Eu vou me lembrar de você

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ALERTA GATILHO

Este capítulo contém descrições de cenas de violência sexual e pode ser sensível para algumas pessoas. A leitura é de critério do leitor.

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Aquela menina parecia ter um nome pequeno e simples. 

Fácil de lembrar. 

Talvez fosse Annie

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Talvez fosse Annie... Ou Stacy. Hannah como todas as Hannahs introspectivas e fortes que já cruzaram meu caminho. Ou não... Mesmo de longe, e ainda que eu tivesse dúvidas, o rosto dela só me apontava o jeito resistente de uma Claire. Talvez porque eu provavelmente já tinha conhecido alguém com esse nome que se parecesse com ela. Ou, podia ser só a minha loucura me obrigando a escolher como eu queria chamar uma pessoa que eu nunca tinha visto na vida.

Afinal, perguntar diretamente estava fora de questão.

Mesmo que àquela altura eu já estivesse seguindo ela há mais de três dias.

Tinha o rosto pálido. Olhos fundos e azuis. Devia ter mais de 1,80, mais ou menos a minha idade. E um cabelo longo e liso que cobria todas as suas costas. Inclusive, foi por causa dele que a encontrei: achei que tinha visto o vulto de um corvo planando há uns 20 metros demim; mas, eram só as mechas dela esvoaçando ao vento enquanto ela passava toda encolhida entre os arbustos. Não me percebeu lá, colhendo pequenas amoras num lugar qualquer, observando o movimento do sol nas folhas de verde vibrante. Mas, eu prestei bastante atenção no que aconteceu. Especialmente porque era a primeira vez em sete meses que eu via alguém vivo.

De início, não achei que fosse o caso. Ela podia ser um deles, então recuei o mais rápido e o mais discretamente que podia; me escondi atrás de uma árvore para esperar ela passar, sem me atrever a me mexer um centímetro sequer por uns bons 10 minutos... Até que fui completamente pega de surpresa de novo: a ouvi chorando ao longe; caminhando e chorando alto feito uma criança, sem dar a mínima para nada.

Arregalei os olhos, com o coração na mão - Eles não faziam aquilo.

E esse foi o primeiro erro que notei nela. Um erro que com certeza me fez desacelerar de alívio como eu nunca fazia... Porque o fato dela estar criando tanto barulho e mesmo assim continuar intacta provava que não havia nenhum deles por perto. O desespero dela acabou me trazendo esperança.

Então, sem saber bem o porquê, eu simplesmente abandonei a minha trilha de sempre e fui atrás dela, me esgueirando por entre as rochas para que ela não percebesse nada. E não foi difícil. Claire não estava sequer se esforçando para estar presente - Ou era muito corajosa, ou muito ingênua. O que hoje em dia era praticamente a mesma coisa.

Eu teria problemas se continuasse a fazer aquilo, eu sabia bem. A garota ia morrer mais cedo ou mais tarde, e se eu estivesse perto demais, iria junto. Mas, ignorei isso; ignorei a voz dele na minha cabeça dizendo que sozinha minhas chances seriam muito melhores. Ninguém para me atrapalhar; ninguém para eu me importar; ninguém para me sabotar.

Polaris - Sobreviva ConoscoOnde histórias criam vida. Descubra agora