Capítulo 78 Ataque do reino

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Tyson

Eu estou devastada e sem rumo. Consegui acabar com os planos que eu tinha de levá-la comigo. Era tão simples, tudo. Eu tracei um caminho reto que nos levaria de Gardênia até a alcateia dos lycans. Ela não precisava mais importar com o alfa Kairos, nem com toda carga emocional que ele trazia com ela. O homem estava acabado após perder a sua esposa, isso havia o destruído.

Aquele era o começo do fim de toda briga. Uma vida pela outra, sem mais. Era tão simples, somente aceitar voltar comigo, mas ela preferiu estar ligada com aquele príncipe. Eu sei que até o final do dia irá se arrepender e voltar para os meus braços. Espero que ela não tenha se envolvido profundamente com ele. Eu não perdoaria. Não aceito que toquem no que é meu. Ela é somente minha.

— Senhor. Estamos sendo atacados.

A noite estava escura e silenciosa, com apenas o som do vento quebrando o silêncio. Eu corri caçando os invasores, com a certeza que o príncipe Gael, havia ordenado o meu assassinato. Com meus sentidos aguçados, atento a qualquer movimento, eu avancei. De repente, o céu bradou com tochas e gritos de comando.

Os soldados do Príncipe, com suas espadas e armaduras, avançavam sedentos pelo meu pescoço. Ergui a cabeça ordenando para que os meus lobos avançassem. Meu olhar era penetrante, eu também não iria recuar. Em um instante, a batalha começou.

Um grupo de soldados avançou com lanças e escudos, tentando cercar o meu povo. Rosnei, com um salto poderoso, derrubei o primeiro soldado, que caiu ferido. Outros avançaram com precisão, lançando seus equipamentos. Eles eram rápidos, mas nem tanto para lobos comparados aos Lycans. Não nos importávamos se eram pessoas normais, sabia que éramos lobos, e se ele ousou em arriscar os seus soldados para lutar comigo, é porque não se preocupa com eles.

A cena se tornava cada vez mais caótica. Os corpos estirados ao chão, denunciavam a batalha sangrenta que acontecia. Eu desviava e atacava com uma força impressionante. Utilizando a força dos dentes, arremessei um deles a árvore, se estremeceu com o impacto. O cheiro de ferro e suor misturava-se com o odor da terra molhada, enquanto todos lutavam para defender a honra e território.

Em um movimento rápido, com boca, lancei dois soldados para um rio que cortava a região norte do reino de Gardênia. Com certeza eles teriam notícias de quando os corpos chegassem até eles. Eles estavam estremecidos, o pavor estava presente ao olhar dos jovens. Muitos eram inexperientes, colocados por um príncipe que não sabia governar o seu reino.

Um soldado, tentando usar uma estratégia de distração, atirou uma flecha que passou zumbindo ao lado de minha cabeça. Girei rapidamente, agarrando o arqueiro com minha mandíbula e o lançando contra um grupo de companheiros.

A batalha estava próximo de acabar, eles iriam se render. Surpreendentemente, outros soldados apareceram causando um ataque surpresa. Estavam com um equipamento enorme o qual soubemos o que se tratava posteriormente, quando as bombas foram lançadas. Todos os lobos formavam fila para me proteger, e assim foi feito. Quando percebi que muito dos meus homens haviam sido feridos, algo dentro de mim renasceu. O imbatível Lycan guardado, ressuou bradando na imensa floresta, alertando que ele estava a caminho.

Meu corpo se estendeu, deixando os músculos mais largos. Estava passando pela metamorfose. Os pelos mais densos, os dentes maiores, as garras grossas arranhando ao chão, mostravam que eu não estava para brincadeira. O meu Lobo havia duplicado de tamanho, isso nos deixou impressionados. Alguns deixaram os equipamentos estirados ao chão e correram como ratos inúteis. Outros mantiveram as lanças e espadas firmes à mão, mesmo que ainda estivessem com medo do que poderia acontecer.

Inclinei o rosto, e em meu interior, eu sorri.

Então eu avancei.

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Aquela guerra era uma das mais sangrentas que eu já havia passado. Tinha certeza que isso iria repercutir em todos os jornais, e logo os caçadores, a polícia, toda a autoridade iria vir até mim. Meus homens disseram que dois caçadores haviam sido capturados, pois estavam à espreita em meu acampamento. Droga! Arremessei meu copo de whisky. Tudo isso por culpa de Kira. Se ela tivesse aceitado o meu pedido de reconciliação, nada disso estaria acontecendo.

Algo no meu bolso começou a vibrar, verifico que se tratava do meu celular, logo atendi.

— Alô.

— Sou eu, Kira.

Eu sorrio. Ao fundo eu sabia que ela não iria demorar para voltar aos meus braços. Estava esperando escutar de sua voz as palavras: eu me arrependo de não ter aceitado a sua proposta.

— Não precisa se desculpar. Confesso que fiquei magoado ao ver você com outra pessoa. Mas isso é passado. O mais importante é que você se arrependeu e quer voltar para a alcateia comigo.

— Eu não voltarei.

Pisco algumas vezes, um tanto desorientado.

— Como assim? Você me ligou por conta disso, não é mesmo?

— Não. Eu liguei somente para pedir que você vá embora de Gardênia. Eu soube do massacre que aconteceu em seu território, e eu só peço que esqueça toda a guerra.

— Não! Aperto o aparelho. — Eu não vou embora enquanto você não vier. Não darei fim a guerra, enquanto o seu marido estiver mandando soldados para me matar.

— Por favor, Tyson. Você está matando pessoas inocentes 

Eu não estava me reconhecendo. O ódio que estava em mim, não era comum, somente Kira obtinha o poder de transformar todo meu amor em raiva.

— Eu não vou embora enquanto você não for comigo! Você não está entendendo, querida. Você é minha, estava escrito até antes de nascer. Eu não irei, nem mandarei que os lobos recuem, enquanto você estiver ao lado desse homem.

Então ela respirou pesado, e depois de um tempo voltou a falar.

— Tyson. Eu amo meu marido. Quero ficar com Gael para o resto da minha vida. Entendi que ele é a pessoa que eu quero viver, com ele, quero construir uma família que não construí com você.

Juntei as sobrancelhas.

— Você se deitou com ele?

— Tyson...

— Responda!

— Sim. Ela afirmou. — Eu me deitei com ele, e me deitaria novamente. Ele é o homem que eu desejo. Engoli a seco, paralisado com suas queixas. — De você, eu só quero o meu filho. Esqueça que eu existo, eu não te quero mais.

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A companheira cega do alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora