Capítulo 27 Nos encantos do lobo

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Nos beijamos. O beijo era lento, sem ansiedade e nervoso, somente apreciando o gosto da boca um do outro. O Beta segurava minha cintura com uma mão e a outra explorava o meu corpo. Ele andava por toda a extensão, e voltava até o seu início. Eu ainda não havia ficado com nenhum outro homem além de Tyson, e confesso que a sensação não era ruim.

Confortável, era esse meu sentimento. Eu me aconcheguei ainda mais em seu colo, podendo sentir um relevo entre suas pernas. Ele me apertava em pontos estratégicos os quais ativaram sensações desconhecidas. O seu entusiasmo estava transformando um beijo que antes era calmo, em algo alucinante. Nossos beijos foram quentes e avassaladores.

Aprofundamos ainda mais, de um certo ponto que estávamos nos fundindo um no outro. Para ganhar um pouco de ar eu me afastei, e ele aproveitou o momento para beijar meu pescoço me causando arrepios.

— Christopher.

Ele era um lobo muito esperto. Do mesmo momento em que sugava minha carne, ele não puxava forte a fim de não causar marcas que pudessem ser encontradas pelo Alfa. Droga, para que lembrei dele? Coloquei as mãos ao peito do Beta, afastando o nosso contato.

— Eu não posso.

Eu saltei de seu colo, e andei de um lado para o outro. O remorso da culpa estava presente em minha mente e em meu corpo. Eu não podia trair o meu companheiro. Lua me dizia a todo instante que eu não era digna de Tyson. Tentei me conectar com ela, mas estava aborrecida demais. Preferi não perturbá-la.

— O que está acontecendo? Estávamos bem!

— Eu só quero que me ajude a voltar para os meus aposentos antes que Tyson acorde.

— Kira.

— Por favor.

Então ele me ajudou a andar sobre os jardins e a voltar para o meu quarto. Não cheguei a perguntar a hora naquele momento. Eu estava entristecida comigo mesma, pois havia decepcionado minha loba, por outro lado, também me culpava por não continuar o que comecei. Confesso que estava gostando do meu momento a sós com Christopher.

Poderia estar sendo uma devassa, uma mulher qualquer, agindo desse modo. Mas não é isso que meu companheiro fez também? Eu jamais iria aceitar que o alfa tivesse relações com outras fêmeas. Dizia gostar de mim, da nossa relação, parecia apaixonado. Era tudo mentira. Estar comigo e ao mesmo tento se deitar com outras mulheres é demais para minha cabeça, isso eu não vou tolerar.

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Então novamente amanheceu. A empregada da casa me chamou para que eu pudesse me juntar com os outros na mesa de jantar. Eu me sentei na minha cadeira de costume, e dessa vez eu senti que outra pessoa estava ao meu lado. Pelo cheiro marcante de pinho e madeira, eu sabia que era Tyson. Ultimamente ele estava sentando na minha frente, isso era ótimo, pois eu não queria ter contato nenhum com ele.

— Você dormiu bem? As suas bochechas estão mais coradas do que o normal. A sua voz grossa sussurrou em meu ouvido.

Automaticamente meu corpo se arrepiou por completo ao imagina se ele suspeitava de algo. Minhas bochechas sempre evidenciavam quando eu estava em algum momento de sensações fortes. Posso dizer que desde o momento em que acordei, eu não paro de pensar no ocorrido no dia anterior. Até mesmo cheguei a sonhar com Christopher, e isso talvez seja a minha perdição.

— Óbvio que eu estou bem. São só coceiras na bochecha. Deve ser formigas.

Merda. Eu sempre fui péssima ao inventar desculpas. Eu escutei o som da sua respiração forte. Ele estava conformado com a minha resposta, e por isso me deixou em paz. Eu acreditei que o meu período calmo havia chego, contudo, senti sapatos pinicando na extensão das minhas pernas.

— Realmente. Kira acordou de uma forma diferente. A sua aparência está melhor do que os outros dias, parece feliz, contente. Você não acha Tyson?

Christopher perguntou, e isso me causou novamente sensações estranhas. Era ele que alisava as minhas pernas debaixo da mesa. Por sorte, o pano que a cobria era extenso e não mostrava as suas libertinagens.

— Exatamente o que acabei de dizer a ela. Eu espero que isso não seja alguma intenção em sua mente de fugir da alcateia. Porque se for isso, saiba que eu não permitirei. Ele disse com sua voz autoritária de sempre.

Confesso que me segurei para não revirar os olhos. Outra coisa estava me distraindo no momento. Christopher estava se arriscando. Ele estava acariciando a mulher do Alfa, bem na frente dele, desbravando todas as possibilidades de ser morto. Sutilmente eu sorri de lado e continuei a minha refeição.

— Eu concordo com todos. Você parece mais disposta do que os outros dias. Leona comentou. — Bem que você poderia arrumar outro companheiro e deixar o meu em paz. Ou será que já não arrumou outro?

Eu engasguei com o próprio leite que bebia. Tossi desesperada, buscando o ar. Senti quando Tyson ergueu o meu corpo e começou a dar alguns tapas para liberar a garganta. Depois de longos segundos de tosses intensas, eu consegui acalmar o meu pulmão.

— Nunca mais repita isso, Leona. A coitada até se engasgou com o seu comentário descabido. Pare de falar besteiras. Ela jamais olharia para outra pessoa que não fosse o seu companheiro. Tyson reverberou. — Não é verdade, minha bela senhora?

Ele pegou a minha mão direita e depositou um beijo sutil.

— Sim. Eu respondi.

— Eu gostaria de propor um brinde. Era a voz de Christopher que estava como principal. — A nova fase que vivemos. Com a minha irmã finalmente fazendo parte da alcateia dos Lycans, eu sendo o Beta de um alfa tão importante como Tyson. Acima de tudo a harmonia que a jovem Kira nos traz. Um brinde à sua companheira, alfa.

Então todos nós brindamos no café da manhã. Isso seria cômico, se não fosse trágico. Acreditei que Christopher havia acabado de falar, mas ainda havia de terminar as suas falas.

— Você é um homem de sorte, querido Alfa. Tem a minha irmã, que é uma incrível mulher, e tem Kira, que eu sei que jamais iria te trair.

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A companheira cega do alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora