"Vai com calma, droga, isso daqui não é uma missão da SWAT" - Sussurrei contra o rádio, assistindo o Liam arrombar a porta de uma farmácia por um dos monitores, mesmo depois de eu ter dito para ele ir devagar umas 13 vezes.
O vi apanhar o rádio no vídeo em preto e branco e logo ouvi sua resposta chiada - "Quando eu sair daqui a gente vai conversar sobre seu preconceito com a SWAT. Quero saber quem foi o agente que te magoou".
Sorri, apertando o botão que ligava o transmissor - "Me magoar exigiria uma capacidade que a sua gente não dispõe".
Na mesma hora ele abaixou a faca apontada para a entrada da farmácia e saiu daquela postura defensiva, se virando na direção da câmera; me mostrou o dedo do meio sem hesitar.
"Você está distraído demais, eu vou pra aí" - Decretei, tentando disfarçar o riso enquanto ele começava a passar pela porta arrombada.
"É você quem está me distraindo".
"Isso é ridículo, a gente ia acabar bem mais rápido se você me deixasse ir também" - Naquele momento Liam só me queria como um mapa falante; ainda achava que eu tinha que descansar mais da cirurgia, não importava o quanto eu dissesse que estava bem. Então nós subimos para o andar seguinte, e ele simplesmente me fez ficar na sala de controle do shopping enquanto saía sozinho pelos corredores "proibidos"... Só esperando que eu dissesse para onde ir e para onde não ir. Sem surpresas no caminho.
Rebater minhas reclamações não era um problema para ele, então - "Preciso de alguém nas câmeras" - Respondeu num sussurro, entrando devagar na farmácia e fechando a porta atrás de si.
"Qualquer um podia fazer isso" - Grunhi enquanto o hospedeiro que eu achei para ele saía correndo dos fundos na direção do Liam. E nem por isso ele deixou de responder, enquanto derrubava o bicho e rasgava a sua garganta.
"Mas ninguém manda em mim como você".
Engraçado.
Já estávamos fazendo aquilo há horas - Só pelas câmeras eu tinha visto uns 15 hospedeiros, espalhados, em andares diferentes. A maioria devia ser de guardas noturnos... Mas, pelas roupas, também tinha civis no meio. Provavelmente gente que entrou para se esconder antes da turma da Emily. E pelo jeito alguém entre eles devia estar infectado.
Como o pessoal no térreo tinha sobrevivido a essa convivência é que sempre seria um mistério para mim.
"Tudo bem, o próximo está na frente de uma joalheria no corredor seguinte, há uns 150 metros de você" - Falei no rádio enquanto ele arrastava o corpo para fora, deixando um perfeito rastro de sangue pelo caminho: jogar a infecção para fora não seria a única coisa que teríamos que fazer para limpar o shopping.
Coloquei os pés para cima, entre os teclados da mesa, observando as dezenas de TVs diante de mim como um todo. Pensei no quanto aquilo não fazia sentido. O Blue Iasmin realmente era um lugar óbvio. Nunca tinha visto nada tão bem construído e equipado... Então, se eu estivesse na cidade, seria o primeiro lugar para onde eu tentaria correr; para mim era uma surpresa que ainda menos de 30 pessoas tenham tido essa ideia durante o surto. Não parecia certo.
Foi por isso mesmo que eu fiz questão de arrombarmos uma loja de artigos esportivos antes de eu ser trancada naquela sala escura. Um arco e flechas profissional nas minhas costas era tudo o que eu precisava para me sentir mais no controle de uma situação que eu não entendia. Bem... Isso... E um taco de baseball pendurado no cinto do Liam.
O vi se aproximar do hospedeiro na joalheria que eu indiquei pelas costas, em silêncio. Acertou-o com um golpe de faca na nuca - "Sabe o que isso significa, não é?" - Murmurou para mim no rádio, limpando a lâmina numa flanela - "Essas coisas ainda estarem vivas e operantes por aqui... Tem um baita significado, na verdade".
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Polaris - Sobreviva Conosco
Science FictionMeu nome é Elizabeth Harlow. Sou uma sobrevivente do advento epidêmico que atingiu as metrópoles globais no dia 04 de Junho de 2023, às 02:16am, horário de Washington, há seis meses atrás. E vai ter que me desculpar se você descreveria o dia em que...