Tóxica e Egoísta

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Pov' Brunna

- Eu sou um pessoa tóxica, Brunna? - ela perguntou indignada - É sério, eu quero que você me responda a verdade.

- Nos últimos dias você estava sendo. - falei a verdade - Olha só as suas últimas falas. Se lembra do motivo que eu fui embora daqui naquele dia. Além de ser tóxica, isso é ser extremamente egoísta.

- Você também foi egoísta a dez anos atrás, quando foi embora e me deixou aqui. - falou me olhando.

- Para de falar do nosso passado, Ludmilla. - pedi gritando - Ele não vai voltar. Eu não posso voltar dez anos da minha vida e negar minha faculdade em Londres e ficar aqui com você. Então para, por favor.

- Então para de dizer coisas horríveis sobre mim. - pediu - Olha só, você acabou de me chamar de tóxica e egoísta. Eu fiz de tudo por você.

- Então porque não me pediu pra ficar? - questionei - Porque não levantou daquela cama aquele dia e me abraçou? Porque não pediu desculpas pela sua fala idiota e disse que me amava?

- Porque você também estava errada.

- Eu estava errada? O que eu disse de errado? - perguntei - Eu só pedi pra você me entender e ser um pouco mais recíproca. Isso não é um erro. A verdade é que isso nem deveria ser cobrado.

- Pois é, eu não te cobrei atenção. - falou irônica.

- Você está me dizendo a mesma coisa que seu irmão me disse aquele dia. - falei séria - Sério, Ludmilla, já que eu não sou o suficiente pra você e nem te dou atenção, vai lá, procura outra pessoa. Encontra em outra pessoa o que eu nunca consegui ser pra você.

Eu já estava cheia com essa conversa que não chegaria em lugar nenhum. Terminei de pegar tudo meu e coloquei dentro de uma bolsa, que não cabia a metade de nada, mas talvez pela ajuda do universo, coube tudo e um pouco mais.

Passei por ela sem dizer nenhuma palavra. Não queria ter a infelicidade de encontrar seus amigos e seus irmãos, então desci pela escada da sacada, chegando já na garagem. Eu mesma abri e fechei o portão. Subi na moto e dei partida para casa.

Como o prometido para a minha mãe, cheguei quando o almoço estava servido, mas eu não estava com fome. Apenas subi para o meu quarto e me joguei na cama, sentindo todo o peso daquela discussão vir sobre mim. Ela não tem noção do quanto me machuca.

Ter feito uma faculdade que todos sonham em fazer, conseguido um passaporte, vivido uma cultura diferente, conhecido pessoas novas, é motivo de uma culpa? Porque se for e antes eu não entendia isso, Ludmilla está me ensinando aos poucos.

- Não vai almoçar? - escutei meu gêmeo perguntar e neguei com a cabeça, sem o olhar, pois meus olhos estavam vermelhos, não pelo choro, mas sim pela enorme vontade de derramar as lágrimas - Você tem certeza? Tem batata frita.

- Não estou com fome, obrigada. - agradeci com a voz falha.

- Você é médica, sabe que ficar sem comer faz mal. - ele disse divertido.

- Eu tomei café da manhã. Não vai me fazer mal pular uma refeição. - respondi - Se eu tiver vontade, mais tarde como algo.

- Tudo bem. - ele fez uma pausa antes de continuar - Você quer conversar? Ou não sei, precisa de um abraço?

- Está tudo bem, Brunno! - olhei para ele - Se eu precisar, te procuro no seu quarto, tá bom?

- Tá bom, fofinha. - falou antes deixar o meu quarto.

Brunno e eu sempre implicamos um com o outro, mas é notório o nosso cuidado quando estamos tristes, seja ele ou seja eu. Coisas de irmão, não é mesmo? Depois que ele saiu do quarto, me ajeitei na cama e consegui cochilar um pouco. Acordei próximo das oito horas da noite, com uma ligação insistente do Lorenzo.

Maliciosa (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora