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13 de fevereiro

              Segurei os meus livros contra o peito e caminhei na direção da saída, querendo despachar-me a abandonar os corredores movimentados do liceu. Não gostava de grandes confusões, sentia-me sempre apertada e preferia respirar o ar puro do exterior do que inalar os aromas desagradáveis que se misturavam no ambiente daquele edifício. Por isso, com rapidez, cheguei até ao portão do liceu, abandonando aquela escola.

              Michael e Lillian esperavam-me a poucos metros do portão, encostados às grades de ferro a conversar. Observei-os, sorrindo à medida que via os olhares apaixonados que os dois trocavam entre si. Michael mexia no cabelo negro da rapariga, enrolando-o à volta do seu dedo, enquanto Lillian acariciava a face pálida do meu melhor amigo. Quando cheguei até eles fui recebida com um grande "Olá".

              – Não estou a interromper nada, espero. – soltei um riso, observando as feições de Lillian. Nunca percebi bem mas penso que ela era de descendência italiana, daí ter uma tez tão escura e um sorriso tão bonito nos lábios.

              – Não, tu nunca interrompes nada! – Michael puxou-me para um abraço, apertando o meu pequeno corpo. Os dois riram-se, talvez das minhas caretas enquanto eu me tentava soltar.

              – Não sei como consegues aturar isto, Li! – brinquei, afastando-me dos seus braços. Michael soltou uma gargalhada, desta vez encurralando Lillian no seu peito. Revirei os olhos, mantendo os meus livros seguros nas minhas mãos. – Então, como foram as vossas aulas?

              – Uma seca? Aborrecidas? A maior merda de sempre? – Michael respondeu sem qualquer problema, atirando para o ar os mais diferentes insultos. – Foram normais. E as tuas?

              – Também... – suspirei. – Estive a falar com o Luke.

              – Luke? – Lillian repetiu, surpresa. Michael também reagira assim. – O rapaz da doença?

              – Ele não tem doença nenhuma. – revirei os olhos, chateada com as mentiras que as pessoas inventavam. – É uma fobia e nem sequer é nada do outro mundo. Mas qual é o vosso problema?

              – Wow, calma. – Michael tentou defender a namorada. – Ela só reproduziu aquilo que ouve a respeito dele. Sei que estás determinada a defendê-lo e isso tudo mas o rapaz tem uma reputação. Uma reputação muito difícil de contornar, devo dizer.

              – Desculpa. – baixei o rosto, arrependida de ter sido tão bruta com a rapariga. – Desculpa. Fico irritada quando dizem essas coisas. É que... vocês não entendem.

              – Tudo bem. – Lillian afagou o meu braço, mostrando-me um sorriso compreensivo. Levantei a cabeça, retribuindo o gesto. – Se alguém se pusesse a inventar rumores acerca do Mikey eu também não perderia tempo em defendê-lo. Não faz mal.

              Assenti com a cabeça, mostrando-lhe que ouvira o que dissera. Na verdade, as suas palavras fizeram-me pensar. É claro que Lillian defenderia Michael, sendo que este é seu namorado. Mas, e eu? Luke não me é nada, nem sequer o posso considerar como um amigo. Ele é só uma pessoa que eu insisti em ajudar. Não tenho obrigação nenhuma para com ele, no entanto, recuso-me a baixar os braços para o defender. Porque é que eu estou a fazer isto?

              – Mas bem, vamos mudar de assunto. – Michael disse, despertando-me dos pensamentos absurdos que ocupavam grande parte do meu tempo. – Como correu a conversa? Ele sempre te vai dar as explicações?

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