Esses lábios são os mais macios do mundo. Os mais doces que existem. Eles tocam os meus como quem saboreia o último pedaço de um favo de mel, lentamente, com uma urgência contida, como se me beijar fosse seu único objetivo de vida.
O toque das mãos de Zac segurando o meu rosto é tão gentil quanto se ele segurasse uma peça de porcelana fina e rara, com um cuidado quase reverente.
Nesse instante, não somos mais duas almas perdidas na incerteza, mas uma só, unidas pelo destino que nos foi negado por tanto tempo.
Me beijar logo após descobrir que Ricardo não é seu pai biológico deixou claro em qual parte da revelação Zac decidiu focar sua atenção.
É como se, para ele, a informação mais relevante não fosse sobre seus laços biológicos com Ricardo, mas sim os laços não biológicos comigo.
Esse beijo é a prova viva de que o que sentimos transcende qualquer erro, qualquer engano, qualquer mentira.
Nosso beijo de reconciliação é cheio de amor e diz mais do que qualquer palavra em qualquer idioma jamais seria capaz de expressar.
Zac envolve o meu corpo com um braço e me puxa gentilmente, nos unindo ainda mais, e o mundo em volta desaparece.
Sinto que poderíamos ficar aqui para sempre, mergulhados um no outro.
Mas então, o som de um carro passa rasgando o ar com alguém gritando: "ZAC DILAN!". Isso nos arranca da nossa bolha. Outras buzinas e vozes seguem, como se a cidade inteira estivesse testemunhando nosso momento de reconciliação.
Relutantemente, separamos nossos lábios, mas ele se recusa a me soltar por completo.
Zac entrelaça seus dedos nos meus, firmes, fortes. Ele me encara com uma intensidade avassaladora, o olhar penetrando fundo nos meus olhos, dizendo silenciosamente o que talvez ainda tenha receio de pronunciar em voz alta.
— Vamos voltar — ele diz, sua voz calma, mas cheia de determinação.
— Voltar? — pergunto, meio surpresa.
— Precisamos esclarecer isso de uma vez por todas. Fazer um exame de DNA e resolver essa bagunça.
Ele está certo. Não podemos seguir em frente sem uma confirmação. Precisamos de provas.
Antes que os fãs de Zac decidam nos atacar, ele envolve um braço em minha cintura e me guia de volta ao hotel.
Ao passar pela recepção, coloco o cabelo na frente do rosto tentando me esconder do recepcionista com quem tive uma conversa em espanhol — mesmo eu não sabendo falar espanhol.
No elevador, outras pessoas sobem conosco. Zac permanece calmo, sua mão ainda firme em minha cintura.
Ao entrarmos no quarto, a elegância me deixa impressionada. Cada detalhe exala luxo, desde os móveis impecáveis até a vista deslumbrante do mar.
O edredom branco sobre a cama enorme parece tão macio que posso sentir o toque só de olhar. Essa cama me convida, como se estivesse pronta para me envolver em seu aconchego perfeito.
Zac tira a minha bolsa do meu ombro e a coloca sobre a escrivaninha perto da porta, depois me guia até a cama e entendo que é para eu me sentar. Me sento na beirada, mas ele não faz o mesmo. Ele pega o celular do bolso e informa que vai ligar para sua mãe.
Por mais que queiramos nos abraçar, nos beijar e nos perder um no outro, estamos nos contendo. Precisamos da confirmação. Precisamos do resultado que dirá que nada mais nos impede de estarmos juntos.
Engulo em seco enquanto o vejo caminhar até o outro lado com o aparelho no ouvido.
— Oi, mãe — diz ele, com uma voz tranquila, mas assertiva. — Sim, ela aqui comigo. Sim, ela está bem. Já. Calma, não estou preocupado com isso, só quero resolver logo.
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Jogada de Craque
RomanceAs probabilidades não poderiam estar mais enganadas ao afirmar que as chances de Zac Dilan - o grande camisa dez do Cruzeiro - chutar a bola na direção da arquibancada e acertar em cheio a cabeça de Rebeca - a odiadora número um do esporte - eram ze...