Ramón e Adam ainda discutiam sobre as crianças quando Vera apareceu, seu rosto estava apreensivo enquanto as mãos apertavam com força o álbum. Adam foi o primeiro notar o comportamento diferente da mulher.
— Vera — a chamou.
Ela demorou um pouco para responder, pois deu alguns passos e os olhou.
— Sim?
— Aconteceu alguma coisa?
Por saber claramente quem era Adam na vida da jovem, ela fez um pedido.
— Sim, mas não foi comigo... Adam, por favor, faça companhia para Mavi.
— Aconteceu alguma coisa com ela? — ergueu-se.
— Não exatamente mas, é necessário que você converse com ela. E a faça entender, que todo esse ódio que ela vem alimentando e guardando dentro de si. Não a levará a nada se não mais ao caminho da amargura.
Não foi necessário que Vera dissesse mais alguma coisa para o homem compreender do que se tratava. Mavi era uma menina transparente e ele já a conhecia bem. Pediu licença aos dois irmão na sala, e com pressa andou para fora.
— Posso saber do que a jovem tem? — questionou Ramón, ao ver sua irmã se sentar em um dos sofás e deixar o que tinha em mãos ao lado da coxa.
— A Mavi vem guardando muito rancor dos pais. Ela ainda tenta entender do porque dos pais terem a deixado no meio do nada.
—... nossa.
— Eu queria poder ajudá-la, poder fazer com que não carregasse tanto ódio dos pais.
— Desejar isso é a mesma coisa de desejar algo que é um tanto impossível, minha irmã — aconselhou.
— Por que?
— Vera, Mavi foi criada numa situação muito diferente do que muitas outras pessoas. Pelo o que ela com certeza passou, e viveu. A mente dela tem maior probabilidade de guardar rancor do que esquecê-lo. É como um poço de remorso aberto dentro do peito.
— Mesmo que você diga isso, eu sinto que Mavi é uma jovem diferente. Há doçura e inocência quando ela diz as coisas... eu não consigo a enxergar dessa forma tão ruim.
— Pois é, mas isso com certeza você tem imaginado pois está querendo a colocar no lugar da nossa sobrinha desaparecida.
— Ramón...
— Eu estou falando a verdade, ou não?
— Não está! Mavi é uma menina que eu venho considerando como uma filha, já a minha sobrinha eu não posso colocar uma outra pessoa em seu lugar. E eu sinceramente não entendo do porque que você está me acusando dessa forma.
— Mas é tão óbvio — a fitou — Eu lembro perfeitamente dos meses da nossa sobrinha, e comparando a idade com a de Mavi, elas batem. Deve ser por isso que você vem se apegando tanto à ela.
— E como você tem tanta certeza de que elas nasceram na mesma época?
— Esqueceu que eu era mestre em matemática?
Vera rolou os olhos com a lembrança de quanto Ramón se gabava na época em que era estudante. Os dois foram interrompidos pela chegada do mordomo, carregando o telefone em uma de suas mãos.
— Dona Vera.
— Sim, Alberto?
— Telefonema para a senhora — entregou o aparelho para ela.
— Que estranho, eu não estou esperando ninguém... E quem é?
— É da diretoria da clínica em que a senhora Maria está — bastou que anunciasse para que a tensão entrasse e se espalhasse pelo ar da sala.
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Simplesmente, Você | Livro II
RomanceSEGUNDO LIVRO DA TRIOLOGIA: SIMPLESMENTE, VOCÊ. Uma decisão que poderia mudar totalmente o rumo da sua história, apresentou-se no momento mais desesperador e necessitado em sua vida. Muitas coisas estavam em jogo, e até mesmo o afeto e amor não pud...