Caçador - Leopoldo
Lobos são meu tipo de espécie preferida. Eu já cacei milhares e nem sempre fui vencedor. Garanto que todos eles saíram machucados, não é fácil matar um lobo. Finalmente eu poderia retornar para a casa de minha mãe e tentar acabar com algum deles. O meu alvo era o lobo Tyson, ele havia acabado de matar milhares de pessoas inocentes no vilarejo de Hamilton. Um dos informantes me comunicou do ocorrido e aqui estou novamente aos arredores de Montes Claros.
Antes que eu pudesse entrar na casa de minha mãe, percebi um movimento estranho de um lobo à espreita. Logo me coloquei na posição. Com a flecha e o arco em mãos, eu mirei em sua direção. A mira estava certa, o único problema era que ele não parava de se mexer. Era um lobo ágil, mas um pouco disperso. Estiquei o mais longe possível, e em meu segundo ato soltei a flecha.
No mesmo segundo ele correu, estava desesperado com a flecha acoplada em suas costas. Como um rato encurralado, ele se recuou quando eu me aproximei. Correndo em busca do lobo, eu pulava entre os obstáculos, como um proeminente galho de árvore caído ao solo. Os lobos são mais rápidos, obviamente, por isso, usei o artifício envenenar a ponta de minha flecha. Isso fez com que ele perdesse as forças, e causasse letargia.
Aquele era um jogo para mim. Desde pequeno eu amava ser destemido. Era uma diversão que havia se tornado algo sério. Entendi que minha missão de vida era exterminar todos os lobos, para que assim ninguém fizesse mal aos outros seres. Um lobo matou o meu pai, então me vingar de todos passou a ser o meu estilo de vida. Ele tentou se levantar arrastando o seu corpo. Não era uma flecha comum, nela continha uma alta dose de sedativo. Eu não podia riscar em deixar a minha caça escapar. Em passos curtos me posicionei ao lado do seu corpo. Ele me olhava assustado.
— Quem é você? Eu sorri.
— Seu pior pesadelo.
Ele estava desacordado. Para não desperdiçar a comida, eu levei a carne de cervo aos lábios e me alimentei. Era uma das minhas carnes preferidas, e eu não me importava em não cozinhar. Ser filho de uma bruxa, facilitava a minha vida, então eu conseguia ingerir determinados alimentos sem me prejudicar.
Arrastei aquele corpo desacordado até o acampamento de minha mãe. Eu a encontrei preparando algumas porções mágicas. Sabia que a sua intenção era colocar o corpo daquele lobo na fervura e criar as suas porções místicas. Antes que isso pudesse acontecer, arregalei os olhos quando vi uma mulher abrir a porta dos fundos. Pisquei algumas vezes a fim de olhar com mais nitidez, e ao final constatei que ela era a mulher mais linda que eu já havia visto.
Minha mãe estava com a arma apontada em sua direção. Aparentemente a mulher queria escapar do local. O seu semblante era de temor e tristeza. Jamais havia presenciado um rosto tão bonito que, ao mesmo tempo, trazia tantas mágoas.
— Ande Leopoldo, atire nela.
— O quê? Olhei para minha mãe. — Por que eu atiraria?
— Eu estou quase uma semana hospedando esses intrusos por sua causa. São três lobos, um prato cheio para sua reputação aumentar e todos lhe respeitarem como um caçador valioso que é.
Assustado. Essa era minha feição olhando para bela jovem, espantado pela sua beleza. Eu jamais poderia imaginar que ela seria uma loba. Meus olhos caíram para criança ao seu lado. Ele era parecido com a mulher. Somente um detalhe destoava um do outro, e era seu olhar sanguinário, determinado em proteger a sua mãe.
— Vocês não vão encostar nela!
Ouvi uma gargalhada terrível irradiar em meus ouvidos. Era minha mãe que estava debochando da reação do pequeno lobo.
— Quem você pensa que é para levantar a voz? Está vendo esse caldeirão? É melhor guardar essa língua na boca caso não queira parar nele.
Eu juntei a sobrancelhas. Realmente estava diante a um marco em minha vida. Capturar três lobos de uma só vez não somente faria com que minha reputação fosse reconhecida, também inflaria o meu ego. Poderia prendê-los em uma cerca úmida e imunda, os forçando a trabalhar diariamente, ou simplesmente matá-los. Algo não estava certo. Aquela mulher tinha um olhar perdido, depois de alguns segundos que pude perceber que ela era cega. Uma loba cega! Quem poderia imaginar! Minha mãe ainda estava ironizando a atitude da criança quando ordenei que ela calasse a boca.
— Estamos perdendo tempo. O lobo podemos colocar em minha panela. Tenho certeza que a refeição ficaria deliciosa. A mãe e a criança podem assumir o papel de nossos escravos. Melhor, faça o que quiser com eles. Esses inúteis valem absolutamente nada. Principalmente essa loba cega, podemos dar um fim em sua vida.
— Não. Respondi imediatamente. Era inconcebível que eu matasse aquela linda mulher de olhos perdidos. — Pode deixar que deles eu cuido.
— O que irá fazer? Que serventia teriam?
— Me deixe em paz, mãe. Desse assunto cuido eu.
Olhei para aquela linda mulher. Confesso que mentalmente a imaginava ofegante em meus braços enquanto provasse o seu corpo. Eu não sei o que estava acontecendo comigo, mas eu estava, literalmente, arrebatado pela sua extraordinária beleza. Eu avancei sobre ela, parando bem em sua frente.
— Qual o seu nome?
— Kira.
— Um belo nome. Eu não sei por que apareceu na casa de minha mãe, e realmente eu não quero saber. O único que desejo é que me acompanhe até o hotel perto da cidade. Tenho certeza que temos muito o que conversar.
Ela pareceu pensativa. Eu tinha a plena sensação que iria recusar o meu convite, principalmente pelo seu filho. Não havia o convidado, pois o que eu queria fazer com sua mãe, ele não poderia estar presente. Ela juntou as sobrancelhas e concordou.
— Eu aceito com uma condição. Peço que não faça nada com meu filho. Assim que Christopher acordar, permita que eles possam ir embora. Sem danos, sem violência.
— Mamãe, não!
— Proposta aceita.
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A companheira cega do alfa
Manusia SerigalaKira é uma loba comum, filha de uma alfa, anseia para encontrar seu companheiro. Em um dia fatídico, na batalha épica comandada pelos Lycans, ela é atingida brutalmente, isso a leva a uma cegueira total. Anos depois ela sofre uma desilusão amorosa...