Maratona 5/7
Pov' Brunna
A minha Segunda-feira não teria como ter sido melhor. Vivi mil e uma sensações ao lado da Lud. Voltei para São Conrado feliz, radiante e muito orgulhosa da minha boa escolha das alianças. Mas tudo que é bom dura pouco.
Tudo que é bom dura pouco.
Assim que coloquei o pé dentro do apartamento, as três horas da manhã, recebi uma ligação do hospital, dizendo que um dos meus pacientes tinham ido a óbito e que eles precisavam de mim lá, para assinar a certidão de óbito e passar a informação para a família.
Não cheguei nem a trocar de roupa, apenas subi na moto e me direcionei até o hospital para fazer o que me foi pedido e estou aqui até agora - nove horas da manhã - resolvendo mil e uma coisas da administração e atendendo um e outro paciente entre o meu intervalo.
Acabei de pegar um café, na máquina de café, no corredor do hospital e voltei para a minha sala. Me sentei na cadeira giratória e abri o notebook a minha frente, para ver um dos códigos de um medicamento que é fornecido pelo hospital. Quando eu iria anotar em um papel, escutei meu celular vibrar e virei a tela em minha direção, vendo que era uma notificação do Instagram.
Abri o aplicativo e entrei na conversa da pessoa que eu nunca havia conversado antes, mas parecia me conhecer o suficiente para saber o que eu estava fazendo na tarde do dia anterior e queria usar isso contra mim.
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📲 @noticiasbr: Como foi passar a folga na praia, com a sua namorada?
📲@noticiasbr: Quando irão se assumir?
📲@noticiasbr: Ou eu irei ter que fazer isso por vocês duas?
📲@noticiasbr: vou dar uma semana para que o namoro de vocês venha a tona. Caso contrário...
📲@noticiasbr: Eu tenho muito mais provas do que essa foto...
📲@noticiasbr: Até semana que vem, doutora Brunna Gonçalves.📱
Senti uma dor forte no estômago e tudo que eu havia comido querer sair. Corri até o banheiro e vomitei rosa a comida. Meu coração estava acelerado e minha mãos frias, geladas. Em meu rosto, uma gota de suor escorrida lentamente.
Voltei pra minha sala com muita dificuldade, pois minha visão começou a ficar escura e um forte arrependimento de ter aberto a minha conta do Instagram começou a rodar a minha cabeça. Desliguei meu celular e deixei de volta sobre a mesa.
- Doutora Brunna? - escutei algumas batidas na porta e levantei meu olhar embaçado, por causa das lágrimas, em direção a porta - Está tudo bem? - Maria, a enfermeira, questionou com preocupação - Vi a senhora passar correndo pelo corredor.
- Foi um mal estar. - senti um dor no peito - Eu preciso ir embora. - me levantei de uma só vez e procurei, de forma aleatória, pelas minhas coisas.
- Doutora, calma. - a mulher de meia idade adentrou a minha sala - Você está precisando de ajuda? Eu posso chamar o doutor Douglas, que está de plantão e...
- Não, está tudo bem. - a interrompi - Eu só preciso que você peça um Uber para mim, não vou conseguir chegar de moto em casa. - pedi.
Enquanto a enfermeira fazia o que foi pedido, eu tentava juntar todas as minhas coisas, mas as minhas mãos trêmulas e fracas pareciam não querer me ajudar. Maldita crise de ansiedade. Senti um nó se formar em minha garganta, quando escutei novamente meu celular tocar e o empurrei para longe de mim, com medo de ser uma nova mensagem.
- Já está chegando. - ela disse em um tom calmo - Posso fazer mais alguma coisa pra te ajudar?
- Desligar. - apontei para o aparelho - Desliga pra mim.
Eu sabia que minha tela de bloqueio era aquela última foto tirada com a Ludmilla e ela falar a verdade, tudo já estava uma merda suficiente para que eu me importasse com isso agora. E a Maria também pareceu não se importar, já que só desligou o celular e apontou o aparelho em minha direção. Guardei tudo dentro da mochila e desliguei o notebook.
- Brunna, chegou uma emergência com uma criança que quebrou o braço e eu gostaria de saber se pode me ajudar. - escutei Douglas perguntar aflito na porta e isso só me deixou pior, e as lágrimas pesadas escaparam dos meus olhos - O que aconteceu? Está tudo bem, Brunna?
- É só um mal estar. - Maria tomou a inciativa de falar - Ela está indo embora. Peça ao outro médico para que te ajude na ocorrência.
Em um certo momento eu deixei de escutar tudo o que estavam falando apenas escutei um "o Uber chegou." Andei a passos largos até a portaria do hospital e adentrei o único carro de aplicativo que estava por ali. E nem verifiquei se era o correto.
Cheguei em casa em vinte cinco minutos e paguei o homem com uma nota de cinquenta reais e disse que não precisava do troco. Subi para o meu andar o mais rápido possível e não cumprimentei meus pais que estavam na sala, vendo um jogo de futebol.
Corri para o meu quarto e tranquei a porta, para que não ultrapassarem o meu espaço pessoal. Desabei em um choro pesado quando me joguei na cama. Um soluço escapou dos meus lábios e eu só tinha vontade de me afundar em um buraco e não voltar nunca mais.
O maior problema não era para mim, e sim para Ludmilla. Durante a nossa última conversa, ela havia deixado muito claro que o seu plano por agora não era assumir o nosso relacionamento, porque primeiro ela precisava vim a público e falar sobre sua sexualidade, sem assustar os fãs. E agora de repente eu recebo uma ameaça, me dando exatamente uma semana para assumir.
7 dias para que o nosso namoro fosse contado por nós e não por um site de fofoca que possui provas o suficiente para que todos acreditem na verdade. Senti um desconforto nas costas e me levantei para respirar com mais tranquilidade, mas foi em vão, já que minhas narinas pareciam ter bloqueado todo o ar que estava por perto.
Depois de conseguir controlar a minha crise de choro, já se passavam das onze horas da noite. E só então eu consegui ir até o banheiro e tomar um longo banho de água gelada. Vesti um pijama qualquer que estava na gaveta do guarda-roupa e me deitei debaixo das cobertas.
Pensei que tudo estava ficando melhor, mas recebi uma mensagem da Ludmilla, que fez a minha crise de choro ficar ainda pior. Não pelo conteúdo da mensagem, mas sim por lembrar que eu poderia arruinar sua carreira.
Uma carreira que ela lutou muito para conseguir.
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Maliciosa (Brumilla)
FanficLudmilla, uma cantora e compositora brasileira, dona de diversos hits, desde funk até o pagode, conhece o amor da sua vida, Brunna Gonçalves, em uma roda de Samba em Duque de Caxias, os compromissos diários acaba separando as duas, e só o tempo e a...