Vou ficar com você

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Eu não consegui dizer absolutamente nada, em nenhum momento.

Estava aterrorizada e com razão. Cometi um dos erros mais estúpidos da minha vida e a pessoa mais assustadora que eu já tinha conhecido estava prestes a me fazer pagar - Joshua me tirou de lá; do campo de visão de todos. E agora eu estava começando a perceber que ele só fez isso para me levar até seu trailer; o lugar que eu mais odiava na face da terra. Especialmente se nós dois fôssemos os únicos lá dentro.

E só bastou eu me dar conta disso para o meu corpo reagir, quase que involuntariamente - Puxei meu braço de volta, em desespero; tentei fincar meus pés no chão, mas Joshua nem se deu ao trabalho de lutar: assim que sentiu resistência, simplesmente se curvou e jogou minha cintura por cima dos ombros.

Fiquei sem opções. Eu não podia gritar; não queria gritar - Porque seria o mesmo que pedir socorro e forçar mais gente a se envolver. E não era como se alguém fosse ouvir; já estávamos longe da multidão e o tumulto ao redor de James ainda era estridente. Eu estava sozinha. De novo, sozinha.

Passamos pela porta e, para a minha surpresa, ele continuou caminhando rapidamente trailer a dentro; tão depressa que quando eu me dei conta do que estava acontecendo, já era tarde demais; quando me dei conta... Já estava no quarto dele.

Comecei a berrar, tentando me segurar em qualquer coisa no caminho - "Não, não, por favor!! Me larga!! Me põe no chão!!" - Praticamente cravei minhas unhas nas paredes a nossa volta, mas não adiantou. Joshua me jogou em cima de sua cama com violência e veio para cima de mim logo depois, tentando segurar meus pulsos contra o colchão.

Gritei mais ainda, estapeando seu peito e seu rosto, lutando para sair de debaixo dele a todo custo enquanto ele só continuava sentado na minha cintura, se esforçando para manter meus braços parados.

"Sai de cima de mim!! Me deixa em paz!!" - Eu não conseguia raciocinar. No fundo sabia como me livrar de uma situação como aquela; foi uma das primeiras coisas que Noah me ensinou. Mas a porcaria do meu medo e os berros do lado de fora estavam me fazendo agir como um animal encurralado, sem chance alguma de escapatória.

Eu não tinha nenhuma estratégia. E o fato de Joshua estar agindo como se também não tivesse uma não estava ajudando - Ele só continuava em silêncio, sem fazer nada; nada além de tentar me segurar e me olhar como se eu fosse louca.

Não demorou para eu cansar. Não demorou para eu me irritar muito com o jeito que ele me encarava.

Olhei direto nos olhos dele - "Está esperando o quê, hein?" - Grunhi, ofegante, desistindo de lutar; com aquela dificuldade para pensar típica de quem está em pânico - "Anda, faz o que tem que fazer, se você for capaz".

E ele continuou sem dizer, nem fazer absolutamente nada; nada além de me examinar, de olhar nos meus olhos - Meu medo triplicou; aumentou só o bastante para eu agir como normalmente agia quando alguém me fazia sentir indefesa demais: abandonei toda a noção do perigo e fingi que nada ali me afetava.

Ergui minha cabeça e aproximei meu rosto do dele o máximo que podia, só para me fazer entender enquanto sussurrava - "O que quer que você esteja esperando que eu faça ou diga... Não vai acontecer. Porque eu não me arrependo nenhum pouco do que fiz lá fora" - Menti - "Na verdade... Eu devia era ter batido com mais força".

De novo, silêncio. Ele não estava comprando aquele papo. Eu também não compraria, se fosse levar em conta o fato de que eu não conseguia parar de chorar ou tremer. Minha reação estava sendo automática. E isso com certeza não intimidaria ninguém.

Pensei por um instante, deixando minha cabeça cair no travesseiro mais uma vez. E acabei soltando a única frase que eu tinha certeza absoluta que o faria reagir - "Pode me machucar" - Falei calmamente - "Pode me bater, pode me ameaçar... Mas eu juro por Deus, seu covarde, que se você tocar em mim desse jeito...".

Polaris - Sobreviva ConoscoOnde histórias criam vida. Descubra agora