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Os dois assistentes, uma mulher baixa de cabelos negros e um homem alto usando óculos, estavam na mesa no centro do cômodo. Eles mantinham uma feição fechada sabendo perfeitamente que a dona da casa e seu irmão estavam lado a lado, os olhando fixamente. Mavi foi a próxima a fazer isso, seus dedos estavam tão bem unidos que mais pareciam ser um só.

- Bom dia, você deve ser a Mavi, não é mesmo?

- Sim.

- Muito prazer, sou Alexandra e este é o meu companheiro de trabalho Heitor.

- ... prazer em conhecer vocês. - murmurou, engolindo com força a bile que pareceu enfiar garras em sua garganta para subir.

- Por favor, Mavi - a mulher apontou para a cadeira a sua frente - Se sente.

A jovem puxou o assento, segurando a própria respiração, sentou-se bruscamente mostrando sua resistência à eles. Os colegas se entre-olharam, e então, passaram a fazer as mesmas perguntas feitas horas anteriores lembrando das respostas dadas pelos três outros presentes. Mavi não negou nenhuma, mesmo que sua mente estivesse distante demais e ela estivesse forçando a si mesma para prestar atenção.

- Iremos te fazer algumas perguntas que são as bases para o futuro que essas crianças irão tomar, está bem?

-... está.

- Desde quando você os conhece, Mavi?

Ela limpou a garganta, assentiu e então iniciou. Sentada do outro lado do cômodo, com a mão em seu peito, Vera ficou extremamente entristecida ao saber da verdadeiro história de cada uma daquelas pobres crianças que ganharam seu coração. Ela pesou sua cabeça contra o ombro de Ramón, prendendo a própria respiração com a fatalidade dos fatos, do quanto ruim o ser humano pode ser e afetar o outro. Mas uma criança, uma criança, isso não há justificava nenhuma.

- E quanto à senhorita? Como foi encontrada por Genésio, já que segundo o seu depoimento, você foi a primeira garota que ele abrigou?

Mavi encolheu os ombros completamente apreensiva, mas ao sentir a mão de Adam contra eles, ganhou força para dizer.

- Eu - engoliu em seco - Eu era uma bebê muito pequena quando Genésio me encontrou.

Vera estreitou os olhos na direção de Mavi.

- Então quer dizer, que não foi encontrada como as outras crianças? Já um pouco maior?

- Exatamente, senhora Alexandra. Graças a Deus, Genésio me encontrou a tempo e salvou a minha vida... eu não sequer tenho ideia do que mal eu fiz para os meus pais me abandonarem em uma estrada perdida e totalmente afastada do mundo - suspirou -... eu juro que eu daria de tudo para tentar entender isso.

- Nós sentimos muito... mas, voltando ao que realmente importa. Você os conhece até esse momento, não é?

- Sim, sim... e os amo com toda a minha alma!

- Quem ama sabe o que é melhor para o outro, não acha?

- E quem odeia, se veste de outra forma para atingir a sua vítima, nem que tenha que usar o amor como pretexto - complementou Heitor.

Mesmo não sendo dito para ele, Adam acabou pegando aquilo para si.

- Você deveria ter levado eles para um orfanato onde eles iriam ser muito bem abrigados, Mavi. Eles não iriam passar fome, nem nada semelhante à isso.

- Disso eu sei que eles teriam, mas... - respondeu, já cansada de querer erguer qualquer máscara -... vocês sabem muito bem como um é um orfanato.

- Sabemos e temos consciência que essa escolha teria sido bem melhor para os meninos do que viver na rua.

Simplesmente, Você | Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora