Amores e flores - Melim
Pov' BrunnaEu, Brunna Gonçalves Coelho, nunca entendi aquele ditado que diz algo sobre resolver as dificuldade enquanto ainda são fáceis. Como assim sabemos quando vai piorar? Ou como assim existem momentos fácies dentro de uma dificuldade? A única certeza que eu tenho é que as dificuldades vão existir, até quando a gente morrer. Então a morte seria uma solução pras dificuldades? Ou a vida é a melhor solução? Só sei, que para uma das minhas pacientes, suas dificuldades deram por encerradas hoje. Para ser mais específica durante a madrugada. Mas até agora eu consigo me lembrar do seu olhar frio e triste pedindo por ajuda. Uma ajuda que eu não consegui fornece-la.
Ser médico é ver as pessoas nascerem e ao mesmo tempo ver pessoas morrerem. Sem ter um tempo para refletir sobre isso. Até os médicos mais experientes desse mundo, se sentem culpados quando vêem uma alma se despedindo dessa vida. E porque não seria diferente comigo? É um sentimento de se sentir parte da família e ao mesmo tempo de uma profissional esgotada, fisicamente e também psicologicamente. Sinto falta de Londres, dos amigos que construí nesses anos, do frio congelante, do meu antigo lugar de trabalho. Mas eu também gosto do Brasil, do calor escaldante, da minha família e dos meu amigos de infância. É uma repleta confusão.
Deixei minha caneta sobre a mesa e olhei para o relógio pendurado na parede, mostrando que já se passavam das oito horas da noite e meu plantão já tinha acabado a quase uma hora atrás. Me levantei com calma e juntei todos os meus equipamentos que estavam espalhados pelo consultório. Guardei tudo dentro da minha pequena mochila, que está substituindo minha maleta e me retirei da sala, apagando as luzes e fechando a porta de madeira. Passei pela recepção e cumprimentei alguns colegas de trabalho e outros pacientes que estão esperando atendimento. Pensei em voltar e atendê-los, mas nesse momento, eu preciso ser atendida.
Não demorou muito para que eu estivesse dando partida na minha moto e voltando para São Conrado. Por falar nisso, essa é um dos meus maiores desgastes físicos, ter que sempre ficar fazendo um longo trajeto estando cansada e com sono. São muitos ricos. Tantos riscos, que nem me dei conta de quando havia errado meu caminho estava fazendo o trajeto oposto. Suspirei derrotada e encostei a moto ao canto da rua e retirei meu capacete, deixando alguns fios dos meus cabelos, caírem em meus ombros. Uma criança de aproximadamente dez anos se aproximou com rosas e girassóis nas mãos e me ofereceu cada unidade por cinco reais. Pensei em recusar, até porquê para quem eu entregaria essas flores? Mas acabei comprando, pensando na necessidade que essa criança está passando, para estar a essas horas trabalhando. De quebra, ainda ganhei um cartão.
Como se o universo quisesse me humilhar ainda mais, uma grossa e fria chuva começou a cair do céu do Rio de Janeiro. E me diz, desde quando isso acontece em um verão do Rio? Antes que ficasse ainda mais forte e eu ficasse impossibilitada de chegar em casa, coloquei meu capacete e voltei a dar partida na moto. Andei por mais seis quilômetros, até chegar na Ilha do Governador, onde quase me afundei em uma poça de água, e fui obrigada a desistir de continuar o caminho. Como se eu fosse a personagem do filme "A dama e o vagabundo", no caso eu seria a vagabunda, eu parei a moto no primeiro ressalto que achei e me proteji debaixo da cobertura de uma loja de cosméticos
A essa altura, as flores já estavam murchas e todas quebradas, mas ainda assim continuavam lindas. Pensei em deixa-las por ali, quando iria abaixar, para coloca-las no meio fio, meu celular tocou bruscamente e eu me assustei, dando um passo para trás. Tirei minha mochila das costas e abri o zíper, a procura do aparelho eletrônico. Quando achei, na tela estava escrito o nome da Ludmilla. Um ótimo momento para ela estar me ligando, provavelmente está em uma das suas terapias de massagem, ou apenas precisando de alguém para lhe acompanhar até um restaurante. Rejeitei a ligação, mas logo em seguida ela voltou a me ligar.
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Maliciosa (Brumilla)
FanfictionLudmilla, uma cantora e compositora brasileira, dona de diversos hits, desde funk até o pagode, conhece o amor da sua vida, Brunna Gonçalves, em uma roda de Samba em Duque de Caxias, os compromissos diários acaba separando as duas, e só o tempo e a...