29° Passe

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Não sei bem o que eu esperava. Mas quando Zac mencionou a ONG pela primeira vez, pensei em algo simples, talvez um projeto comunitário modesto.

No entanto, o que encontrei aqui ultrapassa qualquer expectativa: é simplesmente um grande centro esportivo.

Fui recepcionada por Marcos, um homem de sorriso largo e energia contagiante que aparenta ter cerca de trinta e cinco anos.

Ele se encarregou de me apresentar o local com entusiasmo. Quadra de futebol, basquete, e até mesmo de tênis. Agora estamos caminhando pela área da piscina.

— Temos aulas de natação para todas as idades. A piscina é o coração do nosso centro — ele gesticula para a piscina olímpica cristalina.

Deve custar uma fortuna manter tudo isso. É muito nobre da parte de Zac investir no funcionamento de toda essa estrutura.

Sempre pensei que, se um dia ficasse rica como publicitária, faria algo em benefício social. Eu com certeza construiria um abrigo de animais ao estilo de um spa de luxo. Só ia ter ração cara.

— A quadra de vôlei é um dos lugares favoritos deles — Marcos conta quando passamos pela quadra. — Competem entre si, mas sempre com muito respeito. É lindo de ver.

Sorrio ao imaginar as cenas.

— São tantas atividades — comento impressionada.

— Queremos dar a eles o máximo de opções para que possam descobrir suas paixões — ele explica, os olhos brilhando.

— Isso aqui é um sonho — olhando em volta, sinto meus olhos brilharem também.

— É mesmo. O trabalho que Dilan faz aqui é muito valioso. Esportes melhoram vidas. É inclusão social.

— Zac é incrível — murmuro em tom abobalhado, como um pensamento que escapou em voz alta.

— Quando falar com as crianças, preciso que você evite se referir a ele como Zac. Pode parecer um detalhe simplório, considerando como ele é inconfundível. Mas fazer as crianças chamá-lo de Dilan é uma forma de desassociá-lo do craque de futebol. Criança tem a língua solta — ele dá uma risadinha divertida.

— Claro, farei isso — respondo, sorrindo também.

— Se a mídia descobre que o centro é dele, fariam de tudo isso uma grande história sobre ele. As crianças poderiam ser expostas com exploração midiática e perderiam o foco do que realmente importa: o cuidado e o apoio que recebem aqui — ele explica enquanto caminhamos.

— E como conseguem impedir os funcionários de vazarem a informação? — pergunto, curiosa.

— Esse é outro desafio. E é por isso temos poucos, mas muito bons, funcionários e voluntários. Só gente de confiança. Dilan se esforça para evitar atrair atenção errada para essas crianças. Não quer que nada prejudique o ambiente seguro e acolhedor que criou para elas aqui.

Inevitavelmente, deixo escapar um suspiro sonhador.

Zac é incrível.

Digo.

Dilan é incrível.

Marcos me conduz para um ambiente interno, passando na frente de salas que ele explica ser onde tutores auxiliam as crianças nas tarefas escolares. Então chegamos em um amplo espaço de jogos, com tatames coloridos no chão.

Há um grupo grande de crianças, de cerca de seis a nove anos, espalhadas fazendo coisas diversas sob a supervisão de uma tutora.

— E aqui acontecem algumas das principais atividades coletivas guiadas por Dilan, como um momento de integração entre todos. É um momento especial para as crianças. E o dia favorito de Pérola.

Jogada de CraqueOnde histórias criam vida. Descubra agora