Se a mão de Zac não estivesse no fim das minhas costas, eu teria caído para trás.
Agora faz todo sentido: Zac poderia me colocar dentro da Prisma porque ele é filho do dono.
Me sinto uma tapada por não ter pensado nisso. Mas como eu poderia ter feito essa associação se eles nem são tão parecidos?
Os olhos de Ricardo são acinzentados, tendendo um pouco para azuis. Os cabelos são pretos, com alguns fios grisalhos. A fisionomia e o rosto também são diferentes. Eles só se parecem mesmo no tom de pele clara.
Mas nada disso importa agora, pois o homem cujos documentos importantes foram estragados por mim, depois que puxei um jornal em sua mesa e derramei seu café, está me encarando com as sobrancelhas franzidas.
— Olá, Rebeca — Ricardo diz com a voz séria estendendo a mão para mim. Meu corpo reage automaticamente ao apertar sua mão, pois minha alma já saiu do corpo. — Eu conheço você de algum lugar.
Minha mão afrouxa em seu aperto de mão firme.
— É... eu... meu rosto é muito comum... — improviso, implorando para o meu coração bater mais baixo.
— Não, eu realmente já te vi antes — o vinco entre suas sobrancelhas se aprofunda enquanto ele me olha com mais atenção.
— Você e todo mundo, pai — uma nova voz se insere na cena. — Ela é a garota que Zac deu uma bolada na cabeça e virou meme.
Sigo a direção da voz e vejo um garoto de olhos claros acinzentados se aproximando com as mãos nos bolsos, em uma postura despreocupada.
— Você chutou uma bola na cabeça da sua namorada? — Ricardo indaga, as sobrancelhas quase se tocando.
— Longa história — Zac responde com um suspiro.
— Oi, cunhadinha. Meu nome é Henrique Dante, mas você pode me chamar de Rick, se me derrotar em uma partida de dominó — ele estende a mão oferecendo um trato.
Esse rosto cheio de desafio, tentando me intimidar, está pedindo por uma derrota. Aperto sua mão.
— Fechado — pois não sou mulher de me intimidar.
Talvez eu seja só um pouco, pelo pai dele, que continua me olhando como se tentasse descobrir todos os meus segredos.
— Venham, vamos comer — Pérola diz animadamente, gesticulando para que a acompanhemos.
— Você vai perder, Rick — Zac alerta, começando a me guiar pela casa.
— Veremos — Henrique devolve presunçosamente.
Não consigo prender a atenção em nada no caminho para a sala de jantar.
Meu coração ainda não encontrou seu ritmo normal e duvido que vá encontrar nessa corda bamba que estou pisando.
Sentados à mesa, enquanto me sirvo de salada, arrisco uma olhada para Ricardo e me arrependo. Ele me encara seriamente, me analisando.
Desvio o olhar depressa. Sabia que era bom demais para ser verdade Pérola ter me aprovado facilmente.
Ricardo não gostou de mim, mesmo não sabendo do nosso primeiro contato desastroso.
Esse homem nunca vai me aprovar.
Pérola inicia um assunto leve que conta com a participação de Zac e Henrique, mas mal presto atenção. Estou concentrada demais em não deixar minhas mãos tremerem enquanto corto o filé.
A sensação de que Ricardo está por um triz de me reconhecer e me desmascarar no meio da mesa não me deixa relaxar um músculo sequer.
Por isso tento ser cuidadosa nas minhas falas. Quando digo cuidadosa, quero dizer muda. Não dou um pio. Ele pode reconhecer minha voz. Uma palavra errada e a minha máscara cai.
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Jogada de Craque
RomanceAs probabilidades não poderiam estar mais enganadas ao afirmar que as chances de Zac Dilan - o grande camisa dez do Cruzeiro - chutar a bola na direção da arquibancada e acertar em cheio a cabeça de Rebeca - a odiadora número um do esporte - eram ze...