Capítulo 85- Por um fio

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No meio da floresta fria, e das pilastras do palácio, eu os ataquei. Transformada em minha loba, não me importava com o que ia acontecer. Eles eram muitos, atacavam como se não tivessem medo de me ferir gravemente. Eu respondia na mesma medida. Eu sabia que no fundo, Gael havia ordenado isso, que se por um acaso eu me transformasse, eles revidassem com toda força.

Então eu saltei no corpo de um guarda, abocanhei seu pescoço e joguei longe. Dois vieram em minha direção e logo desviei, fazendo com que eles acoplassem suas espadas ao meio do tronco. Eu corri em busca da saída, mas logo outros guardas apareceram. Uma batalha épica começou. Eu não me importava de quantos golpes estavam a me ferir, Lua era uma brava guerreira, e alguns cortes não seriam o suficiente para machucá-la.

"Nossa força está em você." Como se escutasse o que eu estava pensando ela me respondeu. "Eu acredito em você, Kira."

Com uma pitada de adrenalina, a minha força se multiplicou. Se antes eu estava compadecente com os humanos, agora esse sentimento estava morto. Correndo, em direção a eles, eu abocanhei suas cabeças em um ato apenas. Mesmo imobilizados eles tentaram me ferir, não foi possível.

Eu retirei suas peles, e eu joguei para longe. Percebi que muitos estavam com utensílios mortificantes, que poderiam me ferir. Por esses dias, enquanto ainda estava presa, ouvi dizerem que eles haviam juntado forças para criar um artifício capaz de levar o lobo o sono profundo até a morte lenta e dolorida. A minha única opção foi correr, infelizmente estava correndo para a direção de um precipício.

Olhei para trás sentindo os passos pesados, ele estavam sedentos pela minha vida. Senti as vibrações que Gael estava a nos vigiar. Ao alto do castelo vinha vibrações pesadas, e eu sabia que ele queria que os guardas me atingissem para que seus problemas pudessem acabar.

— Nunca irão me pegar!

Então eu continuei a correr. Senti flechas e lances pesadas zumbirem no meu ouvido, não iria demorar muito para que pudessem acertar o alvo. Eu sabia que o precipício estava perto, maior do que o outro que eu havia pulado. A única chance que eu tinha era de saltar em um pulo primordial e acabar ao outro lado.

Reuni um pouco de coragem que ainda restava e concluí o meu ato. Com o impulso, eu fiz com que minha patas batessem ao solo e pularem ao ar. Nos mínimos segundos em que me restavam de um lado para o outro, eu pedia insistentemente para que a deusa Luna pudesse me proteger. Eu tinha certeza que a minha vida não acabaria naquele momento, com um acidente e posteriormente a carne sendo devorada pelos outros animais.

Meus olhos estavam fechados, os quais só abri, quando havia repousado ao chão. Um suspiro de alívio havia sido expelido, eu estava bem. Transformada em minha forma mais fraca, eu sorri calma, e exaltando as minhas habilidades. Eu tinha certeza que o príncipe doente, e o resto da sua família estavam possessos comigo, isso me satisfazia.

//

Eu entrei na cabana. O cansaço em meu rosto era inevitável. O som de madeira ecoou sobre o piso qua do adentrei a sala. Eu havia fugido do reino do meu marido e, após dias de exaustão, finalmente encontrei um refúgio na cabana que Tyson, meu companheiro.

Eu sentir o seu cheiro próximo. Ele estava a me vigiar, acima de você a reação alguma. Eu me questionava se ainda me queria por perto.

— Você conseguiu chegar — disse Tyson, a voz carregada com uma emoção que ele tentava controlar.

Eu não respondi imediatamente. O cansaço que abatia sobre mim estava afetando a minha mente. O único que consegui fazer foi correr em sua direção e abraçá-lo com toda a força. Sua cintura estava espremida pelo tamanho do peso em que eu forçava.

— Não sei quanto mais consigo suportar tudo isso — confessei, minha voz quase um sussurro. — Tudo está tão confuso, tão... opressor.

— Está aqui agora. E eu vou cuidar de você, Kira.

A proximidade dele fez com que o calor da cabana se tornasse um peso difícil de ignorar. Nós estávamos muito próximos, e isso mexia com os meus pensamentos. Ele me abraçou ainda mais forte, me acolhendo em seus braços como uma espécie de proteção.

O toque dele transmitindo uma sensação de segurança que ela há muito não sentia. O beijo de Tyson, que começou suave e hesitante, rapidamente se tornou mais urgente e profundo. O mundo exterior, com suas ameaças e medos, parecia desaparecer enquanto eles se entregavam um ao outro, a intensidade do momento sendo uma fuga temporária da realidade.

Ao mesmo tempo que eu queria me afastar, eu sentia uma necessidade tremenda de tê-lo por perto. Nossas bocas se juntaram em uma só melodia, tornando aquele momento urgente. Eu estava em uma luta interna, ao modo que queria me afastar, colocando barreiras entre nós, e do outro lado, eu não poderia viver sem aquele aconchego do meu alfa.

Quando finalmente se separaram, ambos estavam ofegantes, a respiração entrecortada pelo calor e pela paixão. Eu olhei para Tyson, suas emoções, um turbilhão de gratidão, desejo e uma sensação de pertencimento que eu não conseguia ignorar. O calor da cabana, antes sufocante, agora parecia uma cobertura que nos envolvia, um espaço onde poderíamos nos encontrar e nos apoiar, mesmo que o mundo lá fora continuasse a ser uma ameaça constante.

— Eu preciso que você fique ao meu lado. Juntos podemos combater o reino de Gardênia e o príncipe opressor. Eu preciso que você confie em mim, e acredite que eu só quero seu bem.

Nossas testas se encostaram.

— Por favor, Kira. Essa talvez seja a única e a última chance que podemos ter de ficarmos juntos.

— Eu não posso deixar com que ele lhe faça mal. E se o príncipe lhe matar? Eu realmente não sei o que seria de mim se algo acontecesse com você.

— Isso não irá acontecer. Eu lutarei bravamente para que a minha vida seja preservada. Só há uma única maneira que ele possa me matar, de uma forma que eu não teria controle, nem saberia como escapar.

— Como?

— Ferindo a pessoa que mais amo em toda minha vida. Você.

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A companheira cega do alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora