(epílogo)
Zac Dilan
Era dia de celebração pela vitória que levava o Cruzeiro para a semifinal, e o saguão do hotel estava em clima de euforia.
Parei para tirar fotos com alguns fãs que não conseguiriam acessar o evento por não serem sócio torcedores. O resto do time seguiu e fiquei um pouco para trás.
Quando entrei, uma mulher muito bonita roubou a atenção dos meus olhos. O vestido preto desenhava suas curvas como se fosse íntimo daquele corpo torneado. Mas havia algo familiar nela.
Ao finalmente erguer os olhos do seu corpo esbelto e focar em seu rosto, vi a marca na testa.
Era ela.
A garota que eu tinha acidentalmente atingido com a bola no estádio.
Naquele momento, eu soube que não teria a menor chance com ela.
Me aproximei apenas para me desculpar, mas, ao perceber que ela não fazia ideia de quem eu era, achei graça.
Deixei que ela falasse mal de mim sem interrupção. Era refrescante ouvir uma crítica sincera, longe das bajulações que sempre me cercavam.
Quando ela finalmente descobriu a minha identidade, sua reação foi impagável.
Foi a primeira vez que ela me chamou de cretino.
Ela tinha um rosto tão doce que vê-la brava era irresistível.
Por um instante, senti que ela queria me esbofetear e me preparei mentalmente para isso, mas ela simplesmente me largou lá e seguiu sua vida, me deixando intrigado. Quem era aquela mulher irreverente, que mesmo após descobrir quem eu era, não começou a me bajular?
Até aquele momento da minha carreira, eu nunca tinha conhecido uma mulher que me olhasse tão de igual para igual. Era sempre uma adulação insuportável.
Na manhã seguinte, vi as redes sociais inundadas de memes sobre o incidente no estádio, e soube que minhas chances com ela, já inexistentes, tinham evaporado de vez. Mesmo assim, enviei uma mensagem. Sem esperança de resposta. E quase caí da cadeira quando ela respondeu.
Não resisti a provocá-la. O jeito como ela ficava brava era algo que eu nem sabia que precisava.
A coisa tomou proporções drásticas, e o caos que se seguiu começou a prejudicar sua vida. O sentimento de culpa me consumia.
Convidei-a para almoçar, sem muita esperança de que ela aceitasse. Fiquei surpreso ao chegar ao restaurante e ver que ela realmente apareceu.
Quando a vi naquele vestido rosa, tão deslumbrante, percebi que, se não tomasse cuidado, ficaria completamente envolvido. E isso era um perigo, considerando que eu não tinha chances com a mulher que odiava, nas palavras dela: "a rede, a bola, os jogadores, principalmente os jogadores".
Seu jeito desdenhoso me fascinava. Ela não tinha medo de falar o que pensava. Era real e autêntica. Nada daquelas respostas ensaiadas ou sorrisos de fachada que eu estava acostumado. Aquilo era novo para mim.
Nunca tinha conhecido alguém como ela, tão segura e destemida que chegava a me desarmar. O jeito que ela ficava furiosa com minhas provocações me divertia mais do que deveria, e eu ainda dava risada sozinho lembrando da primeira vez que me chamou de cretino.
Havia uma mistura instigante de doçura e bravura nela, e eu nem sabia que precisava disso na minha vida até conhecê-la. Todo mundo vivia me tratando como se eu fosse especial, fãs e mídia me exaltando o tempo todo, mas ela? Ela nem ligava para isso.
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Jogada de Craque
RomanceAs probabilidades não poderiam estar mais enganadas ao afirmar que as chances de Zac Dilan - o grande camisa dez do Cruzeiro - chutar a bola na direção da arquibancada e acertar em cheio a cabeça de Rebeca - a odiadora número um do esporte - eram ze...