Kira
Leona. Aquele nome repetiu em minha cabeça diversas vezes. Eu queria saber quem era essa mulher que tanto os outros admiravam. Elizabeth disse com orgulho. Ela poderia ser uma antiga amiga, uma confidente, uma loba guerreira? Essas eram as insinuações que minha mente fazia.
— Quem é Leona?
Essa era a segunda vez que eu perguntava, e novamente não obtive respostas. De repente, eu senti que a sala ficou vazia, todos se esvaíram, restando apenas o alfa e eu. Ouvi o seu suspiro pesado, e o sutil deslocar de pernas. Era impressão minha, ou ele estava demorando para falar?
— Ela é uma amiga de antigamente, ninguém importante para que você precise se preocupar.
— Bom, pela forma que sua mãe falou, dando ênfase, como se estivesse ressignificando o seu nome, não me parecia alguém sem valor.
— O seu problema, pequena loba, é que pensa demais. Eu ouvi quando os seus passos se aproximaram. Ergui a minha face, ao sentir o seu toque. — O que você acha de voltarmos para a cabana, e aproveitarmos alguns momentos a sós?
Engoli a seco e desviei a minha face. Eu estava histérica com minha loba, que a todo instante me empurrava para ele, afirmando o quanto gostaria de ter a sua primeira noite com seu companheiro. Minha face ruborizou. Aquele homem me causava sensações novas e inconvenientes.
— Eu... Não... Ele chegou mais perto o que intensificou a minha respiração. Todo meu corpo ansiava por aquele homem. Sim, eu gostaria de tê-lo em cima do meu corpo enquanto eu me entregava totalmente como uma fêmea no cio. Maldito seja esse lobo com corpo incrivelmente escultural!
— Eu tenho alguns assuntos a resolver, e mais tarde eu voltarei. Ordenei para que preparassem a cabana, para que você pudesse se hospedar. Não quero que volte a ter a convivência com minha mãe, nem com os outros lobos.
Novamente, os seus dedos ásperos tocaram em minha pele. Dessa vez, eu inclinei para sentir o seu toque. Era como se ele fosse a minha casa, o local mais confortável que eu poderia me hospedar.
— Na minha ausência, algumas lobas fêmeas de confiança, farão a sua guarda.
— E o nosso filho? Assim que falei, eu ouvi um som imitando um sorriso saindo de sua boca.
— O nosso filho ficará bem.
Fechei os olhos quando ele juntou os nossos lábios. Era o melhor gosto que eu poderia sentir na vida, menta refrescante. Eu poderia ficar por mais alguns segundos, mas ele me abandonou, e deixou o local. Soltei um som frustrada. Coloquei a mão nos cabelos enquanto questionava o que estava acontecendo comigo.
Eu não queria deixar o meu filho sobre os cuidados de Elizabeth, e não queria desobedecer às ordens do Alfa. Se ele havia falado para eu me mudar para a cabana, assim seria.
— Mamãe. Eu vou te ver novamente?
— É claro, meu amor. Eu não poderia viver um dia sem te encontrar. Por enquanto, aquele moço mandou que eu permanecesse em outro lugar. Tenha certeza que eu voltarei todos os dias para falar com você.
O presenteei com um beijo em suas bochechas gorduchas.
— Aquele moço é meu pai? Confirmei com a cabeça. — Eu não gosto dele.
Fechei os olhos por alguns instantes.
— Não fique assim. Ele aparenta ser rude e assustador, mas eu tenho certeza que um dia vocês vão se dar bem. E se mesmo assim isso não acontecer, saiba que sua mãe sempre vai te amar.
Então eu me despedi. Respirei profundamente e encarei a minha realidade. Deixei o meu filho e caminhei para a cabana. Confesso que meu consciente estava aflito, com ansiedade do que me esperava. Com suspiros lentos, tentei fazer com que o nervosismo fosse embora. Não acontecerá nada, Kira. Você só irá preparar um belo banquete ao seu companheiro e ele irá embora.
Assim que cheguei, senti um frescor de eucalipto. Aparentemente haviam realizado uma força-tarefa deixando a casa mais limpa possível. Passei a ponta dos dedos na mesa central, fiquei impressionada com nenhum risco de poeira.
Andei até a dispensa, e comecei a vasculhar o que eu poderia preparar para o jantar do Alfa. Eu sempre fui boa para temperos. O grande problema é que eu não conhecia os seus gostos. E se por acaso eu desagradá-lo? O que ele poderá fazer conosco?
Um pouco atrapalhada, eu coloquei dois frangos para fritar ao óleo quente, e preparei os outros acompanhamentos. Nada poderia ficar sem gosto, ou insosso, como a minha tia Esmeralda diz. Experimentei e o sabor do frango frito, estava uma delícia, crocante por fora e macio por dentro.
Senti quando o vento gélido invadiu o ambiente. Eu sabia que era tarde da noite, e logo ele chegaria. Eu caminhei até o banheiro, e com um banho demorado, me ensaboei completamente. Por sorte, ou não, deixaram um sabonete com cheiro de morangos frescos, a minha fragrância original.
Enrolada na toalha eu caminhei para o quarto. Ao abrir o armário em busca de uma roupa para dormir senti a fina seda de uma camisola macia. A retirei do armário e coloquei com a esperança de caber em meu corpo, afinal, eu não trouxe roupa alguma.
Toquei nas rendas e na extensão da roupa, onde pude verificar que ela era minúscula e altamente sexy. Subi os dedos a fim de verificar o decote, e ele era extremo. Eu estava envergonhada de usar aquilo. Esse era o tipo de roupa extravagante para lobas sensuais e atrevidas e eu não me sentia assim.
Era tarde da noite e o alfa ainda não havia aparecido. Eu imaginei que ele não viria, mas o suor da porta fez o meu coração saltar. Caminhei até a sala fim de verificar quem era o autor do barulho.
— Kira.
Abaixei os olhos ao escutar a sua voz rouca.
— Você está... Belíssima.
Eu estava envergonhada. Senti que ele se aproximou, e novamente aquelas mãos ásperas e grossas se acoplaram em meu rosto. Meu maxilar foi erguido, fazendo-me ficar bem próxima a ele, tão próxima, que eu poderia sentir a sua respiração pesada.
— Minha fêmea.
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A companheira cega do alfa
WerewolfKira é uma loba comum, filha de uma alfa, anseia para encontrar seu companheiro. Em um dia fatídico, na batalha épica comandada pelos Lycans, ela é atingida brutalmente, isso a leva a uma cegueira total. Anos depois ela sofre uma desilusão amorosa...