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Mavi e Patrícia se seguraram uma na outra para conseguir chegar ao portão. E Mavi, apenas se deu conta de que já era bem tarde quando suas costas se aqueceram.

— Ai, minha nossa.. Chegamos tarde, Patrícia!

— Ta, tá.. shiiu — pôs os dedos nos lábios, retirando os saltos com os calcanhares — Depois você reclama. Temos que subir, logo.

— Mas será que o porteiro não já acordou? — indagou, vendo sua amiga se aproximar do portão — Eu não duvido nada de que ele vai acabar dando com a língua nos dentes se nos ver.

— Ah, ele não vai mesmo! Antes, a gente corta — piscou.

Elas deram risadas baixas.

— Mas me ajuda, pra eu te ajudar!

— Tá, tá.

Mavi deixou a bolsa de Patrícia, que até aquele momento estava presa em seu ombro. Com esforço, fez a sua amiga parar do outro lado do muro. Quando foi a sua vez, onde seus joelhos chegaram a bambear um pouco por conta do peso, soltou um suspiro longo. Patrícia a puxou pelo pulso, sem se preocupar se ela precisava ou não tirar um bom fôlego.

Cautelosamente, as duas se alinharam uma atrás da outra para abrir a porta e verificar se não havia mais ninguém do outro lado.

— Uffa — sussurrou Mavi, levando sua mão ao peito.

Talvez fosse por estarem acomodadas aonde sabiam perfeitamente que estavam seguras, que a visão das duas tremeram e os pés voltaram um pouco para trás. No fim, os olhos claros se encontraram e risadas baixas saíram de suas gargantas mais uma vez. Então, tiveram a ideia de subirem uma segurando na outra como minutos antes, enquanto a responsável prendeu a mão no corrimão. Ao chegarem no topo, suspiraram de alívio.

Patrícia seguiu mais a frente, por estar mais "sóbria" e consciente de que quase ninguém as veria. Mavi a seguiu mais atrás, porém, seus passos pararam ao avistar o homem que se martirizou tanto na noite anterior, deitado sobre o sofá, com as almofadas amontoadas atrás de sua cabeça.

—... até dormindo ele é lindo, minha nossa — sussurrou.

Pela veracidade na voz de sua amiga, Mavi apressou seus passos ao ser chamada. Patrícia a puxo para dentro do cômodo.

— O que você tem, Patrícia?

Antes que ela respondesse, a voz de sua mãe surgiu na porta. Mavi chicoteou o ar com os dedos, enquanto seus dentes trincaram.

— Patrícia? É você quem entrou no quarto?

Patrícia engoliu em seco.

— Ah, mamãe. Fui eu sim — respondeu.

— Até que em fim! Todos nós ficamos preocupados!

— Sério?

— Como não seria? E a Mavi, ela está com você?

— Está sim.

Mavi bateu levemente o pé no chão, mostrando a sua desaprovação pela confissão de Patrícia. Já ela, deu de ombros, como " o que poderia dizer?."

— Eu posso entrar? — indagou Vera.

Os olhos de Mavi quase pularam para fora.

— Não precisa, mamãe — respondeu Patrícia.

— Eu quero ver se vocês realmente estão bem!

— Mas nós estamos bem. Aliás, estamos bem cansadas!

Patrícia visualizou perfeitamente Vera cruzando os braços.

— E eu posso saber aonde vocês foram?

Simplesmente, Você | Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora