4 meses depois...
Durante esses oito anos em Londres, Brunna nunca mentiu ao dizer que ao terminar seu último semestre naquele curso, estaria de volta ao seu país. As suas notas nesse último período foram tão altas, que antes mesmo do último dia de aula, ela já sabia que a partir de agora, todos a chamariam de doutora. Só que mesmo assim, ela fez questão de esperar a formatura, para tirar as fotos, receber seu diploma e fazer o juramento.
Todas essas formalidades foram feitas ontem pela noite. E hoje de manhã, a mulher de 27 anos já estava com as passagens compradas e todas as suas malas arrumadas. Ela entrou no primeiro vôo da tarde, com o destino tão desejado por ela. Seu coração estava com um misto de sensações, ora feliz por poder rever a sua família e ora triste, por saber que nada será como antes, tudo mudou. Um calafrio percorreu seu corpo ao piloto anunciar que já estavam em terras brasileiras e quando as portas do avião foram abertas, era como se só então ela sentisse a verdadeira realização.
Nenhum dos seus familiares estavam ali a esperando com um cartaz de boas vindas ou uma recepção calorosa, até porque ela não os avisou, o intuito é fazer uma surpresa. Ela pediu um táxi na porta do aeroporto e pediu para que o senhor com nome de José, a levasse para São Conrado. Onde seus pais e seu irmão ainda mora. O homem a ajudou com as malas pesadas e só então deu partida no carro. No banco de trás, a morena muito atenta observava as ruas, pensando se ainda sabia andar por ali, ou precisaria usar o seu gêmeo de guia.
Por conta do trânsito, o taxista só conseguiu chegar no destino quarenta minutos depois, quando o relógio marcou sete e quarenta da noite. O valor cobrado foi de $38,50, mas como ela pagaria se tudo que tem no bolso são euros?! Por sorte se lembrou do banco virtual que possui em seu celular e pagou o senhor por aproximação. Ele muito atencioso colocou todas as malas para fora e só então retornou para a porta do aeroporto. Brunna sorria alegremente por estar em casa e tocou o interfone. Se apresentou para o novo porteiro e subiu para lar. Apertou a campainha e logo mais a funcionária da casa apareceu para atende-la.
- Bruninha! - a mulher pareceu se espantar com a sua patroa por ali, talvez ela estivesse um pouco diferente de quando partiu ou ela só realmente não esperava pela presença dela - Meu Deus!
- Boa noite, Gabriela. - abriu os braços para abraçar a mulher de meia idade - Quanto tempo não é mesmo? - questionou de forma engraçada, mas com o sotaque inglês. Foram meses no continente europeu.
- Muito tempo. - ao se separar do abraço, Gabriela, ou Gabi, para os mais íntimos, secou as larguras que desceram de seu rosto.
- Ô Gabi, você tá falando sozinha? - Brunno questionou enquanto descia as escadas, e ao ver sua irmã por ali, correu em sua direção a pegando no colo e rodando no ar - Caralho, Brunna. Como assim você voltou e não me avisou?
- Surprise! - ela levantou as mãos para cima sentindo seu corpo girar - Gostou?
- Eu amei. - ele finalmente a colocou sobre o chão e gritou pelos pais, que estavam vendo um documentário importante, sobre algo de política - Venha, mamãe e papai!
- Que algazarra é essa por aqui, Brunno Gonçalves? - Mirian questionou, mas ao ver sua filha, sua princesa, sua bebê, por ali, perdeu os sentidos e se encostou na parede pintada em tons pastel - Filha!
- Oi, mamãe! - a doutora caminhou até a mais velha com os braços abertos e a abraçou tentando matar toda a saudade que sentiu por esses longos oito anos - Estava com muita saudade!
- Como você mudou! - foi a primeira coisa que a mãe disse - Está maior!
- E mais feia. - o irmão não perdeu a oportunidade de implicar com a irmã que lhe mostrou o dedo do meio, mas foi repreendida pelo pai, que só observava a cena.
- Me dê um abraço. - Jorge pediu e a morena obedeceu, fazendo o mesmo que fez com a mãe - Saudades, filhota! Foram muitos dias sem você por aqui.
