Capítulo 6- Meu bichinho assustado

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Tyson

Eu sorri quando recordei da reação dela, quando disse aquelas palavras. Kira está sobre meus cuidados, eu cuidarei dela, e não deixarei faltar nada, como um verdadeiro companheiro deve fazer. Comida, roupa, moradia, ela terá enquanto eu for seu protetor.

O que me irrita é a minha péssima mania de visualizar o futuro. Leona está viajando, desfilando em uma coleção de moda em Paris. Eu sei que quando voltar, Kira terá uma surpresa não grata e eu não sei como ela corresponderá a isso.

Até lá, eu tentarei fazer de tudo para que minha companheira sinta-se à vontade ao meu lado. Espero que ela perceba que não há porque fugir, pois comigo ela terá um abrigo, além de um peito quente para se encostar nas noites frias da alcateia Lycans.

— Você não vai comer, meu bichinho de estimação? Perguntei enquanto encarava aqueles olhos assustados. - Você precisa comer, está fraca. Eu não quero ninguém desmaiando e me acusando de maus tratos.

— Não se preocupe. Se eu não comer, enfraqueço de uma vez e morro. Assim você não precisará ficar amedrontado se algo acontecer e lhe acusarem.

Eu sorri jogando minha cabeça para trás.

— Amedrontado? Não minha, querida. Eu não sei o que é esse sentimento. É melhor que você coma, nós temos um longo dia pela frente.

— Eu não vou comer nada.

Minimizei os olhos quando escutei a sua voz cortante. Eu percebi que ela estava em uma luta interna consigo mesma. Eu levantei e caminhei até ela. Peguei uma fruta e coloquei em sua frente.

— Abra a boca, e coma. Isso é uma ordem. Ela reprimiu os lábios. Deixou um suspiro pesado sair pelas narinas, e fatalmente abocanhou um pedaço da maçã. — Muito bem. Do jeito que ordenei. Automaticamente, ela cuspiu o alimento ao chão.

Eu peguei em seus braços, a forçando a se levantar. No exato momento em que iria castigá-la, a manga de sua roupa subiu, evidenciando marcas de chicotadas na pele ávida.

— Estou farto de você, menina insolente. Disse, por fim.

Soltei sua mãe e caminhei para fora do aposento. Aquelas marcas não são derivadas de rivalidades com lobos comuns. Elas são profundas como se um lobo de tamanho desproporcional houvesse ferido o seu corpo intencionalmente. Seja quem for o maldito, a minha raiva por ele é dez vezes proporcional aos machucados de minha companheira. Quando o encontrar eu não terei piedade. Provavelmente foi ele que causou a sua cegueira, tirando a luz dos seus olhos e isso eu jamais perdoarei.

Caminhava pelos corredores, quando um furacão de cabelos loiros atravessou a sala. Ele trombou em minha perna e caiu de bunda ao chão. Nada contente, eu ergui uma sobrancelha.

— O que está aprontando, pequeno lobo?

— Nada. Ele negou, mas eu sabia que por detrás do seu corpo ele escondia algo.

— O que roubou?

— O que está falando? Eu não roubei nada. Sua intonação de voz me fez lembrar de alguém. Talvez não seja somente a sua aparência física que se assemelha a mim. 

— Pare de palhaçada, garoto. Me dê imediatamente o que você esconde.

Eu percebi que o seu corpo começou a tremer. Ele estava ficando com lágrimas aos olhos e isso não me comovia.

— Como faltou a presença de um pai para você, não é mesmo? Roubando o que não é seu. Não importa se você é o meu herdeiro, eu não admito ladrões!

A minha voz era fria e isenta de emoções. Eu não me importava se ele teria ódio de mim. A única coisa que me importava era que ele não manchasse o meu nome. Ladrões não são aceitos em minha alcateia, e se for preciso, eu o retiro daqui e mando direto para um internato na cidade.

Assustado, gradualmente ele retirou as suas mãos de trás de suas costas. Constrangido fiquei, quando ele abriu a palma da mão, revelando um biscoito que parecia cookies amanteigados.

— Eu... Não sabia.

Ele virou as costas e correu para o lado de fora. Balancei a cabeça para retirar qualquer sentimento fraco da minha mente. Caminhei de volta para o quarto de minha companheira, e percebi que ela já estava arrumada, usando uma calça jeans apertada e uma blusa preta de mangas curtas.

— Você está linda. Disse olhando o seu corpo inteiro. Ela era uma espécie de fada e feiticeira. Seu corpo era simétrico, de seios fartos e cintura fina. - Eu queria esquecer que estou atrasado para a apresentação. Eu gostaria de retirar toda a sua roupa, e deixá-la desnuda em cima da cama, pronta ao meu prazer.

Eu senti quando ela prendeu a respiração. Apertou as pernas como se por dentro a erupção tomasse conta. Lentamente eu caminhei até ela. Retirei a sua mão esquerda, que estava pousada em sua cintura, e depositei um beijo suave. Levantei e me aproximei de seu ouvido somente para sentir seus pelos a se arrepiar.

— Minha.

Ela engoliu a seco, parecia ficar nervosa sobre a minha presença. Ergui a mão direita e endireitei uma mecha caída. Ainda com as mãos elevadas, arranhei o seu maxilar e posteriormente desenhei seus lábios com o meu polegar.

— Ah, garota. Eu a apertei contra a parede. Novamente ela soltou um barulho com a boca, dessa vez assustada. - Eu queria tanto me aterrar fundo e forte, e saborear o seu belo corpo o dia inteiro. É uma pena que temos um compromisso inadiável. Encostei minha testa na sua, o meu lobo estava incomodado com a demora para possuí-la. Eu sou o alfa, poderia perder alguns minutos, chegar atrasado e ninguém se importaria, bom, pelo menos eu não ligaria.

— Por favor. Eu senti a tensão em seu corpo. No mesmo momento em que ela queria que eu a possuísse, eu sentia que a sua vontade era de me afastar. — Me deixe em paz.

Eu juntei a sobrancelhas. Todas as jovens dariam a vida para ter momentos prazerosos comigo, mas essa mulher surpreendentemente me detesta!

— Você deveria me amar. Gostar de mim. Eu sou seu companheiro, e o seu dever é me agradar. Sussurrei. Nossas respirações se atravessaram. Meu lobo clamava para que eu avançasse e desse um fim na sua ânsia em ter sua companheira.

— Eu nunca amaria um monstro.

— Você não deveria ter falado isso.

A companheira cega do alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora