14° Passe

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Pisco os olhos devagar, tentando entender como vim parar em um quarto tão luxuoso.

As paredes em um tom bege suave. Os móveis de madeira clara. O lustre no teto, com cristais delicadamente pendurados.

Me sinto um grão de arroz no meio dessa cama enorme. O colchão é tão macio que parece que estou flutuando.

Um raio de sol tímido entra pela brecha entre as cortinas de linho e um pensamento sorrateiro de "queria morar nesse sonho" é interrompido ao me dar conta de que estou na casa de Zac.

Me ergo na cama coçando o olho, ainda meio sonolenta. Preciso ir em busca do meu celular, que me lembro ter deixado na bancada da cozinha.

É com relutância que coloco os pés para fora. Apesar de me sentir descansada, queria poder ficar nessa cama macia o dia inteiro.

Ajeito meus cabelos no espelho do banheiro antes de sair e tento não fazer barulho ao caminhar cautelosamente pela sala. Não sei se Zac ainda está em casa. Ele disse que tinha treino cedo e não faço ideia de que horas são agora.

Encontro o celular, mas quero que ele continue desligado. Não estou pronta para lidar com ele ainda. Busco informação sobre as horas olhando em volta.

O display do micro-ondas me diz que são onze da manhã. Já o bilhete na porta da geladeira, em uma caligrafia tipicamente masculina, me diz:

"Rebeca, me abra e pegue tudo o que quiser em mim"

Deixo escapar um sorriso e dobro o bilhete, enfiando no bolso.

Fazer o que? Obedeço a ordem da geladeira.

Ao abrir as portas duplas vejo muita coisa interessante, mas o que me atrai é a torta branca com raspas de limão. É isso que pego.

Em seguida encontro outro bilhete na máquina de café:

"Rebeca, escolha uma cápsula do seu sabor favorito e me use"

Dobro o bilhete e coloco no outro bolso, sorrindo de boba. Escolho uma cápsula de cappuccino.

Como Zac parece não estar em casa, tomo a liberdade de ir me sentar na mesa da sala, onde poderei ficar apreciando a vista panorâmica da cidade enquanto tomo meu café.

Não consigo evitar imaginar como seria viver em um lugar assim. Acho que não daria certo para mim, eu nunca sairia de casa.

Após alguns minutos de devaneio, quando estou terminando meu cappuccino, a porta se abre e vejo Zac.

Ele entra com os olhos fixos na tela do celular enquanto digita, totalmente distraído.

Está usando AirPods nos ouvidos. Os cabelos estão colados à testa suada. E essa roupa de academia lhe cai maravilhosamente bem.

O peitoral definido, os músculos dos braços saltando pela manga da camisa. A panturrilha delineada.

Aposto que o abdômen dele é todo desenhado.

Aposto que há foto dele sem camisa na internet.

Ah, meu Deus. Não posso ficar pensando nos supostos gominhos da barriga de Zac!

— Bom dia.

— AH!

Coloco a mão na boca para abafar o grito, meu rosto ardendo de vergonha. Fui flagrada babado pelo corpo de Zac.

Jogada de CraqueOnde histórias criam vida. Descubra agora