Achei que fosse melhor do que isso

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Aquele definitivamente era o vestido mais curto que eu já tinha comprado.

Todo rosa, brilhante e chamativo, feito a roupa que a Cady Heron usou na festa dos "populares", para conquistar o Aaron Samuels, em Meninas Malvadas - Talvez porque o que eu queria fazer naquela noite não fosse tão diferente.

Quer dizer, era verdade que no início eu não estava de olho em nenhuma espécie de Aaron, mas eu com certeza não estava planejando fazer muitos amigos nem agradar ninguém com toda aquela ideia que só tinha me surgido há poucas horas.

Ainda que eu fosse a anfitriã da festa.

A primeira festa na história que não tinha o objetivo de socializar. Pelo contrário. Seria a festa do "vou fazer só porque eu posso, e vocês só estão aqui para enfeitar a minha sala".

Eu não podia ser de outro jeito, nem fazer outra coisa que não fosse aquela - Papai tinha acabado de nos deixar de novo para participar de outra missão sei lá onde. A última vez que ele fez isso foi há meses atrás, e desde então ele vivia de olho em mim como se ter o Noah acorrentado ao meu calcanhar toda a vez que ele voltava da base já não fosse o suficiente.

Não dessa vez. Agora o grande capitão da nona divisão John Fox Harlow estava longe, e minha mãe estava no laboratório, como sempre. A noite era toda minha, e nem mesmo meu irmão ia dizer o contrário.

Se dissesse, também, eu ia fingir que não escutei.

Fui no blog da escola assim que tive a ideia brilhante e publiquei para todo mundo ver: "Festa na casa dos psicopatas da cidade. Vocês sabem quem são, e sabem onde é".

Tereza me ligou dois minutos depois, enquanto eu pintava minhas unhas de preto - "Você sabe que sua casa vai se encher de atletas e vadias, não sabe?".

Eu ri - "Você sabe que está falando com uma atleta que também é uma vadia, não sabe?".

"Claro que eu sei, mas ninguém mais precisava saber".

Ri mais ainda - "Pois eu acho que a notícia já se espalhou faz tempo".

"Elizabeth, essa não é a questão" - Ela se controlou para não rir também - "As pessoas só vão porque a sua casa é um mistério desde que a gente era criança. Todo mundo pensa que você mora num arsenal secreto de armas militares e experiências biológicas".

"Ué, deixa eles verem por eles mesmos... E confirmarem que é tudo verdade".

"O Noah vai te matar".

"Só se ele conseguir me pegar".

E ele realmente não conseguiu, pelo menos não no início da festa.

Joguei toda a cerveja dele na pia da cozinha enquanto ele malhava na garagem, assim que publiquei a mensagem no blog. E aí só precisei esperar ele se dar conta de que não havia mais garrafas na geladeira. Levou o dia inteiro, como eu esperava, mas funcionou. Quando começou a anoitecer ele me perguntou onde estavam as chaves do carro. E eu, mais que prestativa, as entreguei na mesma hora.

Foi ele sair, para a Tereza chegar logo depois com a Samantha, uma patricinha que adotamos só há alguns meses, apesar de já a conhecermos há anos.

Não que tivesse sido nossa escolha. Tereza, com toda a sua malícia emo que nunca se esgotava, tinha apostado comigo que eu nunca conseguiria ser amiga de alguém que pinta as unhas de rosa ou que coloca a palavra "totalmente" em todas as frases. Aceitei o desafio e provei minha vitória com Sam Stewart, a maior Barbie da escola, só para mostrar que as pessoas eram bem mais simples e fáceis do que pensavam.

Polaris - Sobreviva ConoscoOnde histórias criam vida. Descubra agora