Capítulo 60,5: A solidão da tinta

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  (Narração da narradora)

  O que ocorreu não pode ser desfeito. Você continua preso ao passado, Bendy. Você continua ali... Preso em um ciclo de tinta. Preso em um ciclo cruel. Dói.

  A dor nem sempre precisa ser ruim. Ela é boa em alguns casos.

  Mas lá estava ele... Dentro do mundo de tinta... Vagando pelos corredores silenciosamente. Só.

  Não havia saída.

  Ele não sentia ira. Nem remorso. Nem dor física. Ele se sentia triste e abandonado. Mas não foi o mesmo de quando Joey o abandonou... Quando ele se revoltou. Não, era tristeza.

  Ou melhor... Saudade e solidão.

  Saudade daquela mesma pessoa quem ele tinha confiado e o machucou... Assim como Joey fez. Ele não senti raiva. Não te culpava, ele culpava Henry, o homem quem o criou e abandonou desde o início.

  Dói o abandono, não dói Bendy?

  A dor de ser substituído... De ser trocado...

  Ele não faria nada. Ele não quer ir atrás daquela que tanto se importava, não... Não tinha necessidade e também seria doloroso demais. Ele não sabia o que poderia acontecer a seguir.

  As contas na mente dele já nem fazendo sentido da quantidade de vezes que ele foi tratado assim... Isso cansava. Cansa você tentar agradar alguém a todo custo pelo medo da solidão, mas no fim essa pessoa apenas... Some.

  Ele estava esgotado.

  Esgotado de buscar a liberdade.

  Esgotado de buscar o fim disso.

  O que ele poderia fazer? Tentar voltar para o mundo fictício? Ele já tentou... E não funcionou...

  Tentar escapar do mundo da máquina? Ele dependia de alguém externo para ligar a máquina para ele...

  Arrumar um outro alguém? Ele já estava cansado de tentar e sempre sair machucado. E ele também não queria isso.

  Ele queria arrumar essa situação.

  Que tudo voltasse a ser como era antes. Mas depois do que aconteceu... Ele nem abe mais se é isso que realmente quer.

  O fato de você ter cortado a cauda dele fora não machucou ele fisicamente, mas machucou a confiança que ele tinha em você.

  Um abraço.

  Ele só queria aquele abraço de volta. Mais nada. Ele não precisava de mais nada.

  Mas ele sabia que tinha que ser perfeito, como Joey queria...

  Entretanto... Isso tudo não passa de um mal entendido.

  Sammy... O que uma má interpretação sua causou? A culpa não é sua. Mas foi o que desencadeou a situação atual de Bendy.

  Ele finalmente pode sentir-se como os Perdidos...

  Perdido.

  Solitário.

  Com uma falta imensa de algo que antes ele possuía.

  E sem esperança alguma.

  Aquele era um fim?

  <Com Bendy>

  Ele caminhou manco pelo lugar, indo até o lugar onde vocês costumavam ficar, ele emergiu de um portal que criou na parede.

  Havia algo que ele estava atrás de encontrar...

  Um presente.

  Um presente que você dissera uma vez que ele só poderia abrir quando você se fosse.

  E como você não estava mais ali... Ou melhor, com ele. Era o momento perfeito.

  Ele usou seus poderes para trazer a caixa até ele. Era uma caixa de papelão, mas muito bem embalada. Havia uma mensagem ali:

 "Caro Bendy,

  Eu sei que você deve estar se sentindo muito mal... Eu sei... Depois que fui embora, você deve sentir minha falta. Eu não o culpo. Sinto muita falta sua, também. E por isso, quero que abra isso com cuidado.

  Sei que é algo que você sente falta, deve complicar muito. Mas quero que pense que isso... É uma lembrança minha, eu.

  E caso se pergunte como eu consegui isso... Bem, é uma longa história. Mas tem haver com uma maluca que queria pegar meu coração. Você já deve imaginar quem seja...

  Mas, tem um último pedido que eu gostaria de te fazer... Sei que pode ser difícil, mas por favor não tenta matar mais ninguém dentro do estúdio. Por mim. Por favor. Esse é meu último pedido para você" - Ele leu lentamente e chorou um pouco, mas logo limpando as lágrimas. Pois não havia motivo para isso, você ainda estava viva. Só não ia voltar...

  Ele guardou a cartinha em uma gaveta, uma gaveta cheia de cartinhas que você costumava escrever para ele em todos os momentos. Você não era tão boa com palavras orais, mas era muito boa em escrevê-las em um papel. E ele guardava todas, meio fofo, não?

  E logo ele abriu a caixa e pareceu perplexo ao ver que ali estava o outro pé da sua bota (A/n: Sim, ele só tem uma bota, e é por isso que ele anda mancando. E um pé dele parece normal e o outro é todo deformado, no caso, porque é de tinta pura). Não demorou muito até que ele colocasse a bota novamente e sentisse que seus passos ficassem muito mais furtivos e rápidos que antes.

  Ele andou um pouco e viu como caminhava mais rapidamente. Seu sorriso pareceu mais genuíno então. Foi fofo.

  Era tudo um mal entendido...

  Um mal entendido...

  O querer de gritar isso é tão grande, mas não poder interferir é essencial.

  Deixe o tempo fluir.

  Deixe o tempo fluir.

 Continua...

(A/n: Cara... Sendo sincera, me doeu escrever esse capítulo. Genuinamente. Eu acho que de tudo o que eu já escrevi, esse foi um dos capítulos que mais me doeu pra escrever. Eu acabei me identificando muito com o Bendy nessa questão de "abandono" e "reclusa", o que eu já passei disso... Vocês não entendem. E sim, esse é o motivo que o Bendy é um dos meus personagens favoritos de todos os que conheço. Pois eu sei exatamente como ele se sentiu quando Joey disse para a Gent construir o Mundo de Tinta para prendê-lo lá dentro porque ele era "falho", "esquisito" e "imperfeito". Simplesmente assim... E o que mais me doeu na história dele, foi ver o Joey chamá-lo de "filho" no livro do The Illusion of Living e depois ter feito o que fez com ele... )

(Ótimo... Agora eu tô chorando!)

Um problema triplo (Bill Cipher x reader x Alastor x Bendy) - CANCELADAOnde histórias criam vida. Descubra agora