Capítulo 31 - Humilhada pelo alfa

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— Eu acredito que eu não tenha escutado direito. Por favor, repita o que disse.

— Eu lhe rejeito, Kira. O que há? Acreditou que continuaria como uma mentirosa infiltrada aderindo informações para enviar ao seu alfa? Eu entendi tudo. A todo momento se fazendo de inocente, como uma menina ingênua. Eu não sei nem ao menos se você é cega de verdade.

Essa mesma hora os meus olhos se encheram da água. Em um piscar de olhos, eu deixei elas escorrerem em minha pele. Não podia acreditar no que estava acontecendo. Ele estava agindo como se eu fosse nada, tratando como uma fêmea qualquer, como uma daquelas que ele carrega para sua cama tarde da noite.

— Por que está fazendo isso comigo? Eu acreditei que entre nós havia uma ligação especial que seria eterna, demonstrando que estaríamos juntos e felizes até o final de nossas vidas. 

Ele soltou uma risada aguda. Eu podia imaginá-lo colocando as mãos na cintura e jogando a cabeça para trás. Típico do alfa ser alguém arrogante.

— Por que está ferindo o meu coração?

— Às vezes eu me pergunto se você vive em um mundo de conto de fadas, ou somente está querendo me enganar novamente. Ah, Kira. Parece que ainda não entendeu o que falei. Eu a rejeito completamente da minha vida e do meu corpo. Você não faz mais parte da minha vida. Agora você pode ir embora se quiser, eu não irei lhe segurar.

A sua última frase cortou o meu coração em milhares de pedaços. A simples possibilidade de passar a minha existência sem a sua presença, intensificou a dor do meu coração. Lua está derrotada, gritando para ser liberta, e a única coisa que eu posso pensar é implorar pelo perdão do homem que amo. Então assim eu faço, corro em sua direção e me jogo em seus pés. Segurando as suas pernas, implorando pelo seu amor novamente.

— Não é possível que me rejeite. Ontem tivemos uma noite maravilhosa, perfeita, como sempre. Hoje eu acordo feliz imaginando havermos retornado, e é assim que me trata? Por favor, Tyson, não me rejeite.

Eu chorei, chorei como uma menina desolada, como reflexo daquela garota que foi expulsa da alcateia pelo próprio pai. Novamente eu me via naquele local de humilhação, onde eu demonstrava a minha dor em troca de migalhas. Se fosse preciso, eu faria isso, pois queria que o meu companheiro me perdoasse. Eu me jogaria diversas vezes aos seus pés e até mesmo lhes beijaria em troca do seu perdão.

— Eu não agi por mal.

Aos olhos fechados, eu senti quando ele repousou a sua mão direita em cima da minha cabeça. Somente em sentir o seu carinho, a minha loba sorriu com o coração derretido. Ele entrou os dedos aos meus cabelos e o puxou, assim como fez na noite anterior em um dos nossos momentos a sós. Não era o mesmo carinho de antes. Fui surpreendida quando ele segurou forte e me arremessou ao chão. Com o impacto, a pele de meu rosto colidiu com a madeira, fazendo-me gemer de dor.

— Comigo não se brinca, pequena loba.

Eu ainda estava chorando, absorvendo o que estava acontecendo, quando senti mãos firmes me segurarem. Elas me forçaram a levantar, e arrastada eu fui conduzida para um lugar desconhecido.

— O que estão fazendo comigo? Eu sussurrei.

Para falar a verdade, pouco me importava para onde estavam me levando. A minha vontade era de rasgar o meu peito, socando a dor que habitava nele. Ser rejeitada pelo seu companheiro era pior coisa que poderia acontecer. Eu me sentia deflorada, era a mesma dor daquele dia em que tiraram Logan de mim, senão pior, pois Tyson e eu tínhamos um vínculo pré-definido o qual era para toda vida.

Fui arremessada para uma cela fria e solitária. Eu não podia acreditar que o homem que a deusa havia escolhido para ser meu, havia me traído dessa forma. Deixando-me ferida submersa em uma cela terrível na qual deveriam ficar somente os assassinos. Chorando, assim que passei o dia inteiro, até que vi alguém passando levemente um objeto sobre as grades, causando um barulho chato e inconveniente.

— Kira!

Automaticamente os meus lábios se alargaram demonstrando um sorriso enorme. Era a voz de Christopher. Eu corria atrás e somente assim eu pude sentir o seu cheiro. O meu coração se encheu de felicidade. Não sabia se o motivo era ele, ou simplesmente o fato de poder conversar com alguém.

— Me solte daqui.

— Eu farei isso. Ah, Kira. Eu não acredito que aquele filho da puta lhe trancou em uma cela. Quando ele disse que você não iria aparecer para o jantar, eu estranhei. Investiguei com os empregados o que estava acontecendo e soube que você havia sido rejeitada e colocada nessa grade.

Ele pausou por alguns instantes. A todo custo ele tentava abrir a cela usando um molho de chaves, o qual interpretei pelo barulho.

— Por outro lado, é ótimo ter lhe rejeitado. Agora você não precisa ter vínculo nenhum com esse homem, nem mesmo obrigação de estar ao lado dele.

Sinceramente eu não sabia se isso era bom ou não. Dado aos fatos do que aconteceu recentemente, eu me alegrava de não estar mais ao seu lado.

— Christopher! Assim que ele abriu a cela, eu andei um passo adiante e lhe abracei apertado. Parecia que não nos víamos há dias, pois a saudade era imensurável. — Eu estava com saudades.

— Eu também, menina. Continuamos abraçados, até que nos afastamos. — Eu ainda não entendo como ele teve coragem de fazer algo tão ridículo como isso. Eu jamais faria mal a você igual esse lobo está fazendo.

— Eu não quero falar dele. Somente quero descobrir o que faremos a partir de agora. Não quero voltar a ser humilhada por Tyson.

— Nem eu. Não quero a posição de beta se em troca de sofrer nas mãos de um crápula. Eu prefiro viver a minha vida com uma boa mulher. Fujamos, Kira.

Umedeci os lábios.

— E o meu filho?..

— Ele irá conosco.


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A companheira cega do alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora