... nem a mão ela ia ter mais!

— Meu Deus, Mavi.

— Eu não estou exagerando nada, Patrícia. Você conhece bem a sua prima, e desde o momento em que eu a conheci na casa. Ela me trata como eu não fosse nada, eu e as crianças — deu de ombros — E é claro que eu vou devolver, não é de hoje que eu vou baixar a minha cabeça pra quem se acha melhor que os outros!

Patrícia engoliu em seco, envolvendo o copo entre suas mãos.

— É que comigo, Patrícia, comigo — apontou para si mesma com o dedo indicador — Ninguém toca em quem eu amo. Ninguém! — esclareceu — Principalmente as pessoas que eu gosto muito, e me tratam bem.... você faz parte delas.

— Está falando sério?

— Mas é claro! Quem for pra cima de você vai ganhar uns bons tapas!

— Ah, Mavi — uniu suas mãos — Você não existe.

— Eu existo sim, ó — respirou forte — Sou de carne e osso, mas também posso ter umas boas garras quando alguém vem pra cima de quem eu amo... você é especial Patrícia, você é uma amiga que eu passei a ter um carinho enorme.

Simplesmente, Você | Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora