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4 de maio 

            – Eu não sei como é suposto dizer-te isto... acho que seria mais fácil escrever do que propriamente dizê-lo em voz alta, pois a minha intenção não é magoar-te... Luke... – suspirei. – Luke... eu adoro-te. Eu adoro-te com todo o meu coração, mas... – suspirei de novo. – Nós não podemos gostar um do outro da forma romântica que ambos queremos. Há um rapaz que... um rapaz que entrou na minha vida e... eu não quero trair a tua confiança. Esse rapaz beijou-me e...

            – Quem é que te beijou!?

            Saltei de susto quando a voz grave do meu melhor amigo soou pelos meus ouvidos, fazendo-me estremecer. Pousei a minha mão esquerda no peito, enquanto deixava a outra repousar sobre a porta do cacifo à minha frente. Michael apresentava um sorriso quando me virei para o encarar, mas o mesmo não aconteceu comigo, pois a linha reta dos meus lábios não desvaneceu. Os seus olhos verdes analisaram-me atentamente, enquanto deixávamos o silêncio preencher o vazio entre nós. O corredor estava vazio, e eu agradeci a Deus ter sido ele a encontrar-me ali, ao invés de outra pessoa.

            – Quem é que te beijou? – repetiu, desta vez num tom mais contido. Eu limitei-me a abanar a cabeça, sem saber o que dizer. – Eu ouvi o que tu disseste. Alguém te beijou. Um rapaz. Um rapaz beijou-te. Quem foi o gajo? – o seu ombro embateu no cacifo e ele cruzou os braços de forma intimidante, olhando-me como se eu tivesse cometido uma asneira. Talvez tivesse mesmo. – Estavas a ensaiar um monólogo, Sophie, o que quer dizer que fizeste merda e agora estás com medo de admitir, mas eu sou teu amigo e não te vou julgar. Foi o Ashton, não foi?

            – Sim... – voltei a abanar a cabeça, ainda que desta vez estivesse a confirmar a sua pergunta. – Sim, foi ele.

            – CÉUS, MAS TU ESTÁS DOIDA!? – gritou, desencostando-se dos cacifos. O seu corpo endireitou-se à minha frente, e por momentos parecia que estava a levar uma reprimenda do meu pai. – TU NÃO SABES QUE ESSE GAJO É SÓ PROBLEMAS? E NÃO SABES QUE EXISTE ALGUÉM POR AQUI A CONTAR COM A TUA FIDELIDADE?

            – Michael... nós já tivemos esta conversa e já discutimos por causa disto, por favor não voltemos a repetir. – revirei os olhos, tentando fugir aos seus dramas matinais. Não tínhamos voltado a falar desde esse dia, e eu sabia que ele tinha ficado ligeiramente amuado por lhe ter virado costas de forma tão abrupta, sobretudo depois de termos discutido. Não gostava de estar tanto tempo de costas voltadas para Michael, pois ele sempre contou comigo e eu com ele. Os seus conselhos sempre foram escutados com atenção por mim, e eu não conseguia deixar de lhe dar ouvidos, no entanto, desta vez, começava a descarrilar e a perder o controlo das minhas próprias ações.

            – Quando é que isso aconteceu? – ouvi os seus passos atrás de mim, e respirei fundo, sabendo que a conversa não terminaria por aqui.

            – Ontem à noite. – respondi num murmúrio, envergonhada comigo própria. – Nós jantámos juntos e depois ele levou-me a este sítio espetacular, de onde dava para ver toda a cidade e observar as estrelas e ch...

            – Eu não quero saber o raio dos pormenores.

            – Pronto... – suspirei. – E então ele contou-me uma história super triste e beijou-me. Foi demasiado rápido para eu poder impedi-lo, Michael. – quando chegámos ao bar, ocupámos as cadeiras de uma mesa vazia e o rapaz de cabelos pretos lançou-me um olhar expectante. – Ele estava tão frágil... se eu lhe tivesse dito para parar provavelmente partir-lhe-ia o coração. Eu não quis magoá-lo.

Naive ಌ l.hOnde histórias criam vida. Descubra agora