Esperança

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Pov' Brunna

Cheguei na academia às nove e meia. Fiz os exercícios que precisava e quando saí de lá, o relógio marcava uma hora da tarde. Como eu estava andando, passei no restaurante mais próximo e fiz o almoço, antes de voltar pra casa. O sol está quente, típico do Rio de Janeiro, e o suor escorreu em meu rosto, até eu chegar em casa. Quando cheguei no meu prédio, acenei para o porteiro e subi até o apartamento, indo direto para o meu quarto e tomando um banho gelado e demorado. Vesti um simples vestido de alça fina, na cor vermelha e prendi meu cabelo em um coque alto. Antes de sair do quarto, meu celular tocou, anunciando uma ligação. Olhei o visor e me certifiquei que era uma ligação do Hospital.

Fiquei cerca de duas horas em ligação com o médico plantonista, o explicando o caso de um senhor de trinta anos que sofreu uma ruptura do aneurisma. Ele conseguiu fazer todo o procedimento para a estabilização dos sinais vitais do homem, que estava em coma a quase doze dias, e hoje havia acordado com pouco estado lúcido. Suspirei pesado quando desliguei a ligação e deixei o celular sobre a cama. Pensei seriamente em ir até o hospital e eu mesma me certificar que estava tudo bem, mas eu também preciso de um momento de descanso. Então desci as escadas e encontrei Brunno jogado sobre o sofá da sala.

- Porque você é tão folgado assim, Brunno? - perguntei para o gêmeo, que me mostrou o dedo do meio - Deveria arrumar um serviço.

- Pra sua informação, eu trabalho muito. Mas você não percebe isso, porque sempre está dormindo. - mentiu com um sorriso irônico no rosto.

- Até porque eu tenho muito tempo para dormir, não é? - bati em suas pernas para que ele me deixasse sentar ao seu lado - Não me lembro quando foi a última vez que dormi uma noite completa.

- Que sofrimento, em! - me olhou - Queria sofrer assim, pelo salário que você ganha.

- Para de desmerecer o meu trabalho e o meu sofrimento, Brunno. - revirei os olhos.

- E voce para de desmerecer o meu momento de descanso. - ele jogou uma almofada em mim - Onde você estava? Não te vi hora nenhuma hoje. E o papai disse que você tava puta.

- Estava malhando. - mostrei meus músculos para ele - Cheguei agora pouco. Tomei um banho, resolvi umas coisas e desci. - contei.

- Vamos na praia da boca hoje. Convida as meninas e o Mário. - surgiu - A gente toma uma cerveja gelada, leva a caixa de som e faz uma resenha. Só pro sábado não passar em branco.

- Gostaria. Porém já tenho um compromisso marcado. - suspirei - Você pode ir com as meninas e o Mário, não tem problema. Um outro dia eu vou.

- Relaxa, tá suave. - ele se ajeitou no sofá - E que compromisso é esse? Eu posso ir com você?

- Aí, Brunno, pelo amor de Deus! Nós já temos quase trinta anos! Passou o tempo em que nossa mãe obrigava a gente ir junto nos mesmos eventos. - fiz uma careta - E onde eu vou, não te interessa.

- Cara, tu é muito chata. - ele me empurrou - Certeza que vai ficar com alguém. Você não me engana, Brunna. Nascemos juntos.

- Ficar com alguém, Brunno? - olhei para ele - Eu tenho cara de quem faz essas coisas? A última pessoa que eu fiquei, está a milhares de quilômetros daqui.

- Então você teve um casinho em Londres. - ele sorriu malicioso e eu me arrependo de ter comentado isso - Eu sabia que você não tinha nada de santa.

- Brunno, me erra, porra. - devolvi a almofada nele - Você é insuportável. Não sei como eu te aguentava na barriga da nossa mãe.

- Você me ama, Brunninha. Não adianta mentir. Se um dia eu for embora desse ap, você vai se desidratar, de tanto chorar.

Maliciosa (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora