Culpa e dor

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47 dias depois...

Pov' Brunna

Depois daquela ridícula declaração do nosso término, feito pela Ludmilla, uma chuva de ataques vieram sobre mim, todos os dias eu recebia inúmeras mensagens com pessoas me chamando de interesseira, egoísta, puta, vagabunda, falsa, mentirosa, piranha... Entre outros piores, que não vem ao caso agora. Paguei um profissional especialista em redes sociais, para remover todos os seguidores que ganhei durante o meu relacionamento com a Ludmilla, bloquear as contas que vinham fazendo os xingamentos com muita frequência e também privar novamente a minha conta. Me deixando assim, por fora de qualquer coisa que esteja envolvendo o meu nome.

Durante esse período, encontrei a Silvana em um salão de beleza aqui no Rio e como se sentisse um pouco culpada pela má atitude da filha, fez questão de me pedir desculpas e prometeu conversar com a Ludmilla para que algo seja feito sobre isso. Porém nada me faz ter esperanças que a cantora tenha uma atitude descente, depois de tudo que foi dito sobre mim. Sobre nós. Ainda é bastante estranho não me ter mais associada a cantora, não por tudo que sua fama poderia me causar, até porque eu nem me importava com isso, mas sim sobre a falta que a sua presença me faz. Como se um parte de mim tivesse morrido naquele dia e o meu subconsciente sempre me faz questão lembrar disso.

Hoje em dia eu já não consigo mais chorar, quando me falam o seu nome, ou quando vejo uma foto nossa na minha galeria. Eu só sinto mágoa e me questiono o porquê disso tudo ter acontecido. Nós estávamos tão bem. Talvez se eu tivesse mantido a calma e evitado ter aquela conversa naquele dia, tudo estaria diferente hoje. Acho que esse é o sentimento mais presente em mim, nesses dois meses e meio, a culpa. Eu me sinto culpada por tudo que acontece a minha volta e as vezes eu nem tenho culpa de nada. Isso está me corroendo aos poucos. Mas aparentemente eu estou bem. Aparentemente.

Mudei o corte do meu cabelo. Estou indo a academia frequentemente e posso até dizer que me tornei uma amante disso. Alguns músculos já começaram a aparecer no meu corpo e minha alimentação está bem melhor do que antes. Acho que nem tudo está perdido. Nem tudo. Porque algumas coisas importantes se perderam no meio do caminho. Meu pai sempre me disse que quando a gente mais precisasse não teria ninguém ao nosso lado, e ele não mentiu em nada. Alguns pacientes desistiram das suas consultas e bem, outros não me tratam como antes. Eu não queria que minha vida pessoal tivesse tanta ligação com a minha vida profissional.

Eu nem sinto mais todo aquela vontade de ir até meu consultório. Mas mesmo assim vou, todos os dias. Seja pra organizar as coisas, saber como Lorenzo está, e por fim das contas, atendo um ou outro paciente que me encaram como se eu fosse a pior pessoa do mundo. Talvez seja só impressão. Talvez seja só esse maldito sentimento de culpa por tudo que está acontecendo. Eu já nem consigo mais separar as coisas. Não sei se as vezes estou feliz, ou apenas animada, se é tristeza ou esse profundo sentimento de solidão. Mesmo estando rodeada de pessoas.

Mário Jorge resolveu se mudar de vez aqui pro apartamento, vejo o seu rosto quando me levanto e quando me deito. Chega até ser um pouco insuportável. Mas sei que ele está tentando suprir toda essa falta que a Ludmilla faz. Brunno decidiu me tratar como a rainha da casa, todos os dias vai até o shopping e compra algo aleatório para mim, na sua última ida comprou um chaveiro com a minha inicial. Meus pais, especialmente a minha mãe, evita com que qualquer coisa sobre ela chegue até mim, se em algum momento do nosso momento de descanso, aparece algo dela na televisão, é como se o espírito do flash passasse por aqui, rapidamente ela procura outra coisa para ver e inicia uma conversa sem fim. Já o meu pai, tentou, vez ou outra, conversa comigo sobre isso tudo, mas ao não obter o que estava esperando, desistiu.

Maliciosa (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora