52° Passe

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Zac e eu tivemos que nos afastar um pouco para resolver nossas questões pessoais. Ele precisou ir a Barcelona, e eu ao interior para buscar as minhas coisas. Aproveitei para passar os últimos dois dias de férias com a minha mãe.

Nós dois morremos de saudade.

O reencontro foi todo apegado, com fungadas nos cabelos e no pescoço um do outro. Zac me cobriu de beijos, me pegou no colo — ele adora fazer isso — e me levou para a cama.

Estávamos tão dedicados a matar a saudade de dois dias separados que nenhuma tentativa de conversa conseguia chegar ao fim, sempre interrompida por beijos sorrateiros e provocações que acabavam em sexo.

Mas além da saudade, havia assuntos pendentes. Estamos noivos e precisamos ter algumas conversas sérias. Então decidimos que o sofá seria uma "zona neutra" para discutir tudo. Proibido beijar.

Por isso agora estamos aqui sentados. Zac com as pernas estendidas pelo estofado e eu sentada junto dele com a cabeça encostada em seu peito. É que não somos capazes de desgrudar completamente.

— Sobre o que vamos conversar primeiro? — pergunto, acompanhando o ritmo de seu coração com o ouvido enquanto alinho os pelos do braço dele.

Ele demora um segundo antes de responder, sua mão brincando distraidamente com meu cabelo.

— Que tal sobre aquele meio termo?

Meus ombros tensionam. Este é o assunto mais difícil. Mas é melhor encarar de vez. Afasto-me um pouco para olhar para ele.

— Sim, vamos falar sobre isso primeiro — concordo com determinação, embora por dentro esteja preocupada.

— O que você entende sobre empréstimo de jogadores? — pergunta ele.

— Absolutamente nada.

Zac segura minha cintura e me ergue, colocando-me em seu colo.

— Vou te explicar — ele diz deslizando os dedos pelas minhas costas suavemente, com a expressão de quem se prepara para me explicar um plano brilhante. — O empréstimo é quando um jogador pertence a um clube, mas por um período joga por outro. O clube dono ainda detém seus direitos, mas permite que o jogador atue em outro lugar para manter o ritmo competitivo.

Inclino a cabeça para o lado.

— Quem vai emprestar Zac Dilan para quem?

— O Barcelona me emprestou ao Cruzeiro, com uma cláusula especial. Vou jogar aqui no Brasil e manter o ritmo, mas sempre que o Barcelona precisar de mim para jogos importantes, como a Champions, eu viajo para a Espanha.

Aperto os olhos tentando entender.

— Então você joga pelos dois times? — pergunto, ainda confusa.

— Não exatamente. Sou jogador regular do Barcelona e participo dos jogos decisivos. No Cruzeiro, vou jogar menos frequentemente, é mais como uma forma de continuar treinando e mantendo o ritmo por aqui, para poder competir lá.

Reflito por um momento visualizando a dinâmica.

— Isso parece meio complicado, Zac. Funciona?

— É uma coisa comum, Becky. Clubes grandes como o Barcelona fazem isso com jogadores que não querem morar na Europa, mas que eles consideram valiosos de se ter no elenco. E o Cruzeiro saiu ganhando também. É uma maneira de conciliar o que eu quero fazer com o lugar onde eu quero estar — ele traça o contorno da minha cintura com o polegar, por cima da blusa, enquanto fala.

— Eles aceitaram numa boa?

Zac me olha nos olhos por um momento, pensando na resposta.

— Eu não sei uma forma menos convencida de dizer isso...

Jogada de CraqueOnde histórias criam vida. Descubra agora