14 de fevereiro
Com a música a ressoar nas colunas do meu computador portátil, deitei-me de barriga para baixo, ficando a fitar o ecrã luminoso que se encontrava à minha frente. Apoiei o peso do meu corpo com os cotovelos e pousei o meu queixo na palma da mão, olhando incessantemente para o motor de busca. Estava determinada a conhecer um pouco melhor a Afefobia e, para isso, teria de fazer uma pesquisa intensiva. Se eu tencionava ajudar Luke, então teria de saber com o que lidava.
Respirei fundo e mordisquei o lábio inferior, avançando com as mãos até às teclas do portátil. Os meus dedos deslizaram pelas letras, formando assim a palavra que eu queria aprofundar. Carreguei no botão que me levaria aos inúmeros websites e suspirei, retirando uma bolacha de chocolate do pacote que jazia a meu lado.
Abri o link que me pareceu mais apelativo e mastiguei a bolacha, deslizando a página para baixo, em busca de explicações. Em quase todas as páginas havia algo como "Afefobia é o medo exagerado de ser tocado, seja sexualmente ou não.", contudo, essa era uma informação que eu já conhecia. Luke não podia ser tocado porque tinha medo. Todavia, os meus olhos seguiram atentamente as palavras que se seguiam:
«É uma fobia incomum, por vezes, perigosa para quem a tem. O portador desta fobia tende a afastar-se das pessoas, até amigos próximos. Esta fobia é caracterizada pela falta de confiança nas pessoas.»
Quando a minha mente processou aquele pequeno texto, consegui ter um vislumbre de um Luke sozinho, afastado da sociedade e com medo do que o rodeava. Senti-me feliz por me ter aproximado dele e ter contrariado essa tendência, até porque Luke confiou em mim e deixou-me entrar um pouco na sua vida, nem que fosse apenas para ser o meu explicador de matemática. Continuei a ler.
«Não nasce com a pessoa, mas vem de um trauma, situação vivida ou refletida. Normalmente ela é causada por algo perigoso, doloroso ou assustador, ou algumas vezes por pressão psicológica. No geral, é algo que faz mudar o comportamento.»
Era esta a parte que me assustava. A Afefobia era normalmente causada por situações traumáticas e eu receava que Luke tivesse sofrido algo assim na sua infância ou adolescência. Contudo, eu nunca tinha ouvido relatos de algo incomum que se tivesse passado no seio da sua família ou até na escola. Podia dar-se o caso de ele ter sido agredido por algum bully, no entanto, eu continuava a acreditar que esta era uma fobia que se devia a algo do foro psicológico. Luke poderá ter perdido alguém que amava e ter-se isolado, ou poderá nunca ter recebido afetos da família. Honestamente, podia passar o resto do dia a inventar teorias para explicar isto, porém, eu sabia que apenas Luke tinha o poder de confessar o que verdadeiramente tinha acontecido para ele ser como é. Não acreditava que ele o fizesse, contudo, acalmei o meu coração apavorado com essa esperança vã.
«Existem três tipos de Afefobia e são elas:
Sexual – A pessoa tem aversão ao sexo e/ou sua insinuação. Normalmente nestes casos a fobia é adquirida por um abuso sexual, seja violação ou assédio.
Bacteriana – Medo de contrair bactérias. Causado normalmente após uma internação hospitalar, pressão psicológica, obsessão sobre doenças virais e bacteriológicas, causando medo de contraí-las.
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Naive ಌ l.h
FanfictionSophie considera-se capaz de ajudar um rapaz intocável, porém, ela é ingénua e sofrerá as consequências das suas escolhas. Copyright © 2015, All Rights Reserved // tulipxs (16/06/2015)