Capítulo 30- Eu te rejeito

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Kira

— isso não pode ser real!

Apertei os olhos com o grito no andar de baixo. Eu não sabia o que estava acontecendo. Tyson estava furioso. Agradeço a Deusa luna por não ser comigo, pois eu sei que depois da noite maravilhosa que tivemos, a nossa relação mudou para melhor. Eu decidi perdoá-lo pelo que fez comigo, por todas as dores e mentiras. Eu descobri que estar sem ele era ruim, e manter a distância era impossível.

Nossos lobos foram feitos para ficar juntos tal como os nossos corpos. Eu pertencia aquele lobo cruel e doentio, que incrivelmente tinha o dom de me agradar e se transformar em uma pessoa gentil. Às vezes eu não compreendia as várias faces do lobo Tyson. Sabia somente que estar com ele era o que eu mais desejava. Eu não me via sem a sua presença e em meu coração eu tinha certeza que estaríamos juntos para a vida inteira.

Com o corpo preguiçoso, ainda com reflexos da noite anterior, eu levantei e caminhei em direção ao banheiro. Não foi difícil gravar a quantidade de passos até ele, a minha memória estava bem acostumada com isso. Decidi tomar um banho rápido para retirar o excesso de suor derivado da noite anterior. Kira, Kira, você se entrega tão facilmente.

Coloquei uma blusa de alças finas, um short jeans e chinelos. Meus cabelos estavam bagunçados, mas eu não me importava. Desde que Tyson gostasse, não importaria quem odiasse. Eu nem sei como direi a Christopher que não poderíamos continuar com nosso relacionamento de amizade. Eu sei que ele queria mais do que isso, e eu não posso lhe ofertar. Será uma pena nosso distanciamento, pois eu gosto muito dele.

— O que tem para o café? Entusiasmada perguntei ao sentir o cheiro gostoso de meu companheiro misturado ao frescor dos pães e o café preto. — Tyson?

Ele não me respondeu. Eu sabia que ele estava no mesmo cômodo, e mesmo assim não me respondeu. Juntei o cenho ao constatar que outra figura estava no mesmo local. O perfume enjoado de Leona arrepiou os pelos dos meus braços. Essa mulher é deplorável, e sinceramente eu não sei porque ela veio. Então eu caminhei para o odor do meu companheiro e me joguei em seus braços.

— Tyson, está tudo bem? De imediato ele se afastou. Piscando algumas vezes eu senti a sensação de menosprezo o qual eu era acostumada. Só não entendi o porquê disso. — O que houve?

— Pode nos deixar a sós, Leona?

— Não sei. Quero ficar e esperar ver o espetáculo que irá se iniciar. Quem sabe eu não tomo café e como alguns pães enquanto aprecio a esfarrapada ser expulsa novamente.

— O que ela está falando? Eu pergunto tentando decifrar o mistério que nos atravessa. — O que você está falando?

Leona me responde somente com uma risada baixa e carregada de ironia. Ouço os sons dos seus passos se afastarem, deixando meu companheiro e eu a sós. Aliviada, sentindo o ar ficar mais leve, deixo o peso dos meus ombros caírem. Novamente, corro em direção a Tyson a fim de abraçá-lo. Por breves segundos sinto o seu cheiro e logo sou afastada como uma pedra atrapalhando o caminho.

— O que houve? Elevei as mãos ao cabelo e puxei conforme a ansiedade me consumia. — Eu não entendo. Ontem à noite éramos um só, em um ápice de êxtase e delírio. Hoje você me trata friamente como se eu não fosse nada para você.

— Isso é verdade. Você não é nada do que eu pensava. Me enganou da pior maneira. Usou o meu coração e infelizmente acreditou que poderia brincar comigo. Eu não gosto de brincadeiras Kira, muito menos que omitam fatos importantes.

— Do que você está falando? Eu jamais iria te enganar.

Senti meu coração batendo mais rápido do que o normal. As minhas mãos estavam frias, meu estômago contorcido. Eu ansiava pela hora de me ausentar da sua presença. Não gostava que ele me tratasse grosseiramente, em seu modo frio e calculista.

— Eu quero que me responda à verdade e somente a verdade.

— Me pergunte o que quiser.

Ele suspirou fundo. Por um instante deixou de falar, parecendo estar em uma luta interna consigo mesmo, se era certo ou errado dizer o que estava pensando. Ele poderia me perguntar sobre qualquer assunto, eu não tinha nada a esconder.

— Você é da alcateia de Lua Negra?

— Por que você quer saber?

— Somente responda.

Se antes o meu coração batia rápido, dessa vez estava em uma melodia intensa. Eu sabia que Lua Negra era inimiga do Alfa Tyson, contudo, eu não entendia o porquê de tanto ódio. Eu cheguei a ouvir quando declarou guerra a minha alcateia e por um momento eu pensei em fugir e avisar o meu pai o que estava acontecendo. Não podia. Se o meu companheiro era de uma rival e mesmo que essa fosse a minha, teria que permanecer ao seu lado.

— Sim.

Novamente o único som que brindava ao ambiente era o silêncio. Eu esperava que ele me xingasse, me colocasse para fora, tudo menos o seu desprezo. Aparentemente havia se decepcionado com essa informação, e eu me perguntava quem havia descoberto.

— Por quanto tempo iria me esconder?

— Esconder o quê? Que eu faço parte de Lua Negra? Isso não deveria ser um empecilho entre nós dois. Na verdade, eu não sei porque tanta rivalidade com a minha alcateia. Na realidade até hoje eu não lhe perguntei qual é o nome da sua.

— Não interessa! Ao seu intenso grito, eu engoli a seco. — O que importa é que você mentiu. Uma espiã entre nós, dormindo ao meu lado, dividindo a mesma cama que a minha. Eu me arrependo do dia em que lhe tomei como minha companheira. Esse foi o pior erro da minha vida e até o meu último suspiro eu irei me arrepender.

— O que você irá fazer comigo?

— Eu, Alfa Tyson, da alcateia dos Lycans, rejeito você como minha companheira.

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A companheira cega do alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora