Capítulo 4

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Já era de noite

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Já era de noite. A ansiedade que me consumia parecia aumentar a cada segundo. Desde que entrei nesta casa, há uma semana, tento fugir de noite sem ser apanhada pelas câmaras. Preciso de matar, de consumir esta compulsão que me corrói por dentro. O peso do segredo que carrego torna-se cada vez mais insuportável, e cada tentativa de escapar só aumenta a minha frustração.

Agora, estamos a preparar-nos para ir para um bar. Tento concentrar-me nas roupas, na maquiagem, em qualquer coisa que possa distrair a minha mente da escuridão que cresce dentro de mim.

Visto-me com um vestido preto curto que abraça as minhas curvas de forma provocante. O tecido suave desliza pela minha pele, deixando-me confortável, mas ao mesmo tempo, consciente de cada olhar que podia atrair. O decote é ousado, revela um pouco mais do que o usual e a bainha parava acima do meio das minhas coxas, o que dava um ar de tentação.

O preto é a minha cor preferida. É como um escudo, uma forma de me esconder à vista de todos. Combinei o vestido com saltos altos que me faziam parecer ainda mais alta e finalizei o visual com maquiagem escura, destacando, assim, os meus olhos.

Com um último olhar no espelho, ajustei o vestido e respirei fundo. Estava pronta para enfrentar a noite, pronta para perder-me no caos e, talvez, encontrar um alívio momentâneo para a escuridão que me consumia. Esta saída é uma oportunidade perfeita para saciá-la, para encontrar uma vítima no meio da multidão e, por um momento, aliviar a pressão insuportável.

Assim que saio de casa, as meninas perguntam aos rapazes sobre uma possível disputa de carros. A adrenalina já corria nas minhas veias e a ideia de uma corrida só aumentou a excitação. Elas escolhem-me como uma das competidoras e os homens escolhem Erick.

Caminhamos até a garagem, onde uma coleção de carros revela-se diante de nós. Após analisar os carros com cuidado, escolho um GTR R35. A potência do motor e a elegância do design chamaram-me imediatamente a atenção. Eu sabia que, com este carro, podia enfrentar qualquer desafio.

Erick, por sua vez, escolhe a Ferrari SF90 Stradale. A escolha dele não me surpreende; pelo que notei até agora, ele opta pelo que há de melhor, pelo mais impressionante. No entanto, não pude deixar de sentir uma pontada de admiração pela quantidade e qualidade dos carros que ele possuía. A garagem parecia mais um salão de exposição de luxo do que um lugar de armazenamento.

Enquanto nos preparávamos para a corrida, senti o olhar de Erick sobre mim. Era um olhar cheio de desafio e curiosidade, como se ele quisesse medir mais do que apenas as minhas habilidades ao volante.

Entrei no GTR R35, ajustei-me no assento de couro e senti o motor roncar com uma promessa de velocidade. Olhei para Erick, que já estava pronto na sua Ferrari e os nossos olhares encontram-se mais uma vez. Com um breve sorriso, reconheci o jogo que estávamos prestes a jogar. Esta corrida seria mais do que apenas uma demonstração de velocidade, seria um teste de força entre nós dois.

Os motores rugiram em uníssono quando um dos meninos dispara um tiro, o que sinalizou o início da disputa. O GTR R35 que escolhi disparou para a frente e, logo, senti a força da aceleração a pressionar-me contra o assento. Do lado, a Ferrari de Erick mantinha-se a par, cada um de nós a lutar por cada centímetro de vantagem.

A estrada iluminada pelos faróis dos carros parecia estender-se infinitamente à nossa frente, enquanto as curvas apertadas e os carros dispersos testavam as nossas habilidades ao volante. Cada curva era uma batalha, cada ultrapassagem a um carro era uma chance de recuperar o fôlego e preparar-se para o próximo movimento.

Eu podia sentir a pressão de Erick, a maneira como ele manobrava a Ferrari com precisão e agressividade. Ele é um adversário formidável, no entanto eu estava determinada a vencer. Com cada arranque ao motor e mudança de marcha, concentrava-me em manter o controle, em explorar cada vantagem que o GTR podia oferecer-me.

Estávamos quase a chegar ao bar quando Erick posiciona-se ao meu lado com a Ferrari e lança-me um olhar desafiador. Sorrio, mordo o lábio de forma provocante e mando-lhe um beijo. A confiança em mim cresce ainda mais, alimentada pela adrenalina e pela antecipação da vitória. As meninas no banco de trás berram de excitação, a energia delas contagia-me e aumenta a minha necessidade de ganhar a corrida.

Erick acelera e eu não hesito em responder, aperto, assim, o pedal do acelerador do GTR. Os dois carros rugem, correndo lado a lado, o que faz a estrada transformar-se num borrão de luzes. O vento espalha o meu cabelo e a sensação de velocidade é quase intoxicante.

O bar está cada vez mais próximo, as suas luzes estão visíveis à distância. Com um último olhar rápido para Erick, percebo que ele também está totalmente focado, a expressão é neutra e séria.

Com uma última aceleração, sinto o motor do GTR rugir com tudo o que tem. A linha de chegada está à vista e eu sei que este é o momento decisivo. As meninas no carro gritam ainda mais alto, encorajando-me, e eu entrego-me completamente ao momento.

Cruzo a linha de chegada primeiro, o som do motor atinge um clímax triunfante. A multidão que estava fora do bar explode em aplausos e gritos de entusiasmo. Saio do carro, com o coração a bater forte no meu peito e um sorriso vitorioso no rosto.

Erick chega logo depois e estaciona ao meu lado. Ele sai da Ferrari e noto que está completamente irado e sério. Percebo que os meninos riam-se de Ferri e eu sorrio em provocação. Aproximo-me dele.

- Perdeste, Ferri? - Ele olha para mim com uma fúria nítida. Acho que ele nunca perdeu.

- Saiam da minha frente! - Ordena, assim que entra dentro do bar.

As meninas correm para mim a abracar-me e a comemorar a minha vitória. A sensação de triunfo é incrível e, por um momento, esqueço-me de todas as sombras que me perseguem.

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