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Dançando passos de uma música que ela mesma havia criado, Mavi passou para dentro da mansão. Ela girou espontaneamente ao ver que o mordomo não estava ali, tendo assim, liberdade. Ela estava tão embalada em sua própria mente que sequer notou a chegada de Adam.

Ao se deparar com ele ali, isso não fez a parar, ao envés disso, ela estendeu suas mãos e fez o seu amigo entrar num compasso que ela mesma havia inventado.

— Mavi... — ele a chamou, ainda sem entender e segurando.

— Deixa disso homem, se solta — cantarolou — É facinho, ó, repara bem — assobiou — Dois pra cá — foi para esquerda — Dois pra, lá — foi para a direita — Entendeu?

— Ah... ta.

— É sério, por favor. É só seguir o que eu te ensinei... Dois pra cá, dois pra lá!

Adam pigarreou, prendendo as pontas dos lábios com os dentes. Ele deixou toda a sua postura de lado para atender o pedido de Mavi, a seguindo. A "música", ela mesmo inventou enquanto introduziu "um, dois, três". O homem deixou ser bem conduzido por ela, esquecendo qualquer outra coisa que tirasse a magia do momento.

Sentir Mavi tão empolgada e focada na pequena dança, tocando em sua mão direita enquanto a sua estava sobre as costas da jovem, foram os motivos suficientes e necessários para que seu coração batesse fora do peito. Gargalhadas baixas saíram de seus lábios, misturando-se com as de Mavi. Depois de tantos pensamentos daquele dia, através de um embalo e dança, tudo o de ruim pareceu ser pequeno.

Na verdade, tudo o que era ruim tornava-se pequeno para ele quando podia estar ao lado de Mavi. Quando ela mesma, sem saber, se responsabilizava e conseguia afastar e até mesmo tirar as coisas ruins que lhe importunou até aquele momento.

Para fechar a dança com chave de ouro, e sem que a moça tivesse noção, ele ousou a girar com sua mão firme e assegurando de que Mavi não iria se machucar. Eles sorriram, os corações acelerados e a respiração um tanto irregular. Mas tudo ficou bem mais intenso quando os olhos pararam de se mover e as mentes tomarem consciência de que seus donos estavam tão perto um do outro como outra vez. A felicidade era palpável em seus rostos, além da hesitação, toda a paz parecia abraçar sem deixar espaço algum para que os dois pudessem respirar.

Mavi deu um pequeno sorriso ao poder ver a pupila de Adam tão dilatada quanto na noite em que ela confessou seu amor. Porém, como já imaginava e se afastou quando aconteceu, Adam pigarreou e olhou para baixo.

— Você é muito boa nisso.

Ela levou as mãos para trás, ao receber o elogio, querendo esconder seu rosto ao notar que estava vermelho quando ela deu conta que ele também sabia do que tinha acontecido segundos antes.

— Na dança?

— Sim — ele afirmou, dando um passo para trás e cruzando seus braços — Nunca pensou em ser uma professora de dança?

— Ah... eu?

— Sim.

— Ah... nãm — sacudiu a cabeça — Só faço uma dancinha por diversão, ou quando quero distrair minha mente mesmo.

— Hmmm... mas quem sabe, se você quiser ser uma professora de dança, você consiga ensinar os seus alunos como se mover bem?

— É — estalou a língua — Até que não é uma má ideia — inclinou sua cabeça para o lado — Você até que fez algo bonito no final. Mas eu percebi que precisa dar umas boas requebradas, em — acusou — Daqui a pouco você vai fazer uma dancinha e vai quebrar um osso.

— Está me chamando de velho?

— Hmmmm — inclinou-se na direção dele, com as pontas dos pés — Também.

Simplesmente, Você | Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora