CAPÍTULO 57

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"Quizás la única razón por la que estamos tan apegados a los recuerdos es que no cambian, incluso si las personas sí lo hacen".


ANAHI PORTILLA - 22 DE DEZEMBRO DE 2019

Já era tarde da noite, quase uma da manhã para ser mais exata, e seguíamos conversando animados, minhas costas já davam um aviso que não suportariam por muito tempo e o sono da gravidez estava começando a chegar, mas queria aproveitar cada pedacinho daquela noite.

Estava deixando rolar por escada a baixo todo o meu orgulho, toda meu ressentimento que nutri por ele todos esses anos, por todas as vezes que ele havia me deixado de lado, no vácuo, havia sido ríspido em entrevistas quando tocavam em meu nome... Naquele momento não queria me lembrar de tudo aquilo, queria tê-lo perto por mais tempo, eu não aguentava mais ter que fingir que me conformei com sua ausência quando na verdade morria de saudade.

Ucker pergunta sobre os vídeos que Poncho sempre gravava nos bastidores, pergunta se ele ainda os tem guardados, ele sorri e para nossa surpresa ele nos convida a irmos a outro cômodo.

Ao chegarmos nos deparamos com uma parede coberta por uma prateleira que vai até o teto, repleta de livros todos organizados, ele sempre fora assim, amava livros e amava organização.

Em outro canto do cômodo haviam caixas de dvd todas datadas ocupando outra prateleira, e mais duas caixas com pen drives, ali segundo ele, continha todas as gravações.

Me senti estranha, será que ele mantinha os nossos vídeos ali junto de todos, se sim quando teria sido a última vez que ele teria visto?

Todos ficaram encantados com o cuidado que ele mantinha os registros e Ucker pediu para assistirmos algum, para relembrarmos os velhos tempos.

No mesmo instante nossos olhares se cruzaram e minha dúvida foi sanada instantaneamente, sim ele mantinha nossos vídeos ali, e observou minha reação quando Ucker pediu para assistir um.

Meus olhos arregalados não escondiam minha tensão, ele sabia o que cada vídeo continha? Muitas das vezes ele nos gravava nos bastidores trocando carinhos, havia também a possibilidade de algum vídeo com Dulce... era arriscado assistir qualquer vídeo aleatoriamente. Será que Diana já havia assistido algo? A possibilidade dela saber o que houve entre eu e Alfonso me deixava desconfortável.

Mas ele estava surpreendentemente calmo, escolheu um vídeo e o colocou para rodar no projetor. Enquanto ele ajeitava os últimos ajustes de zoom e som algo me chamou atenção na estante de livros. Eu o tinha presenteado a anos atrás com uma edição de O ALQUIMISTA de Paulo Coelho, era uma edição de capa alaranjada cintilante com letras em azul escuro também cintilante, e ele estava bem ali ao meu lado no meio daquele mundo de livros, com sua lombada nada discreta.

Ele o havia guardado e um sorriso idiota surgiu em meus lábios, aproveitei a sala um pouco na penumbra onde todos estavam entretidos no inicio do vídeo que mostrava todos nós ensaiando e peguei o livro para lembrar de como havia escrito a dedicatória na época.

Para minha surpresa há um papel dobrado em meio as páginas, é a letra de Alfonso, sem pensar de forma alguma, por puro reflexo o pego e guardo rapidamente no bolso da minha calça, olho rapidamente para os lados e percebo que ninguém viu meu pequeno furto. E para minha total surpresa, a página com a dedicatória havia sido arrancada.

O que ele teria feito com ela? Diana teria visto? Teria rasgado de propósito? Milhões de perguntas começam a fervilhar em minha mente, eu e minha curiosidade...  Poderia apenas assistir ao vídeo como os outros e não ter fuçado em nada... Agora estava puro nervos querendo ler o papel, que poderia não ser nada. 

¿REALES RECUERDOS? - AYA Donde viven las historias. Descúbrelo ahora