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— Pediu para que me chamasse, Maria? — indagou Adam, ao abrir a porta do quarto.

Maria, sentada na poltrona do quarto, tirou seus olhos das mãos para encarar ao homem que tinha entrado.

— Sim, Adam. Eu pedi.

Como se estivesse pisando em uma terra perigosa, Adam se aproximou cautelosamente.

— Espero não ter atrapalhado em nada.

— Não, imagina. Você não me atrapalhou.

Quando se tratava do seu próprio casamento, para ele, não tinha tanta importância como devia ser.

— Mas então? Você está sentindo alguma coisa?

— Sim, estou.

— Meu Deus, você quer que eu...

— Mas não é relação a minha saúde — o tranquilizou, deixando seus cotovelos descansarem nos braços da poltrona — Por favor, Adam. Se sente.

Meio apreensivo, ele fez o que a mulher lhe havia pedido. O lugar escolhido, foi o pequeno banco aos pés da cama.

— Então?

— É sobre a Mavi, Adam.

Ele suspirou, já se preocupando com o que poderia ter acontecido com ela.

— Ela está sentindo alguma coisa?

— Não uma só coisa, como muitas — inclinou seu rosto — E está sendo muito afetada, pois todas elas envolvem você.

Só por aquelas palavras, Adam passou a compreender aonde
Maria queria chegar.

— Maria, eu...

— Eu já sei de tudo, Adam. Sei do sentimento de Mavi, pois ela mesma me confessou a poucas horas.

Adam olhou para o chão, buscando forças para manter-se.

— Ela já te disse, não é?

Ele assentiu como resposta.

— Olha. Eu posso até não ter o mesmo sangue que a Mavi. Não a criei ou sequer fiz parte da infância dela. Mas por simplesmente estar com ela, saber dela, quem ela é. O meu coração já se alegra e a ama como nunca — assegurou — E por amá-la, Adam. Eu me preocupo.

— Eu também me preocupo, Maria... muito.

— Será mesmo?

Ele a olhou de relance.

— Você sabe dos sentimentos da Mavi por você, e mesmo assim quer continuar ao lado da minha sobrinha.

— E você não está ao lado da Silvana?

— Eu deveria?

— Como tia, eu acho...

— Não. Eu não sei que Silvana tem algo obscuro dentro da própria alma.

E além do mais, Mavi tinha contado tudo o que suas lágrimas a motivaram. E Silvana, com todas as sua intenções e maldades, não escapou de sua denuncia e confissões.

Adam esfregou sua própria testa.

— E você sabe muito bem disso.

— E é por isso que eu tenho que me manter ao lado dela — justificou, ficando-se de pé — Para que mais ninguém se fira.

— Está me dizendo que carregar todo esse peso?

— O que for, Maria — deu de ombros — Eu estou bem ciente do amor de Mavi por mim. E esse amor, eu tenho que ao menos tentar proteger.

Simplesmente, Você | Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora