Eu estava horrorizada com o que escutei. Aquelas palavras foram como um soco em meu estômago, o qual eu ainda não havia me recuperado. Em nenhum momento ele disse que me amava. Ouvi-lo tratando as outras mulheres do mesmo modo que me tratou quando tivemos a nossa noite, é frustrante. É como se tudo que passamos fosse reduzido a nada. Busco a mão de Christopher e a seguro firme. Aparentemente ele é o meu único amigo nessa casa, além do meu filho.
— Obrigada por me alertar. Se não fosse você, eu jamais saberia da verdadeira face de Tyson.
— Eu estou aqui para o que você precisar. Você cuidou de mim quando eu mais necessitava. Cura os meus ferimentos e me fez companhia. Dessa vez eu vou retribuí-la ficando ao seu lado até que essa febre vá embora.
Eu sorri e aconcheguei no travesseiro. Poderiam me dizer qualquer coisa de Christopher, menos que ele era mentiroso. Ele demonstrou a sua face desde o começo sendo cafajeste, mas também sabendo ser um doce quando necessário. E o melhor de tudo, ele não me deixou sozinha ardendo de febre, enquanto saía para festas.
Ao seu lado eu adormeci. Há muito tempo eu não tinha sonhos, muito menos pesadelos. Aquela era a primeira noite que eu havia sonhado com algo assustador. O meu filho era retirado dos meus braços enquanto seres místicos me prendiam em uma teia de armadilhas. O sorriso forçado de um deles era aterrorizante. Parecia um bruxo ou um mago, com poderes surreais.
Eu estava desesperada com a imagem de ver meu único filho partir nos braços de um desconhecido. Logan, Logan. Eu gritava várias vezes, buscando forças para soltar do forte laço a fim de correr atrás dele. Era impossível. Ele sumiu na escuridão, deixando o meu peito em um vazio eterno.
—Logan!
Acordei assustada. Tentando controlar a respiração, percebi que Christopher não estava mais ao meu lado. Provavelmente o alfa havia chegado da noite animada, e o beta achou melhor que ele não visse a companheira dormindo com outro alguém. Eu levantei e encaminhei em direção ao banheiro. Molhei o meu rosto, escovei os dentes com a esperança da minha aparência estar melhor do que antes. Impossível. Eu sentia as fibras da minha carne sendo repuxadas por conta do terrível pesadelo, e por consequência de sono ruim.
— O que está fazendo?
Coloquei a mão no peito quando ouvi a voz do Alfa. Meu peito se encheu de felicidade, contudo em poucos segundos ele esvaziou. Eu lembrei do áudio que Christopher mostrou, o meu rosto e corpo se tensionaram.
— Estou acordada, acabei de sair do banheiro e agora estou conversando com você. Gostou da minha descrição?
— Não seja tola. O que você estava fazendo antes?
— Dormindo.
Eu ouvi o seu suspiro pesado. Ele não estava gostando nada do meu tom debochado. Eu também não gostaria de ficar sobre a sua presença, mas aqui estou.
— Se não quer falar comigo, tudo bem. Contudo, não esqueça que eu sou o seu alfa e eu posso lhe obrigar a fazer o que eu quiser. Eu sou seu dono, e você tem que me obedecer.
Eu sorri cinicamente.
— Você poderia ser antes, quando eu não sabia da sua traição. Agora, a sua autoridade não significa nada para mim.
Novamente ele suspirou pesado. Eu apertei os meus lábios, com a certeza que eu havia ido longe demais. Ele é o alfa e eu realmente devo respeitá-lo. Se for de sua vontade, ele poderia me expulsar, me fazendo ser novamente exposta à floresta, mas dessa vez eu levaria Logan.
— O café da manhã está servido, eu quero que você esteja em um minuto.
Soltei um suspiro pesado quando ele saiu. Tudo que está acontecendo entre nós está sendo desgastante e depreciativo. Lua está triste, e eu estou lhe assegurando que essa situação mudará. Eu ainda não sei como, algo dentro de mim me afirma que tudo será diferente. Então eu caminhei até a sala de jantar e me sentei na mesma cadeira de sempre. Ouvi as vozes familiares, mas não atribuí importância para o que elas estavam conversando. Eu parecia uma estranha no meio deles. Ninguém puxava assunto comigo, nem ao menos Tyson.
Até o final do café da manhã, ninguém havia falado, a não ser Christopher. Ele me deu uma carta por debaixo da mesa, a qual estava em braile. Eu estava louca, ou ele havia aprendido a fazer papéis com relevos somente para se comunicar comigo?
Naquela carta estava escrito para que ao anoitecer novamente pudéssemos nos ver. Dessa vez no jardim, aos fundos da casa, em um horário que ninguém mais estivesse acordado. Então eu recolhi o guardanapo e repousei sobre a mesa. Decidi voltar ao meu quarto, e passei a maioria do tempo naquele local.
Logan estava tão entretido com os outros lobos da alcateia, aprendendo novas habilidades, fazendo novas amizades, que nem o menos vinha visitar a mãe. Crianças! Algumas vezes eu sentia que Tyson estava a espreita, me vigiando ao lado da porta. Ele estava enfurecido demais para conversar comigo, e eu estava semelhante.
Eu senti o vento frio percorrer à janela quando anoiteceu. Era hora de encontrar Christopher. Então aos pés descalços, eu caminhei sobre a grama até o jardim. Estava na estufa, imediatamente eu senti o cheiro das flores invadir. Ainda não havia entrado nesse local, e mesmo não enxergando tenho por mim que ele seja lindo.
— Kira! Eu senti um abraço apertado, e automaticamente o meu corpo se esquentou. Era impossível não sentir sensações quando eu estava perto do lobo Christopher. E seus músculos bem marcados estavam saltando de seus braços.
— Ainda bem que você veio.As suas mãos estavam repousadas em minha face. Eu sentia que a nossa aproximação estava a um palmo de distância. Quando estávamos Prestes nos beijar, algo aconteceu.
— Kira!
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A companheira cega do alfa
Hombres LoboKira é uma loba comum, filha de uma alfa, anseia para encontrar seu companheiro. Em um dia fatídico, na batalha épica comandada pelos Lycans, ela é atingida brutalmente, isso a leva a uma cegueira total. Anos depois ela sofre uma desilusão amorosa...