Capítulo 66- Uma nova paixão?

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Que ideia louca! Isadora insistiu que seria uma ótima ideia que eu aparecesse no baile do senhor Gael. Logo agora que imaginei refazer a minha vida de um jeito calmo. Pelo menos era isso que eu imaginava. Aos poucos conseguirei um dinheiro e fugirei desse local, afim de ir em busca do meu filho. Parecia que a Deusa Luna estava preparando um outro caminho.

Suspirei pesado e fui para o meu quarto. Com o vento frio, eu sabia que era tarde da noite. Deitada, eu imaginava o que seria da minha vida. Me perguntava se poderia ser feliz um dia. Eu realmente não sabia resposta.

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— Ande menina, você vai se atrasar!

A voz irritante daquela mulher, ecoou em meus ouvidos. Após ter forçado-me a limpar o seu quarto, agora grita como uma louca para quedas se levantem. Percebo as mulheres nervosas, me perguntou por quê. Há um cochicho entre elas, como se uma fofoca reveladora estivesse à tona.

— O que acontecerá de tão importante?

— Eu não acredito que você não percebeu. Ah! Esqueci que é cega. A casa inteira está preparada para o grande baile que irá acontecer hoje à noite.

Junto as sobrancelhas. O famoso baile que Isadora havia comunicado. Que droga! Eu não tenho tempo para me arrumar, como poderia ir para esse baile com os cabelos revoltos, e a pele mais grudenta do que gosma de sapo? Sinto um pano ser arremessado em meu corpo. Verifico se tratar de uma toalha.

— Ande! Não ouviu o que eu falei? Além de cega é surda? Hoje terá um grande evento, o maior baile de todos os tempos. O senhor Gael não quer nenhuma empregada fedida o servindo. Então levante a sua bunda e vá imediatamente para o banheiro com as demais.

Soltei um suspiro cansado. Não havia para onde correr. Então peguei aquela toalha e caminhei de encontro das outras meninas. A única que não se afastou e me ajudou foi uma garota de 20 e poucos anos, Kimberly o nome dela. Guiou-me até o banheiro, onde eu pude me banhar nas águas frias do inverno. Era estranho tomar banho em meio a dezenas de mulheres, era como se você fosse o centro das atenções, mas não fiquei com vergonha, eu não enxergava mesmo.

Após o banho, cada um foi para os seus afazeres. Aparentemente todos deveriam estar alinhadas, perfumadas e bem vestidas para recepção. Nós iríamos trabalhar como ajudante dos garçons, trabalhando dobrado para servir todo reino.

Eu umideci os meus lábios sentindo um leve enjoo. Tenho por mim que Isadora percebeu, pois caminhou em minha direção e impediu-me de continuar os meus afazeres.

— O que está acontecendo? Ontem percebi que seu rosto estava abatido acredito que não seja por conta do trabalho, não deu nem 24 horas que você está morando nessa casa.

Eu engoli a seco.

— Não está acontecendo nada.

— Kira, se você não contar pode ser pior. Isso que está te afetando, pode se agravar, e quem sabe uma tragédia aconteça.

— Vira essa boca para lá! Nenhuma tragédia acontecerá. Eu já disse que não é nada demais, somente um mal-estar, com certeza por alguma coisa que eu ingeri.

Escutei o seu suspiro.

— Você está grávida.

Enrruguei o rosto. Droga! É nessa mesma hora que irão me expulsar, jogando o meu corpo na rua, como um lixo qualquer. É assim que sempre acaba. As pessoas me usam como bem querem, e depois quando não tem uma serventia, me descartam como uma sacola barata.

— Isso é ótimo! Juntei ao cenho. — Com essa informação, fica claro que você e o Príncipe, ficarão juntos.

— Por que você diz isso?

Ela pediu para que eu abaixasse o tom de voz. As outras meninas não poderiam nem desconfiar que ela me ajudaria a me infiltrar no baile do príncipe. Ainda não sei porque Isadora está me ajudando, mas sinto que confiar nela não será um equívoco.

— O príncipe de Gardênia já foi casado diversas às vezes, e nenhuma mulher foi capaz de lhe dar um herdeiro. Estando grávida, será perfeito para que ele possa enxergar uma esposa em você.

Balancei a cabeça, ela realmente estava fora de si. Eu sabia que o príncipe jamais iria aceitar uma mulher esperando o filho de outra. Haveria muita gente no baile, entre todas as beldades, sabia que ele não iria me escolher.

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Então Isadora ordenou que eu tomasse mais um banho, para retirar todo o suor que havia sido impregnado em meu corpo. Ela me ofereceu um vestido, o qual era bem justo na cintura de cauda longa. Eu sentia o pano, era um cetim grosso, parecendo ser de bastante qualidade. O busto, era apertado, em formato coração. Ela amarrou o meu cabelo deixando em um coque alto, maquiagem, joias, foram inseridas.

— Oh meu Deus. Você está muito linda!

Sorrio. Não posso ver como estou, mas tenho certeza que estou deslumbrante.

— Tenho por mim que o rei ficará louco quando lhe encontrar.

— E o que eu faço, quando ele descobrir que eu estou grávida?

Ouvi o seu suspiro pesado.

— Não diga nada.

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Eu estava nervosa, meus lábios ressecados, ganharam certa umidade quando passei a ponta da língua por eles. Assim que entrei ao salão, ouvi a quantidade de vozes, não eram poucas. O que eu estava fazendo aqui? Uma pessoa cega querendo transparecer segurança, mas a realidade é que eu sou muito insegura por dentro.
Assim que começo a andar, não demora muito eu esbarrar em alguém.

Apesar da língua diferente, entendo que havia sido insultada. A pessoa na qual eu esbarrei, deixou cair o seu champanhe, deixando a taça quebrar o chão. Ela gritou e eu recuei. Girei o corpo, e corri desesperada. Tudo que eu queria era me livrar daquele local, me livrar daquelas roupas, das pessoas. Não sabia para onde eu estava indo, com certeza parecia uma louca desesperada.

Senti o ar gélido, toquei no mármore o qual identifiquei ser um corrimão. Eu estava provavelmente no jardim do salão. Abaixei minimamente a cabeça, questionando-me como eu era tão tola. Novamente senti o frio percorrer o meu corpo. No momento que iria me abraçar, esquentando a minha pele, mãos fortes apertam os meus braços.

— Olá.

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A companheira cega do alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora