19° Passe

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O garçom nos guia até uma mesa lateral, a mesma em que nos sentamos quando estivemos aqui pela primeira vez.

Em seguida fazemos nossos pedidos e o garçom se afasta. É hoje que meu nome vai parar nos sistemas de proteção de crédito.

Há um jazz suave tocando ao fundo e o ambiente parece mais íntimo hoje. Ou sou eu me sentindo mais íntima de Zac?

Do outro lado da mesa, observo ele recusar uma chamada no celular e o guardar no bolso.

Impossível não reparar em como ele está bonito usando uma camisa azul claro de botões e calça caqui. Ele não está extremamente produzido, mas também não é como se tivesse pegado a primeira roupa que viu pela frente.

Isso me tranquiliza em relação ao meu vestido cor de pêssego, que não é de grife como o que usei na primeira vez aqui, mas tem um caimento bonito na cintura.

— Tomara que a comida chegue antes de você ser chamado para salvar o mundo, Clark Kent — provoco.

— Para de me chamar assim — ele reclama, ajustando os ósculos no nariz.

— Que culpa eu tenho de você se achar o Super Homem, que coloca óculos e pensa que isso impede as pessoas de o reconhecerem?

— Não é um disfarce e eu já te expliquei isso.

Assim que saí do quarto e encontrei um cheiroso Zac sentado no sofá me esperando terminar de me arrumar, a primeira coisa que reparei foi nos óculos de grau em seu rosto. De cara chamei ele de Clark Kent, óbvio. Ele explicou que usa de vez em quando apenas para descansar os olhos da fadiga ocular ocasionada pelo esforço visual no campo em dias ensolarados.

— Um jogador de futebol com miopia? — ironizo.

— Você está disfarçada de loira do Tchan e eu não estou dizendo nada — retruca com um sorriso provocativo.

Fecho a cara.

— Me respeita, sou a Bela Adormecida — me defendo.

O celular de Zac toca novamente. Ele murmura um pedido de desculpas e o tira do bolso. Consulta a tela, desliga a chamada e digita o que parece ser uma mensagem. Logo enfia o celular no bolso novamente.

— Zac, pode atender — digo para o caso de ele estar recusando para ser educado comigo.

— Esse amigo é muito insistente quando quer que eu vá para alguma festa. Se eu não for incisivo, ele não desiste — ele explica.

O garçom surge com uma garrafa de vinho e quero que ele vá para a casa do chapéu com esse vinho caro que não tenho condições de pagar nem 5 ml.

— Cortesia da casa — informa em tom amigável, servindo duas taças.

Ele não precisa ir para casa de nenhum chapéu.

Ambos agradecemos e o garçom se retira. Zac pega a taça e levanta em minha direção.

— Um brinde à loira do Tchan.

— Um brinde a Clark Kent.

Nossas taças se encontram em um tilintar suave. Levamos o vinho à boca juntos.

Não entendo por que meus olhos se fixam no movimento do pomo de Adão subindo e descendo quando Zac engole o vinho.

A bebida é saborosa, o ambiente é agradável, a companhia é gentil, divertida e linda.

Mantenho os olhos nos olhos marrons da minha companhia, que por sinal também mantém seus olhos nos meus.

— Posso perguntar por que você tem tantas perucas? — Zac pergunta girando a taça pela haste sobre a tolha em um gesto que não parece nada consciente.

Jogada de CraqueOnde histórias criam vida. Descubra agora