Mirian obrigou Brunno a levar todas as malas da irmã, para o quarto dela e também pediu para que Gabriela preparasse o melhor jantar de sua vida, para receber a filha. Jorge passou minutos conversando com a doutora, que lhe contou a maioria de suas experiências nesses anos e só então foi liberada para tomar seu banho e tentar descansar um pouco. Mesmo sabendo que não conseguiria fazer isso, subiu para seu antigo quarto e encontrou o gêmeo ainda por ali.
- Pode ir embora. - alfinetou para o moreno, que de aparência é muito diferente dela, mas ele apenas deu de ombros e permaneceu sentado em sua cama - Anda logo, Brunno.
- Ô bonitinha, todos esses anos esse quarto era meu segundo lugar de bagunça. Não é porque você voltou que eu vou ter que sair, ok? - ele se ajeitou por ali - Eu quero saber como foi em terras inglesas. Me conte.
- No início foi péssimo. - ela suspirou e se jogou ao lado do irmão - Pensei várias vezes em voltar pra casa, a saudade parecia que iria me consumir.
- Não sabia que você me amava nesse nível. - ele implicou e ela revirou os olhos.
- Você sabe que não estou falando de você, Brunno. - ela encarou o pequeno porta retrato com a foto da sua ex namorada - Eu pensava em voltar todos os dias. Mas era o meu sonho. Demorei me acostumar.
- Acho que foi pesado para ela também. As vezes eu vejo as notícias e não sei, parece que no fundo ela ainda te espera. - olho pra irmã.
- Dúvido. - sorriu sem vontade.
- Hoje ela tem o lançamento do primeiro Dvd dela. - contou - A mulher faz um sucesso e tanto nesse Brasil. E estou pra te dizer... Ela tá muito mais bonita que antes.
- Nunca mais a vi. - suspirou - Me bloqueou de todas as redes sociais, e bem... Em Londres não se fala muito desses estilo musical.
Os irmãos conversaram por mais um longo tempo. E só quando a mãe anunciou que o jantar estava pronto, Brunna correu para tomar o banho e desceu as escadas em direção a cozinha. Eles demoraram terminar o jantar, sempre havia um assunto para ser conversado ou lembrado e isso causava longos minutos minutos de risadas.
No outro lado do Rio de Janeiro, as risadas eram de nervosismo. Em menos de dez minutos Ludmilla começaria as gravações do seu primeiro álbum audiovisual. Era uma estrutura enorme. Haviam bailarinos por todos os lados. Instrumentistas por todos os lados. Pessoas por todos os lados e a cada segundo, a realização do sonho da cantora estava mais próximo de acontecer. Ela se assustou quando Marcos a entregou um microfone dourado e disse que assim que todos os bailarinos entrasse no quarto, era a vez dela começar a cantar. E assim aconteceu.
Tudo aconteceu como o previsto. Foi um grande sucesso. Ao terminar de cantar a última música "Cheguei", o público foi a loucura e a cantora fez um discurso agradecendo a eles por todo o apoio que deu a ela nesses anos de carreira. Ao voltar para o backstage vários repórter pediram uma entrevista com ela, que fez questão de responder a todos. Quando chegou em seu camarim e encontrou sua família e seus amigos mais próximos, desabou em um choro de alegria e alívio. Tudo aconteceu como ela planejou.
- Você é foda, menina. - sua mãe segurou o seu rosto e secou suas lágrimas - Eu te amo.
- Aí mãe, obrigada por tudo. Eu te amo muito. - abraçou Silvana - Que loucura.
- Parabéns, irmã. Foi incrível. - Luane pulou no pescoço da irmã mais velha.
- Obrigada, Lulu. Te amo!
A noite foi longa. Fizeram uma festa que durou até de manhã. Ninguém dormiu, todos bebiam e comiam felizes pela grande estréia de Ludmilla!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Maliciosa (Brumilla)
FanfictionLudmilla, uma cantora e compositora brasileira, dona de diversos hits, desde funk até o pagode, conhece o amor da sua vida, Brunna Gonçalves, em uma roda de Samba em Duque de Caxias, os compromissos diários acaba separando as duas, e só o tempo e a...