Capítulo 52- Segredo de família

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— Meu amor! Desci do banco, agachei e senti o seu corpo miúdo adentrar em meus braços. Quanta saudade eu estava disso. Do cheiro de gel de cabelo o qual ele deixava sempre alinhado. — Não sabe quanta falta você me fez. Como você está, querido?

Ele não respondeu, permaneceu abraçado ao meu corpo, e isso fatalmente me fez chorar. Quando senti suas lágrimas molharem a minha blusa, eu chorei mais ainda. O abracei apertado, como se quisesse grudá-lo em meu coração e nunca mais retirar. Meu filho amado, o que seria de mim sem você?

— Eu te amo tanto, Logan. Foi tão dolorido ter que me separar. A mamãe precisava ajudar o papai e acabou que eu fui sequestrada. Que bom poder te reencontrar novamente. Como você está?

— Bem. Eu estava com muita saudades mamãe. Ele continuava a chorar, eu coloquei as minhas mãos em suas bochechas e limpei as lágrimas. Jamais havia visto meu filho emocionado, isso é lindo. — Pensei que nunca mais iria reencontrá-la.

— Não pense assim. Eu voltei abraçá-la. —mamãe estava louca para te encontrar. Jamais pense que eu quis te abandonar, pelo contrário. Eu notei com unhas e dentes para permanecer viva e voltar para os seus braços, sentido presente como agora.

— menino, Não Me faça chorar. Sorrir brevemente com a fala de Carlota. — Vocês são uma família incrível. Fico muito feliz em realizar esse encontro. Logan estava bastante ansioso para que isso acontecesse.

— Eu também estava.

Depois que toda a emoção passou, eu me recordei de uma pessoa em especial, Christopher. Lembro-me bem que no dia do meu casamento com Richard meu pai havia me confrontado dizendo que seu nome casasse, algo de ruim iria acontecer com o Logan. Isso me fez perguntar o que havia acontecido com Christopher.

— Eu não sei, mamãe. Estávamos na floresta e dois lobos nos sequestraram. Christopher tentou nos defender mas havia pouco tempo que havíamos batalhado com a bruxa da floresta. Ele estava cansado e confesso que eu também estava.

Eu suspirei cansada. A preocupação era presente em meu rosto, ao mesmo que eu não quisesse que Logan percebesse, era difícil esconder. Por um segundo quis esquecer de toda essa merda. Voltei para a bancada e continuei a saborear a minha refeição. Logan também provou e amou a comida de Carlota. Ela havia ganhado mais um fã.

Os dias se passaram, e eu fiquei muito contente por poder andar livremente sobre as terras de Lua Negra. Meu pai não estava e aparentemente ele não havia colocado regras, limitando por onde eu poderia percorrer. Naquele mesmo local havia um jardim lindo no qual eu tinha certeza que Logan iria amar em conhecer. Assim que chegamos ele correu a explorar o terreno. Ouvi quando outras crianças se aproximaram, e eles começaram a brincar.

— É tão bom que ele esteja com outros da sua espécie. Brincando, não batalhando. Ele precisa ter esses momentos na sua infância.

— Sim. Respondi a Carlota. — Esse era o meu maior medo quando ele conheceu o pai. O pai só queria somente que ele se tornasse um guerreiro, habilidoso e corajoso. Isso é ótimo, mas ele não estava brincando como antes, fazendo tarefas de uma criança normal. Eu sempre lutei para que ele se enturmasse com os outros da sua espécie. O único que não queria era que ele se machucasse.

— Impossível isso não acontecer, Kira. Ele é um lobo. Vai chegar uma hora que terá que enfrentar inimigos nas batalhas. Você vai ter que liberá-lo de suas asas e deixá-lo explorar o mundo.

— Sim, mas até isso acontecer eu irei protegê-lo de tudo e de todos. Nem que isso custe a minha própria vida.

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Era tarde da noite quando eu retornei para o acampamento com Carlota e meu filho. Ordenei que ele fosse se banhar, para retirar toda a sujeira de um dia de brincadeiras. Acompanhei Carlota até a cozinha, afim de preparar a refeição dos outros soldados. Tudo estava tranquilo, quando em uma conversa e outra eu voltei a questioná-la sobre o meu passado.

— Eu não tenho muito o que dizer sobre a sua mãe, Kira. Ela era uma boa mulher, sorridente, esperançosa. Acreditava que o mundo iria se ajeitar e as pessoas ruins se transformariam em boas.

— As pessoas ruins, você diz o meu pai. Escutei o seu cansaço. —Não esconda isso de mim. Essa história parece uma peça de quebra-cabeça faltando alguns pedaços. Eu queria saber se minha mãe tinha outro companheiro, outra pessoa por quem jurou amor.

—Por que você me pergunta isso, garota?

— Alguma coisa me diz que vocês escondem muito sobre essa história. Não é somente isso que você me diz superficialmente. Eu entendo que a minha mãe era uma boa mulher, que estava com meu pai, apaixonada por ele. Mas a forma que ela morreu, é muito suspeita.

— Kira! Não fale sobre essas coisas desse jeito, jogando assuntos delicados ao vento. Ela me advertiu. — O seu pai não pode suspeitar que você insiste em saber dessa história. Ele me fez prometer jamais contar os segredos da família, e eu farei isso até o final da minha vida.

—É injusto que você me esconda algo tão importante. Caramba, Carlota! Você sabe o quanto eu sofro com a rejeição do meu pai. Eu queria somente entender o porquê de tanta mágoa, quando eu enxergava eu podia sentir o nojo em seus olhos, Como se eu tivesse uma doença contagiosa.

Ela fez um som com a boca o qual eu não identifiquei o seu sentimento.

— O seu pai chegou a te amar. Ele só não soube continuar regando esse amor e postergar por toda a sua vida. Somente isso que você vai tirar de mim hoje. O seu pai te amou sim.

Eu parei tudo que estava fazendo e corri imediatamente para a cozinha. Me magoava o fato dela não querer dividir esse assunto comigo. Acredito que eu seja sua melhor amiga. Porque não me falar a verdade? Cansada, eu sentei no primeiro degrau da escada ao lado de fora. Senti um cheiro familiar o qual me fez enrijecer o corpo.

— Kira?

— Anne?

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A companheira cega do alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora