Eu não vou a lugar nenhum

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Os hospedeiros continuavam vindo.

Mas, esses não eram os que o diretor colocava no meu rastro - Eu tinha o cuidado de examiná-los muito bem depois que os derrubava. E, realmente, depois que me livrei da equipe do Warton, nenhum hospedeiro marcado ou rastreado veio atrás de mim. Isso era diferente.

Eu até podia reconhecer alguns deles - Eram hospedeiros que estavam lá quando desfiz o acampamento do Joshua. Infectados de Warring Town. Porque, é claro, eu cruzei caminho com eles. Eu, o Parker e seus homens tínhamos sido os únicos humanos de quem eles chegaram perto desde o início do surto. Eu podia apostar que quando enfim as sirenes de tornado cessaram, eles só se dispersaram e entraram no rastro das únicas pessoas de quem eles podiam sentir a presença.

Espero que o Parker esteja bem.

De qualquer forma... Ele tinha um helicóptero para sair dali. Eu, não. Deixei uma trilha perfeita do seja lá o que for que eles percebem no ar; e os que conseguissem passar pelos obstáculos dos rios, barrancos e escaladas iam continuar aparecendo.

Não eram muitos. Um, num dia, dois, três dias depois... Mas, foi o suficiente para eu ter uma ideia bem estúpida - Decidi que tinha chegado a hora de eu abandonar as montanhas. O inverno já tinha definitivamente chegado, e já era questão de tempo até que começassem as tempestades de neve. O frio não era mais suportável para mim. Tive que deixar as subidas e caminhar em níveis mais baixos.

Mas, por causa dos hospedeiros, tive que evitar as estradas, onde eu estaria completamente desprotegida e visível. Minha única opção eram as cidades. Nelas, eu poderia finalmente despistar os que estavam no meu rastro. Quando viessem atrás de mim por ali, com certeza se uniriam aos outros infectados que andavam em bando. A sensação da presença de pessoas ali era mais forte, e hospedeiros sempre se juntavam feito vespas operárias.

Para resumir, cidades eram a distração perfeita para hospedeiros. Ia funcionar. Estava funcionando. Aquela já era a terceira cidade em que eu entrava. Cheguei a encontrar uma mochila com uma garrafa térmica dentro, em um carro abandonado. Depois, uma espécie de xale verde escuro que eu usava para cobrir minha cabeça e meus ombros; não só para me proteger do frio, mas para cobrir a cor chamativa do meu cabelo. Tudo ia bem. As hordas que encontrei por entre os prédios não me notaram, ocupados demais no rastro de outras pessoas que também foram estúpidas o suficiente para andar por aqueles lados. Não tive imprevisto nenhum. Comecei a realmente cantar vitória e achar que eu estaria em casa antes do esperado.

Mas, não foi bem assim. E não por causa do vírus, não por causa da cidade, dos hospedeiros, da fome, do frio, ou mesmo da minha cabeça, que vira e mexe me pregava peças. Foi uma pessoa. Uma pessoa estragou tudo para mim num nível em que eu realmente achei que não ia me recuperar. Achei que fosse morrer. E que nunca fosse chegar em Polaris. 

Não posso dizer que não fui avisada.

Eu estava me encaminhando para a minha quarta cidade naquele dia - Era um acesso e um caminho único; uma única estrada cercada de absolutamente nada pelos dois lados; uma simples rodovia de velocidade envolta em natureza, que desembocava numa espécie de viaduto que dava para a entrada da cidade.

Aconteceu quando comecei a subir aquele viaduto. Saí costurando por entre os carros abandonados aos montes, ainda espalhados em posição de engarrafamento. Foi assim que cheguei perto das muretas e vi a primeira placa na beira da estrada.

NÃO SE APROXIME.

Era uma placa bem feita, com letras de fôrma bem desenhadas, e era nova. Não tinha sofrido com a chuva ou com o sol, ainda não. Na hora, eu não soube bem o que pensar em relação àquilo então só continuei a andar. Aí, uns dez metros depois, veio a segunda placa.

Polaris - Sobreviva ConoscoOnde histórias criam vida. Descubra agora