Implicâncias

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Pov' Brunna

Faltou pouco, para que o meu coração soltasse do peito e saísse pulando pelas ruas do Rio de Janeiro. Feito uma adolescente, no meu rosto, um sorriso aberto, é cumprisse dessa minha felicidade. Nosso quase beijo, foi o suficiente para que despertasse todas as borboletas do meu pequeno estômago, as borboletas que ela adormeceu. Sentir o perfume tão de perto e sua aproximação com meus lábios, irá me fazer ter uma ótima semana, mesmo hoje sendo sábado.

Não demorei para chegar em casa e guardar a moto na minha vaga. Subi pelo elevador social e cheguei até o andar do meu apartamento. Abri a porta e não encontrei ninguém por ali, mas de longe, escutei as risadas da minha mãe vindo da cozinha. Primeiro subi até o meu quarto e tomei um banho quente, lavei meus cabelos e por fim, vesti um vestido curto, vermelho, para só então descer e caminhar até minha mãe, que estava no mesmo lugar de antes. Miriam estava conversando com meu pai, que lhe mostrava algo no celular, algo que parecia ser bem divertido.

- Boa tarde, fofos. - falei em voz alta, atraindo a atenção deles - Qual o motivo de tantos sorrisos?

- Bom dia, Bru! - minha mãe secou as lágrimas que estavam no canto dos olhos, devido as tantas risadas - Seu pai fica me mostrando esses vídeos engraçados.

- Depois eu vou te mostrar, filha. - o homem desligou o celular e retirou os óculos - Agora nós podemos saber qual foi o motivo da sua saída apressada, hoje cedo?

- O mesmo motivo de sempre, papai. - falei enquanto abria a geladeira e pegava uma jarra com suco de maracujá - Uma cirurgia de última hora.

- Você parece estar tão cansada. - minha mãe falou depois de me entregar um prato com torradas, mas eu neguei, porque já havia comido um lanche - Não acha que está se sobrecarregado nesse hospital? - perguntou.

- Ah, mamãe. - me sentei na bancada, de frente para eles - Eu acho que lá tem muita demanda de pacientes e que os outros médicos não fazem questão do bem estar das pessoas. E eu não consigo olhar para aquelas pessoas passando mal e não fazer o mínimo para tentar ajudar.

- Mas isso não está te prejudicando? - Jorge me perguntou preocupado - Já fazem algumas semanas, que eu te vejo chegar tarde e cansada e sair no outro dia, antes do sol nascer, Bru. Mal está ficando em casa. Você precisa sair com os seus amigos, descansar, se divertir.

- Eu faço tudo isso, papai. - dei um gole no suco, para descer a mentira que eu falei - Não é sempre, mas eu faço. Não vê ontem? Eu fui em uma festa com o Mário e o Ygor.

- Silvana comentou que te viu lá. - Miriam me olhou com um sorriso de lado - Você e a Lud, estão muito próximas, não é?

- Mãe, a gente só conversa, sobre qualquer assunto. - dei de ombros - Mas enfim, eu só estou precisando me recuperar dessa semana ruim.

- Filha, você sempre comenta que teve uma semana ruim. - meu pai disse e eu me controlei para não gargalhar, pois isso é uma verdade - E isso não te faz bem. Eu acho que você merece muito mais que esse hospital.

- Do que está falando? - questionei sem entender - O senhor foi o primeiro a me apoiar quando eu comentei sobre o hospital.

- Sim, filha. Porque eu sempre te apoio em tudo que te faça feliz. Mas agora estou achando que isso não te faz feliz mais. - dei um gole no suco enquanto ele falava - Eu quero coisas melhores para você.

- Tipo? - perguntei.

- Um consultório particular. - falou óbvio - Eu tenho um amigo médico, especialista em Pediatria. - contou - Estive conversando com ele por esses dias, e ele comentou que está com planos para o consultório dele. Assim como você, ele também é recém formado. Sabemos como esse início de carreira é complicado, e porque vocês dois não se ajudam?

Maliciosa (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora