Prólogo

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— Brunna, você prometeu para mim, que não iria ir embora. — Ludmilla falou em meio as lágrimas, para a morena a sua frente, que lhe olhava com certa mágoa.

— É o meu futuro, Lud... Tenta me entender. Se fosse você no meu lugar, eu iria te apoiar com todas as minhas forças. — respondeu segurando o choro, que estava preso em sua garganta.

— Você não precisa dessa faculdade pra ter um futuro, eu tô cantando e vai dar tudo certo. Eu vou ter muitos shows, a gente vai rodar esse Brasil todo. Vou te dar tudo que você quiser. — a cantora argumentou desesperada.

— Você não entende. É o meu sonho. Eu quero ser alguém legal, por mérito meu. Sei que sua carreira vai ser ótima, você vai ser uma cantora de sucesso e realizar todos os seus sonhos, mas eu quero realizar o meu. E essa é a oportunidade perfeita. — Brunna disse triste.

— Então você prefere terminar o nosso relacionamento por causa dessa bosta de faculdade? — Ludmilla questionou com raiva.

— Não estou terminando com você. Só estou te dizendo que na próxima semana estarei indo pra Inglaterra. — abaixou o olhar — Não sei como vai ser te deixar sozinha pro aqui.

— Sua mãe estava certa quando disse que esse nosso caso não iria chegar em lugar algum. Eu passei todos esses meses cuidado do nosso amor, pra você me dizer isso. — suspirou.

— Não diz isso... Esses sete meses a gente se amou muito, fomos muito felizes e tenho certeza que iremos ser... Em breve. — falou a última parte em um tom baixo.

— Em breve? Eu nem sei se você vai voltar... Lá vai estar cheio de homens e mulheres bonitas. — resmungou — Você vai amar uma outra pessoa e ser feliz.

— Você acha que eu também não sei que você vai encontrar pessoas melhores do que eu? Para de pensar só em você. Está me machucando muito. — deixou uma única lagrima descer em seu rosto.

— Pensando só em mim? Eu estou destruída, Brunna. Eu te amo com a minha vida, e agora não tenho mais você. — sentiu seu corpo pesar e se encostou na parede da faixada de sua casa.

— Você vai me ter, pra sempre. — a morena suspirou e tentou ter força pelas duas — Não sei como vai ser nosso futuro, mas parte de mim sempre será sua. Eu poderei conhecer vários outros homens e mulheres. Porém não serão você.

— Porque você está indo? Fica aqui comigo, Bru. — Ludmilla pediu com a voz falha — Eu prometo que vou te dar um futuro bom.

— Não duvido disso. Mas não posso viver os seus sonhos e deixar os meus de lado. Sinto muito por estar estragando seus planos. — se afastou da cantora que permanecia imóvel — Talvez daqui sete anos eu volto e toda essa sua raiva vai passar.

— Eu não estou com raiva. Eu só não entendo o motivo de você estar fazendo isso. — disse triste — Mas não tenho como te impedir. Vai viver o seu sonho e esquece a gente.

— Não tem como esquecer tudo que fomos, Ludmilla. — passou as mãos em seus cabelos lisos — Vai doer muito, mas vai passar. Mesmo que demore, um, dois, ou três anos, mas vai passar.

— Só se for em você. Porque hoje parte de mim está morrendo. — Ludmilla secou as lágrimas — E é a melhor parte. — aprumou o corpo — Quando você voltar, e se voltar, não me procure. Vou fazer questão de te esquecer e encontrar outra pessoa que queira tudo isso que você está jogando fora.

— Acabou? — Brunna perguntou um tanto quanto envergonhada, ao ver a mãe da sua ex namorada passar por elas.

— Acabou, Brunna. Pode ir, não fique com a sua consciência pesada. — a morena deu de ombros — Seja feliz com os seus sonhos.

— Te digo a mesma coisa, meu amor. — foi a última coisa que a futura médica, disse antes de caminhar pela rua da casa humilde do seu amor.

Ela fez o caminho até sua casa andando, mesmo sabendo que poderia ter ligado para o seu pai, pedindo para ele a buscar. Mas ir sozinha, ajudaria ela a pensar em tudo que tinha acontecido nessa última semana. Ao chegar na zona sul, especificadamente em São Conrado, seu rosto já estava todo molhado pelas lágrimas que caíram no trajeto. Ela ao menos deu boa noite para o porteiro do prédio, apenas apertou o botão do elevador, que a levaria até o andar do seu grande apartamento, que dividia com a mãe, pai e o irmão gêmeo.

Do outro lado, na baixada Fluminense, em Duque de Caxias, Silvana a mãe da Ludmilla, e nas horas vagas cabeleireira, tentava consolar a filha que está inconformada com o término precoce do namoro que surtou apenas sete meses. Com muita dificuldade, depois de longos minutos, as lágrimas se cessaram no rosto da morena, mas ainda assim ela não entendia o exato motivo da sua amada estar indo para um novo país, apenas por uma faculdade.

A noite foi longa para ambas, mas para Brunna foi ainda pior, pois no dia seguinte ela precisara pegar um voo em direção a sua nova casa. Todas as suas malas já estavam prontas e quando o relógio marcou seis horas da manhã, ela e sua família estavam a caminho do aeroporto internacional do Rio de Janeiro. Frustada, ela esperava que sua ex estivesse ali, pedindo perdão por tudo o que a disse no dia anterior, mas no fim das contas foi apenas ela e sua pequena família. Foi muito doloroso, para Mirian, sua mãe, foi um fim do mundo, enquanto Jorge, seu pai, estava muito orgulhoso da filha e Brunno, o gêmeo, comemorava não ter mais a presença da sua irmã, mas no fundo ele sentiria muita saudade da sua metade.

Ludmilla encarou as horas no seu celular e o coração se apertou, sabendo que nesse exato momento, a mulher, ou menina, de ainda 19 anos, estava saindo do país, sem saber qual seria a próxima vez que a veria. Em um súbito momento de raiva, a cantora fez questão de bloquear a futura médica, de todas suas redes sociais, deixando extinto qualquer tipo de contato entre elas, achando que essa seria a melhor opção para que ela superasse esse amor mal curado.

E foram anos tentando superar o insuperável.

Maliciosa (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora