Capítulo 21- O casamento do alfa Tyson

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Rapidamente eu me afastei do seu corpo. Limpei a boca como se houvesse cometido a pior loucura. Mesmo que não tenha sido eu a tomar atitude, parecia que eu havia traído o meu companheiro. Recolhi meu corpo andando alguns passos para trás.

— Ei! Não precisa ficar assim. Se assustar como se eu fosse um monstro. Eu continuei calada. — Me desculpe se eu fui longe demais. Talvez tenha sido indelicado da minha parte beijar uma moça aparentemente indefesa.

— O problema não é esse. Vocês machos acham que têm direito sobre nós, fêmeas. Eu realmente não te dei a liberdade de beijar os meus lábios sem a minha permissão. Lobo insolente!

Eu cruzei os braços e girei o corpo. Por um momento eu me lembrei de Tyson, e como eu estava parecida com ele. Sorri brevemente.

— Eu reconheço essa raiva toda. Com toda certeza você tem um compromisso com alguém, ou jamais estaria sozinha.

Revirei os olhos. Não queria falar com ele. Andei um passo para trás quando percebi estar em minha frente. Era perceptível a tensão do seu corpo.

— Aparentemente você está melhor, não é mesmo? Eu ergui uma sobrancelha.

— Eu consegui uma cuidadora. Eu escutei o som da sua risada. — Não fuja do assunto. Eu quero saber se a jovem mulher tem um companheiro, ou não.

Fiquei a pensar por longos minutos, eu tinha um. Tyson parecia ser o companheiro perfeito, algo dentro de mim gritava que nascemos um para o outro. Com piscar de olhos tudo mudou, e agora eu não sei se tenho alguém para chamar de meu.

— Por que você quer saber? Eu jamais terei algum tipo de relação com você. Um lobo metido e arrogante. Tente se virar sozinho com os seus machucados, estou indo embora.

— Espera!

Ouvi seus passos vindo em minha direção, contudo, não conseguiu êxito. Ele gemeu sentindo as dores. Eu culpei a mim mesma por querer voltar e ajudá-lo. Poderia seguir o meu caminho, meu coração não deixava. Então eu recuei e auxiliei o pobre lobo.

— Eu sabia que você não iria me deixar para trás, docinho.

Segurei a minha mão para não estapear o seu rosto. Era tarde da noite quando conseguimos nos abrigar em uma cabana improvisada. Eu encostei o meu corpo ao solo, tentando adormecer, era impossível com um homem perturbado de tanta dor. As plantas medicinais estavam fazendo efeito, o grande problema era que os cortes eram profundos demais. Quando coloquei os dedos, percebi serem feridas advindas de um lobo de porte grande, um Alfa talvez.

— Você se meteu em uma briga feia, hein.

— Eu queria ser forte o suficiente para derrotar aquele animal. Ele reprimiu os olhos quando toquei suas feridas espalhando o medicamento. — Pode passar dias ou meses, mas aquele lobo desgraçado me paga.

— Você não pode se vingar de um Alfa. Jamais será forte o suficiente para derrotá-lo. Ele travou as minhas mãos. Senti o seu aperto forte envolver o meu pulso, estavam imobilizados.

— Eu posso não ser forte o suficiente para isso, mas há outras maneiras de ferir um homem. Senti as minhas mãos livres. — Além disso, eu tenho certeza que o alfa Tyson tem um ponto fraco. Todos têm.

— Alfa, Tyson?

Eu inclinei o corpo, sentindo o meu ar ir embora. Eu não estou acreditando no que ouço. Ele falou do meu Tyson?

— Ele me humilhou como nunca. Com garras afiadas destruiu o meu corpo, parecendo que eu era o pior dos seus inimigos. Depois disso, eu realmente sou. Eu olhava sem saber o que responder. — Infelizmente eu terei que voltar para a alcateia. Eu sou o Beta, e não posso me ausentar muito tempo.

Eu continuei a cuidar dos seus machucados enquanto milhares de pensamentos se fizeram presente. O que o alfa está aprontando? O que me assusta mais é não saber como meu filho está. Acreditei que ele estaria melhor na alcateia, percebo que isso era um engano.

Eu não lembro em qual momento exato eu adormeci. A manhã havia chegado quando senti braços pesados envolvendo a minha cintura. Pisquei algumas vezes tentando me adaptar com a claridade, e entender de quem seria aquele peso. Quando acordei totalmente, percebi que o forasteiro estava com seu braço direito em volta em minha cintura, como se fossemos um casal.

— Me solta! Gritei ao me afastar. Acredito que ele não despertou, pois não respondeu ao meu espanto. — Lobo idiota. Decidi caminhar ao lado de fora a fim de caçar a minha refeição. Quando menos esperei, o meu cervo apareceu. — Venha cá, meu amorzinho.

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— Eu realmente quero entender da de onde você veio. Está uma delícia essa refeição. Como conseguiu preparar se não tínhamos utensílios suficientes para assar essa carne deliciosa?

— Isso é para você ver que eu não sou tão indefesa assim. Consegui montar uma fogueira e assar o cervo. Espero que esteja gostando, comeu quase tudo.

Escutei o som da sua risada.

— Bom. Agora eu preciso retornar para a alcateia. O que você irá fazer, bela fêmea? Continuará a caminhar pela floresta, ou quer me acompanhar?

Eu prendi o lábio inferior, ao me perguntar se realmente seria correto eu retornar para alcateia. Sim! É óbvio que sim! Eu precisava resgatar o meu filho daquele homem. Logan não iria crescer com a má influência de Tyson. Mesmo que eu não retorne para o meu companheiro, eu não deixarei que contamine o meu filho.

— Irei com você.

Estávamos há um bom tempo caminhando de volta. O lobo me contava as suas experiências de vida, e os seus futuros planos. Um deles era acabar com o reinado do Alfa Tyson. Estávamos chegando perto quando ouvimos sons de música e pessoas conversando.

— O que será que está acontecendo? Perguntei com um pouco de aflição. O que mais me preocupava era saber se meu filho estava bem. Assim que entramos no local, a música se fez mais presente.

— Ah! Como eu pude me esquecer? Ela conseguiu finalmente o que queria.

— O que foi? O que está acontecendo?

Com um suspiro pesado, ele revelou.

— Esse é o casamento do alfa Tyson com a minha irmã, Leona.

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A companheira cega do alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora